Na introdução, o autor do texto problematiza o tema como fo...
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Ano: 2025
Banca:
FURB
Órgão:
Prefeitura de Pomerode - SC
Prova:
FURB - 2025 - Prefeitura de Pomerode - SC - Controlador Interno |
Q3186274
Não definido
Texto associado
Trabalho em 2025: O Futuro que já chegou − os
desafios cruciais da classe trabalhadora na era
digital
O papel da tecnologia é crucial na reprodução das
desigualdades sociais
Erik Chiconelli Gomes - 9 de dezembro de 2024
O cenário que se desenha para 2025 apresenta desafios
substanciais para a classe trabalhadora, exigindo uma
análise que transcenda a mera descrição das
transformações tecnológicas e produtivas em curso. A
complexidade das relações trabalhistas contemporâneas
demanda uma reflexão que articule diferentes
dimensões: jurídica, sociológica, econômica e política. O
momento atual caracteriza-se por uma profunda
reestruturação do mundo do trabalho, com a emergência
de novas formas de organização produtiva que, sob o
véu da modernização e da flexibilidade, frequentemente
mascaram processos de precarização e intensificação da
exploração laboral. Como adverte Jorge Luiz Souto
Maior, "o maior desafio do direito do trabalho na
atualidade é exatamente o de não permitir que a
facilidade com que o capital ultrapassa fronteiras
prejudique a eficácia da própria ordem jurídica
trabalhista" [...].
A uberização das relações de trabalho emerge como um
dos fenômenos mais significativos e desafiadores deste
período. Muito além de uma simples modernização
mediada por tecnologia, representa uma profunda
reestruturação do modo como o trabalho é organizado,
controlado e remunerado na sociedade contemporânea.
Os dados do IPEA (2023) indicam que aproximadamente
25% da força de trabalho brasileira já está inserida em
alguma modalidade de trabalho por plataforma, número
que tende a crescer significativamente até 2025. Esta
realidade demanda não apenas marcos regulatórios
adequados, mas de uma completa reformulação do
modo como compreendemos e protegemos o trabalho
humano em uma era de crescente intermediação
algorítmica das relações laborais.
A proliferação de contratos atípicos e a fragmentação
dos vínculos empregatícios representam uma tendência
crescente, criando um cenário de instabilidade e
insegurança para os trabalhadores. Essa realidade se
manifesta em múltiplas dimensões: na descontinuidade
dos rendimentos, na imprevisibilidade da jornada, na
ausência de proteção social e na dificuldade de
organização coletiva. A questão transcende o debate
jurídico sobre a natureza dos vínculos e alcança o
próprio núcleo da proteção social do trabalho no
capitalismo contemporâneo. Como destaca Gabriela
Neves Delgado, "a fragmentação dos vínculos
empregatícios não pode significar a precarização dos
direitos fundamentais do trabalho" [...], uma preocupação
que se torna ainda mais aguda quando observamos os indicadores socioeconômicos atuais.
O quadro socioeconômico projetado para 2025 é
particularmente preocupante quando analisamos os
dados estruturais do mercado de trabalho brasileiro. A
persistência de altas taxas de informalidade, que,
segundo a PNAD Contínua do IBGE (2023), atinge
38,8% da população ocupada, revela não apenas um
déficit de trabalho decente, mas uma característica
estrutural do capitalismo periférico, que tende a se
agravar com as transformações em curso. Essa
realidade se conecta diretamente com a crescente
desigualdade social e a concentração de renda, criando
um ciclo vicioso de precarização que afeta
principalmente os segmentos mais vulneráveis da classe
trabalhadora. [...]
A questão da saúde mental no trabalho emerge como
um dos principais desafios contemporâneos, agravada
pelas transformações nas formas de organização. O
aumento de 25% nos problemas de saúde mental
relacionados ao emprego nos últimos dois anos,
segundo a OMS (2023), revela uma dimensão
frequentemente negligenciada da precarização laboral. O
adoecimento mental aparece como sintoma de um modo
de produção que intensifica a exploração através de
mecanismos cada vez mais sofisticados de controle e
gestão do trabalho.
O movimento sindical enfrenta o desafio de se reinventar
diante de uma classe trabalhadora cada vez mais
fragmentada e dispersa. A pulverização dos locais de
trabalho, a individualização das relações laborais e o
enfraquecimento dos vínculos de solidariedade de classe
exigem novas estratégias de organização e luta. Como
argumenta Sayonara Grillo, "a representação coletiva
dos trabalhadores deve se reinventar para enfrentar a
dispersão e fragmentação da classe trabalhadora" [...],
um desafio que se torna ainda mais complexo no
contexto das plataformas digitais.[...]
As plataformas digitais de trabalho representam um
campo de batalha fundamental para os direitos
trabalhistas nos próximos anos. O aumento de 45% nas
denúncias envolvendo condições precárias de trabalho
em plataformas, registrado pelo Ministério Público do
Trabalho (2023), evidencia a urgência de uma regulação
específica que garanta proteção social efetiva para
esses trabalhadores. A questão central não é apenas o
reconhecimento do vínculo empregatício, mas a
construção de um novo marco regulatório que dê conta
das especificidades dessa forma de organização do
trabalho.
A internacionalização do trabalho por meio das
plataformas digitais representa uma nova fase do
capitalismo global, onde as fronteiras nacionais se
tornam cada vez mais porosas para o capital, enquanto
os trabalhadores permanecem limitados por regulações
territoriais fragmentadas. Este processo histórico não é
novo − desde a Revolução Industrial, observamos
movimentos de internacionalização do capital que
desafiam as regulações trabalhistas nacionais. Contudo,
a especificidade do momento atual reside na velocidade e na profundidade com que essas transformações
ocorrem, bem como na sofisticação dos mecanismos de
controle e exploração do trabalho. A construção de uma
regulação internacional do trabalho, que já foi um sonho
dos primeiros internacionalistas operários, torna-se agora
uma necessidade concreta para enfrentar um capital que
não conhece fronteiras. [...]
(Disponível em:
https://diplomatique.org.br/trabalho-em-2025-o-futuro-que-ja-chegou-os
-desafios-cruciais-da-classe-trabalhadora-na-era-digital/. Acesso em 09
jan. 2025. Adaptado.)
Na introdução, o autor do texto problematiza o tema
como forma de situar o leitor a respeito do enfoque e de
como o tema será discutido. Analise as assertivas que
seguem:
I.Em "desafios substanciais", a palavra substancial é um adjetivo que remete à substância, qualificando a palavra "desafios" como algo essencial, considerável e que requer atenção especial.
II.Um dos problemas apresentados pelo autor do texto localiza-se na complexidade das relações trabalhistas, estruturadas em diferentes dimensões e não apenas, por exemplo, na dicotômica relação trabalhador/empregador.
III.O mundo do trabalho sofre mudanças significativas em sua estrutura na atualidade, influenciadas, por exemplo, pelos avanços tecnológicos, os quais promovem modernização e flexibilidade nas relações e nos modos de trabalhar, proporcionando inúmeros benefícios para trabalhadores e empregadores.
É correto o que se afirma em:
I.Em "desafios substanciais", a palavra substancial é um adjetivo que remete à substância, qualificando a palavra "desafios" como algo essencial, considerável e que requer atenção especial.
II.Um dos problemas apresentados pelo autor do texto localiza-se na complexidade das relações trabalhistas, estruturadas em diferentes dimensões e não apenas, por exemplo, na dicotômica relação trabalhador/empregador.
III.O mundo do trabalho sofre mudanças significativas em sua estrutura na atualidade, influenciadas, por exemplo, pelos avanços tecnológicos, os quais promovem modernização e flexibilidade nas relações e nos modos de trabalhar, proporcionando inúmeros benefícios para trabalhadores e empregadores.
É correto o que se afirma em: