Releia o seguinte trecho: "O Sol, que nunca para, de suo a...

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Q603853 Português

A questão refere-se ao trecho do poema a seguir. 

Canção

(Camões)

Já a roxa manhã clara

do Oriente as portas vem abrindo,

dos montes descobrindo

a negra escuridão da luz avara.

O Sol, que nunca para,

de sua alegre vista saudoso,

trás ela, pressuroso,

nos cavalos cansados do trabalho, que respiram nas ervas

fresco orvalho,

se estende, claro, alegre e luminoso.

Os pássaros, voando

de raminho em raminho modulando,

com uma suave e doce melodia

o claro dia estão manifestando.


A manhã bela e amena,

seu rosto descobrindo, a espessura

se cobre de verdura,

branda, suave, angélica, serena.

Ó deleitosa pena,

ó efeito de Amor tão preeminente

que permite e consente

que onde quer que me ache, e onde esteja,

o seráfico gesto sempre veja,

por quem de viver triste sou contente!

Mas tu, Aurora pura,

de tanto bem dá graças à ventura,

pois as foi pôr em ti tão diferentes,

que representes tanta formosura.


A luz suave e leda

a meus olhos me mostra por quem mouro,

e os cabelos de ouro

não igual' aos que vi, mas arremeda:

esta é a luz que arreda

a negra escuridão do sentimento

ao doce pensamento;

o orvalho das flores delicadas

são nos meus olhos lágrimas cansadas,

que eu choro co prazer de meu tormento;

os pássaros que cantam

os meus espíritos são, que a voz levantam,

manifestando o gesto peregrino

com tão divino som que o mundo espantam.


Assim como acontece

a quem a cara vida está perdendo,

que, enquanto vai morrendo,

alguma visão santa lhe aparece;

a mim, em quem falece

a vida, que sois vós, minha Senhora, a

esta alma que em vós mora

(enquanto da prisão se está apartando)

vos estais juntamente apresentando

em forma da formosa e roxa Aurora.

Ó ditosa partida!

Ó glória soberana, alta e subida!

Se mo não impedir o meu desejo;

porque o que vejo, enfim, me torna a vida.

( . . . )

                                          (Disponível em www.dominiopublico.gov.br)

Releia o seguinte trecho:

"O Sol, que nunca para,

de suo alegre visto saudoso,

trás elo, pressuroso,

nos cavalos cansados do trabalho, que respiram nos ervas

fresco orvalho,

se estende, cloro, alegre e luminoso."

A oração em destaque pode ser classificada como: 

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