Considerando o fragmento adaptado “Minha carência da infânci...
Depois dos 80 anos dos pais
Por Fabrício Carpinejar
- Depois que os pais completam oitenta anos, não se deve mais brigar com eles. Não se
- deve mais querer mudá-los ou ter razão. Eles são daquele jeito, entenda e respeite.
- Tomei essa decisão definitiva. Não discuto mais com os meus pais. Não importa o que
- aconteça, não importa se concordo ou discordo deles, não importa se passam pano para um
- irmão que errou feio, não importa se me posiciono contra a sua orientação política ou sua opinião
- estapafúrdia, não importa se preciso tolerar disparates do quanto o passado era melhor.
- Eu me calo na mais funda paciência. Não me pre_ipito, não permito que a ansiedade vire
- falta de tato, não aceito que a pressa desemboque na grosseria, não facilito ressentimentos.
- Eu transformei o meu silêncio em cuidado. Apenas observo e agradeço a bênção.
- Minha mãe tem 84 anos. Meu pai tem 85 anos. Nenhum desentendimento será maior do
- que o meu amor por eles. O amor prevalece e reina pela paz.
- Tudo com que eu poderia me indispor, tudo o que eu poderia apontar, tudo de que eu
- poderia reclamar: já fiz antes. Minha carência da infância acabou, minha revolta da adolescência
- findou, sou adulto para não ser mais levado pela mão nervosa da passionalidade.
- Agora é o momento da cristalização de nossos laços, a colheita daquilo que foi plantado,
- a reverência aos dois pelos exemplos oferecidos ao longo de riquíssima existência.
- Assim como os pais se aposentam do serviço, também merecem a aposentadoria de
- nossas críticas, de nossas restrições, de nossos senões.
- Deixo que errem, deixo que bradem, deixo que transpareçam insatisfações, deixo que
- xinguem as minhas limitações e meus defeitos. Eles têm o direito de ficar de mal comigo, eu não
- tenho mais esse privilégio.
- Eu me farei de louco quando eles se mostrarem estreme_idos, não aprofundarei o mal-
- estar, esquecerei possíveis tensões, seguirei adiante, trocarei de assunto, confiarei a eles a
- minha risada mais honesta de quem acolhe e reparte as imperfeições.
- O que me cabe é me manter próximo, atento e acessível a qualquer necessidade. Ninguém
- escuta pedido de socorro permanecendo longe.
- Darei presentes, pagarei almoços e jantares, surgirei imediatamente sempre que for
- chamado. Não se brinca com o tempo. Não se debocha do destino. Todo dia é uma eternidade
- para quem ultrapassou os oitenta anos.
- O que não desejo, de modo nenhum, é perdê-los durante uma ruptura emocional, estando
- brigado, estando sem falar com eles. A culpa costuma aparecer nas nossas distrações, o remorso
- se aproveita dos nossos pequenos atos egoístas de i_olamento. Uma distância momentânea hoje
- é fatal.
- Você julga que interrompeu a comunicação ocasionalmente e não percebe que se trata de
- um instante decisivo. Jamais vou parar de conversar com eles, jamais cairei na tentação da birra,
- jamais agirei com chantagem, jamais bloquearei o contato como se fosse um ex-relacionamento,
- jamais ignorarei alguma ligação.
- Não é medo da morte, é medo da vida, de não valorizar a vida que resta. Será assim até
- nosso último dia juntos, até sermos cobertos pela saudade.
(Disponível em: gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/carpinejar/noticia/2024/04/depois-dos-80-anos-dos-pais-clv196kic004m01dz745pake2.html – texto adaptado especialmente para esta prova).
Considerando o fragmento adaptado “Minha carência da infância acabou”, analise as perguntas abaixo:
Assinale a alternativa que contém, correta e respectivamente, as respostas para as perguntas acima.
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Comentários
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O sujeito é simples e o predicado é verbal pois o verbo é significativo
Tudo que vem antes do núcleo do sujeito é adjunto adnominal
"Minha carência da infância acabou."
Acabou: verbo intransitivo.
Carência: a palavra mais específica do sujeito, o núcleo do sujeito simples.
Minha: pronome com valor de adjunto adnominal ligado ao núcleo do sujeito (substantivo).
Da infância: complemento nominal, termo preposicionado que completa o sentido de um nome. Nesse caso indicando a origem ou a época da carência.
Se não tem verbo de ligação é VERBAL
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