[Questão Inédita] Na frase “A primeira é a forte sensação (a...
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Ano: 2024
Banca:
Qconcursos
Órgão:
Qconcursos
Prova:
Qconcursos - 2024 - Qconcursos - Simulado Ilimitada - 4° Simulado |
Q2545546
Português
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Bauman: Para que a utopia renasça é preciso confiar no potencial humano
Dennis de Oliveira
Zygmunt Bauman é um dos pensadores contemporâneos que mais têm produzido
obras que refletem os tempos contemporâneos. Nascido na Polônia em 1925, o sociólogo
tem um histórico de vida que passa pela ocupação nazista durante a Segunda Guerra
Mundial, pela ativa militância em prol da construção do socialismo no seu país sob a direta
influência da extinta União Soviética e pela crise e desmoronamento do regime socialista.
Atualmente, vive na Inglaterra, em tempo de grande mobilidade de populações na Europa.
Professor emérito de sociologia da Universidade de Leeds, Bauman propõe o conceito de
“modernidade líquida” para definir o presente, em vez do já batido termo “pós-modernidade”, que, segundo ele, virou mais um qualificativo ideológico.
Bauman define modernidade líquida como um momento em que a sociabilidade
humana experimenta uma transformação que pode ser sintetizada nos seguintes processos:
a metamorfose do cidadão, sujeito de direitos, em indivíduo em busca de afirmação no
espaço social; a passagem de estruturas de solidariedade coletiva para as de disputa e
competição; o enfraquecimento dos sistemas de proteção estatal às intempéries da vida,
gerando um permanente ambiente de incerteza; a colocação da responsabilidade por
eventuais fracassos no plano individual; o fim da perspectiva do planejamento a longo
prazo; e o divórcio e a iminente apartação total entre poder e política. A seguir, a íntegra da
entrevista concedida pelo sociólogo à revista CULT.
CULT – Na obra Tempos líquidos, o senhor afirma que o poder está fora da esfera da
política e há uma decadência da atividade do planejamento a longo prazo. Entendo
isso como produto da crise das grandes narrativas, particularmente após a queda
dos regimes do Leste Europeu. Diante disso, é possível pensar ainda em um resgate
da utopia?
Zygmunt Bauman – Para que a utopia nasça, é preciso duas condições. A primeira é a
forte sensação (ainda que difusa e inarticulada) de que o mundo não está funcionando
adequadamente e deve ter seus fundamentos revistos para que se reajuste. A segunda
condição é a existência de uma confiança no potencial humano à altura da tarefa de
reformar o mundo, a crença de que “nós, seres humanos, podemos fazê-lo”, crença esta
articulada com a racionalidade capaz de perceber o que está errado com o mundo, saber o
que precisa ser modificado, quais são os pontos problemáticos, e ter força e coragem para
extirpá-los. Em suma, potencializar a força do mundo para o atendimento das necessidades
humanas existentes ou que possam vir a existir.
Adaptado de: https://revistacult.uol.com.br/home/entrevistazygmunt-bauman/>.
[Questão Inédita] Na frase “A primeira é a forte sensação (ainda que difusa e
inarticulada) de que o mundo não está funcionando adequadamente e deve ter seus
fundamentos revistos para que se reajuste.”, a construção em destaque ilustra: