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Q1860660 Português
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DO TEMPO

    Faz alguns anos tive, num sonho, um vislumbre de uma escultura interminável de corpos humanos entrelaçados emergindo muito abaixo de mim e perdendo-se no infinito acima de minha cabeça.
    Talvez seja um dos significados da existência nossa: encadeamento e continuação. Como um novelo desenrolando-se incessantemente, todos nascendo uns dos outros, uns por cima dos outros, cada um estendendo as mãos para o alto um milímetro mais e mais e mais: somos novelo e fio ao mesmo tempo.
    Meu gesto repete o de uma de minhas antepassadas; meu riso será o de algum descendente meu, que jamais conhecerei, o fio primeiro de minhas ideias nasce de outro pensamento milênios atrás, e continuará se desenrolando depois que eu tiver deixado de existir há séculos. Em meus filhos e netos, vejo com surpresa a repetição de um jeito de falar, de pensar, de virar o rosto, a figura toda, a mão, de quem me antecedeu. É a noção de um tempo que não flui como o imaginamos, esse tempo medido e calculado.
    Ele é pulsação, surpresa.
     Às vezes suspiramos pelo conforto que, vista de longe, parecia ser a vida quando tudo era mais limitado e certo: menos opções, menos possibilidade de erro. Temos de aprender a conviver com essas novas engrenagens de tanta surpresa e perplexidade, mas tanta maravilha. Temos de estar mais alertas do que décadas atrás, quando a vida era – ou hoje nos parece – tão mais simples: precisamos estar mais preparados, para que ela não nos dilacere.
    Temos de ser múltiplos, e incansáveis.
    Que cansaço.
    Pois a vida não anda pra trás: o preço da liberdade são as escolhas com seu cortejo de esperança, entusiasmo, hesitação e angústia – para que se criem novos contextos e se realizem novas adaptações, que podem não ser estáveis.
     As inovações, a corrida do tempo e as possibilidades aparentemente infinitas já nos puxam pela manga e nos convidam para outra ciranda de mil receitas: vamos ser inventivos, vamos ser produtivos e competentes, felizes a qualquer preço na companhia de todos os deuses e demônios nessa sarabanda.
    Fora dela, nos dizem, restam o tédio, a paralisia ou o desespero. Será mesmo assim?
    Ou ainda existem, e podemos descobrir, lugares ou momentos de tranquilidade onde se realiza a verdadeira criatividade, onde podemos expandir a mente, onde podemos amar as pessoas, onde podemos contemplar a natureza, a arte, e os rostos amados, e construir alguma paz interior? Creio que sim.
    Para que as emoções e inquietações positivas da alma não entrem em coma antes que termine de definhar o corpo.

(Lya Luft - as coisas humanas – 1ª edição – Editora Record – Rio de Janeiro. São Paulo – 2019)
Observe as separações de sílabas a seguir: I. in-ces-san-te-men-te II. in-qui- e-ta-ções III. pa-ra-li-sia A separação das sílabas está correta em
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Gabarito letra D

 in-ces-san-te-men-te

in-qui- e-ta-ções

 pa-ra-li-si-a

A questão é de divisão silábica e quer que identifiquemos as palavras abaixo em que separação das sílabas está correta. Vejamos:

 

I. in-ces-san-te-men-te 

Certo. Soletramos "in-ces-san-te-men-te". Lembrando que devemos separar o dígrafo "ss".

 

II. in-qui- e-ta-ções 

Certo. Soletramos "in-qui-e-ta-ções".

 

III. pa-ra-li-sia

Errado. Soletramos "pa-ra-li-si-a"

 

Para complementar:

 . 

Divisão silábica

 . 

A divisão silábica faz-se pela silabação (soletração), isto é, pronunciando as palavras por sílabas. Na escrita, separam-se as sílabas por meio do hífen: te-sou-ro, di-nhei-ro, con-te-ú-do, ad-mi-tir, guai-ta-cá, sub-le-var.

Regra geral:

  • Na escrita, não se separam letras representativas da mesma sílaba.

Regras práticas:

Não se separam letras que representam:

  • a)   ditongos: cau-le, trei-no, ân-sia, ré-guas, so-cie-da-de, gai-o-la, ba-lei-a, des-mai-a-do, im-bui-a, etc.
  • b)   tritongos: Pa-ra-guai, quais-quer, sa-guão, sa-guões, a-ve-ri-guou, de-lin-quiu, ra-diou-vin-te, U-ru-guai-a-na, etc.
  • c)    os dígrafos ch, lh, nh, gu e qu: fa-cha-da, co-lhei-ta, fro-nha, pe-guei, quei-jo, etc.
  • d)   encontros consonantais inseparáveis: re-cla-mar, re-ple-to, pa-trão, gno-mo, mne-mô-ni-co, a-mné-sia, pneu-mo-ni-a, pseu-dô-ni-mo, psi-có-lo-go, bí-ceps, etc.

Separam-se as letras que representam os hiatos: sa-ú-de, Sa-a-ra, sa-í-da, ca-o-lho, fe-é-ri-co, pre-en-cher, te-a-tro, co-e-lho, zo-o-ló-gi-co, du-e-lo, ví-a-mos, etc.

Contrariamente à regra geral, separam-se, por tradição, na escrita, as letras dos dígrafos rr, ss, sc, sç e xc: guer-ra, sos-se-go, pis-ci-na, des-çam, cres-ço, ex-ce-ção, etc.

Separam-se, obviamente, os encontros consonantais separáveis, obedecendo-se ao princípio da silabação: ab-do-me, ad-je-ti-vo, de-cep-ção, Is-ra-el, sub-ma-ri-no, ad-mi-rar, ap-ti-dão, felds-pa-to, sub-lin-gual, af-ta, e-clip-se, trans-tor-no...

Na divisão silábica, não se levam em conta os elementos mórficos das palavras (prefixos, radicais, sufixos): de-sa-ten-to, di-sen-te-ri-a, tran-sa-tlân-ti-co, su-ben-ten-di-do, su-bes-ti-mar, in-te-rur-ba-no, su-bur-ba-no, bi-sa-vó, hi-dre-lé-tri-ca, etc.

 . 

Referência: CEGALLA, Domingos Pascoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, 48.ª edição, São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008, página 36.

 

Gabarito: Letra D

Pa - ra - li -si- a OCORRE COM AS PAROXÍTONAS TERMINADAS EM DITONGO CRESCENTE

Pa- ra - li- si -a

Na separação silábica os ditongos não se separam, o que ocorre é que no final da palavra existe um Hiato, por isso ocasionou a separação da letra I e do A.

Como irei saber se a palavra tem um ditongo ou hiato Pa-ra-li-si-a Sei que hiato são duas vogais em sílabas separadas, mas quando eu não tiver o dúvida sobre a separação? Ex.: Paralisia ( a palavra escrita normalmente) eu achei que no final fosse um ditongo, por isso não iria se separar…

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