De acordo com as ideias do texto e com a regência nominal es...

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Q1846266 Português

Leia a crônica de Marcos Rey para responder à questão.


Salas de espera

   Mesmo com decoração agradável, ar-refrigerado, sorrisos de uma atendente sexy, ficar plantado numa sala de espera é mais chato do que campeonato de boliche. Seus personagens não são muito variados: crianças que não param de se mexer; enxeridos loucos pela intimidade das pessoas; leitores compulsivos de revistas...
   Mas houve uma sala de espera terrível na minha vida. Precisava de emprego. Desesperadamente. Não fora o primeiro a chegar, sempre há os que chegam antes. Fiquei horas com os olhos fixos na porta da esperança. O mais madrugador entrou como se fosse dono do emprego, saiu de cabeça baixa, perdidão. O segundo, que levava à mão um currículo enorme, deixou a entrevista picando-o com ódio em mil pedacinhos.
   Minha vez. Entrei trêmulo, pálido, derrotado. O empresário abriu os braços, sorrindo. Conhecia-me. Conhecia-o. Rodolfo! Não o sabia também dono daquilo! Meu dia de sorte! 
   – É você? Aqui está seu maior fã! Li dois livros seus. Minha mulher disse que sairá outro. Serei o primeiro a comprar.
   Abraçados, senti que o mundo afinal acolhia este aquariano.
   – Estava na sala de espera desde as 2, Rodolfo.
   – Por que não mandou me avisar? Eu o receberia imediatamente. Não calcula como o admiro.
   – Agora estou precisando de um emprego, amigo. A vida está dura.
   – Dura? Está duríssima! Insuportável – confirmou, com uma pequena ressalva – mas não para os artistas. Vocês não sofrem nossos problemas. Devem rir da gente, reles homens de negócio. Como gostaria de ter talento para escrever! Viveria com pouco dinheiro, porém feliz. Eu aqui sou um mártir dos números.
   – O que poderia me arranjar, Rodolfo? Estou encalacrado. Qualquer coisa serve – revelei humilde.
   Ele lançou-me um olhar mais sábio do que compadecido:
   – Eu não o desviaria de sua vocação com um empreguinho. Conserve-se fora da maldita engrenagem.
   E confessou:
   – Hoje ganhei o dia, vendo-o. Vou acompanhá-lo ao elevador.
   – Mas Rodolfo...
   – Faço questão.
(Coleção melhores crônicas – Marcos Rey.
Seleção Anna Maria Martins. Global, 2010. Adaptado)
De acordo com as ideias do texto e com a regência nominal estabelecida pela norma-padrão, o trecho “enxeridos loucos pela intimidade das pessoas” (1° parágrafo) pode ser substituído por:
Alternativas

Gabarito comentado

Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores

Nesta questão o candidato deve demonstrar que conhece as regras da regência nominal. Em linhas gerais, a regência nominal é a forma como unome (substantivo, adjetivo e advérbio) se relaciona como seus complementos. Essa relação, geralmente, é dada por uma preposição. Por isso, é fundamental que o concurseiro possua esse conhecimento acerca das preposições. Vejamos alguns exemplos:

 

·         Amor. Esse substantivo é regido por várias preposições, entre elas “a", “com" “de" e “por", como podemos ver nos exemplos abaixo:

 

>> Tenho amor a meus livros.

 

>> Seu amor para com a Pátria é comovente.

 

>> É preciso manter o amor da família (contração de preposição “de" + artigo definido “a").

 

>> Meu amor pelos animais é muito grande (contração de preposição “por" + artigo definido “os").

 

Esse é apenas um dos casos. Existem muitas possibilidades dadas pela regência nominal, logo, o candidato precisa estudar com afinco essas regras.

 

O enunciado nos pede para apontarmos qual alternativa está correta em termos de regência nominal, trazendo, portanto, a possibilidade adequada de substituição do trecho “enxeridos loucos pela intimidade das pessoas". Vejamos caso a caso

 

A) enxeridos desejosos com conhecer a intimidade das pessoas. 

 

Incorreta. O adjetivo “desejosos" não é regido pela preposição “com", mas sim pela, preposição “de" (Alguém é desejoso de alguma coisa).

 

B) enxeridos curiosos com conhecer a intimidade das pessoas.

 

Incorreta. O adjetivo “curiosos" não é regido pela preposição “com", mas sim, pela preposição “para" (Estamos curiosos para saber quando você vem).

 

C) enxeridos avessos por conhecer a intimidade das pessoas.

 

Incorreta. “Avessos" é um adjetivo regido pela preposição “a" e não pela preposição “por" (Rogério e Adolfo se mostraram avessos a qualquer mudança de horário).

 

D) enxeridos receosos por conhecer a intimidade das pessoas.

 

Incorreta. “Receosos" é um adjetivo regido pela preposição “de" e não pela preposição “por" (Estamos receosos do resultado de nossas provas). Aqui houve a contração da preposição “de" + artigo definido “a".

 

E) enxeridos ávidos por conhecer a intimidade das pessoas.

 

Correta. Entre outras possibilidades de regência nominal do adjetivo “ávidos" está a preposição “por" (Estamos ávidos por saber o final da série). Porém, o adjetivo também pode ser regido pela preposição “de" (Sou ávido de esperança), embora o uso não seja tão comum.

 

Gabarito do professor: Letra E.

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Comentários

Veja os comentários dos nossos alunos

Assertiva E

enxeridos ávidos por conhecer a intimidade das pessoas.

-.> Avesso " a"

CUIDADO!

Existem comentários incorretos.

Não menospreze essa questão: ela é dificílima. Quem a acertou o fez presumindo estar certo, no entanto estava errado. Todo o detalhamento a seguir será eduzido do livro Dicionário Prático de Regência Nominal, de Celso Pedro Luft. Importa a menção para os que ignoram, conscientemente ou não: o professor Luft é a melhor referência em regência no Brasil. Praticamente todo e qualquer bom professor de língua portuguesa no país deve (ou deveria) estar em consonância com essa sumidade no assunto.

Avaliemos item a item:

a) enxeridos desejosos com conhecer a intimidade das pessoas. 

Incorreto. O adjetivo "desejoso" só rege a preposição "de". Correção: "...desejosos de";

b) enxeridos curiosos com conhecer a intimidade das pessoas.

Incorreto. Desprezem os comentários dessa questão, que estão errados. O adjetivo "curioso" rege pelo menos quatro preposições: "a", "por", "de" e "para". As três últimas corrigem o solecismo de regência presente na alternativa:

I - Curiosos por conhecer;

II - Curiosos de conhecer;

III - Curiosos para conhecer;

c) enxeridos avessos por conhecer a intimidade das pessoas.

Incorreto. Repiso o alerta anterior: desprezem os comentários presentes. O adjetivo "avesso" rege duas preposições: "a" e "em". Corrige-se a frase nestes termos:

I - Avesso a conhecer;

II - Avesso em conhecer.

d) enxeridos receosos por conhecer a intimidade das pessoas.

Incorreto. O adjetivo "receoso" rege três preposições: "de", "em" e "por". Qual é o erro, então, afinal? Respondo-lhes: o uso da preposição "por" antes do infinitivo. O professor Luft ensina que esse adjetivo só admite duas preposições antes dessa forma nominal: "de" e "em". Para corrigir a frase acima, é necessário conferir uma dessas duas redações:

I - Receosos em conhecer;

II - Receosos de conhecer.

A fim de fundamentar meu comentário, cito ainda passagem de autor insuspeito em nossa literatura que legitima o uso da preposição "por" apenas quando o complemento não for verbo no infinitivo:

"Tão receoso estava o padre pelo destino dos seus frutos de cacau." (Jorge Amado)

e) enxeridos ávidos por conhecer a intimidade das pessoas.

Correto. O adjetivo "ávido" rege duas preposições: "por" e "de". Também se poderia grafar: "ávidos de conhecer".

Letra E

Avesso  A / EM

Receoso  DE / POR

Ávido  POR / DE

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Algumas outras regências:

afável com, para com;

afeição a, por;

afeiçoado a, por;

aflito com, para, por;

agradável a, de, para;

alheio a, de;

aliado a, com;

alienado de;

alternativa a, para;

alusão a;

amante de;

ambicioso de;

Lembrando que, como é de acordo com as ideias do texto, podemos de cara eliminar as alternativas C e D, pois trazem uma ideia contrária.

 “enxeridos loucos pela intimidade das pessoas” ou seja, querem muito saber a intimidade das pessoas..

(C) Avesso = Contrário a; oposto

(D) Receoso = incerteza ; medo

já as regências estão muito bem exemplificadas pelos colegas.

GAB: E

Deve ser a 10°questão hoje em que há comentários dos professores corrigindo certos alunos, sempre os mesmos alecrins dourados.

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