Leia o excerto que segue: "As artes e artistas são parte fun...
Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Ano: 2024
Banca:
FURB
Órgão:
FURB - SC
Prova:
FURB - 2024 - FURB - SC - Técnico de Laboratório - Manejo de Animais |
Q3108989
Português
Texto associado
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.
O que pode a música brasileira na cena mundial?
É imenso o interesse que a música brasileira desperta
mundo afora. Essa força pulsante, no entanto, enfrenta o
desafio das históricas dinâmicas globais
Por Maria Marighella
Hermeto Pascoal, o bruxo dos sons, fez história mais
uma vez. Aos 88 anos, o alagoano de Olho d'Água se
tornou o primeiro brasileiro a ser homenageado pelo
"WOMEX Artist Award", honraria concedida por uma das
maiores feiras globais de música, no último domingo, 27
de outubro, na Inglaterra. Hermeto aprendeu, em seu
território, as notas da natureza agreste e do nascedouro
das águas. Aquele que faz música até com a própria
barba colocou na gira do mundo a força inventiva
brasileira, gênese da insurgência do povo que somos.
É imenso o interesse que a música brasileira − a voz e a
letra da nossa ofensiva sensível − desperta mundo afora.
Essa força pulsante, no entanto, enfrenta o desafio das
históricas dinâmicas globais: 88% do financiamento para
mobilidade internacional concentra-se na Europa e
América do Norte, segundo estudo da plataforma "On the
Move", em parceria com a "BOP Consulting" (2017).
É ainda mais inquietante que apenas 9% dos destinos de
mobilidade estão no "Sul Global" e que apenas 18% dos
candidatos aptos a participar de programas de
financiamento estão nessa mesma região, o que reflete
também as barreiras para a mobilidade Sul-Sul, que, em
grande medida, depende desses mesmos fundos
internacionais e cooperação multilateral.
Os números, por óbvio, refletem um projeto político de
manutenção de relações hegemônicas que se
perpetuam, sobretudo, no campo do simbólico. Como,
então, reescrever esse trânsito global? O que pode
emergir quando outras geografias para as artes são
desenhadas? Essas são questões que a arte brasileira,
em sua insurgência, nos desafia a encarar.
Com a retomada das relações do Brasil com o mundo, as
artes brasileiras retornam à cena global, como ativos da
democracia e da diplomacia, espaço de diálogo,
identidade e soberania. Programas de cooperação entre
países da Ibero-América e África são indicativos de
parcerias entre agentes e expansão de mercados
Sul-Sul. As artes e artistas são parte fundamental da
relação entre países e sociedades, não meros agentes
que chegam depois. A mobilidade artística é, portanto,
central no processo de construção de um ambiente de
cooperação e respeito, que possibilite a aproximação e
afetação entre geografias culturais.
Assim como o grande Hermeto, artistas e agentes das
artes têm construído uma agenda internacional que
reafirma nossas múltiplas narrativas. Uma ofensiva que
formula sínteses e constrói, no sensível e no simbólico, a
reparação urgente. Esses movimentos nos desafiam a
imaginar como novos trânsitos artísticos podem articular
pactuações comprometidas com o reconhecimento de
culturas e povos subalternizados, com o combate ao
racismo e às desigualdades.
Foi a música brasileira que deu a letra e plantou a
floresta e o debate climático global no centro da atenção
dos agentes presentes na Womex 2024, com o Circuito
Amazônico de Festivais, iniciativa que reúne oito
iniciativas da Amazônia Legal brasileira. Em um
momento em que a crise climática ocupa um lugar
decisivo na agenda política internacional, iniciativas
como este circuito, elo fundamental da rede das artes,
nos convidam a refletir sobre uma ética do existir no
mundo, um debate em que a música e a imaginação têm
assento.
Fortalecer esses movimentos e desenhar outros circuitos
de difusão será fundamental no enfrentamento dos
desequilíbrios que os números apresentam. Para que a
internacionalização da música brasileira seja continuada
e perene, abrindo espaço para novas experiências
musicais, são essenciais a criação de diretrizes que
orientarão esse campo e a articulação entre instituições
que ofereçam mecanismos e deem densidade a esses
movimentos, trazendo retornos ao Brasil, aos fazedores
de cultura e, sobretudo, às cidadãs e cidadãos
brasileiros, que encontram nas artes a expressão de sua
identidade. Reconhecer a importância da mobilidade
artística é o primeiro passo para a construção de
políticas que fortaleçam esse elo fundamental com o
mundo, um sistema de diretrizes e garantias, direitos e
liberdades que impulsione o encontro e permita ao
mundo conhecer aquilo que só tem no Brasil.
(Disponível em:
https://midianinja.org/opiniao/o-que-pode-a-musica-brasileira-na-cenamundial/. Acesso em 02 dez. 2024. Adaptado.)
Leia o excerto que segue:
"As artes e artistas são parte fundamental da relação entre países e sociedades, não meros agentes que chegam depois. A mobilidade artística é, portanto, central no processo de construção de um ambiente de cooperação e respeito, que possibilite a aproximação e afetação entre geografias culturais".
A partir da leitura do excerto e do texto como um todo, assinale a alternativa que apresente a explicação correta do que a autora considera como "geografias culturais":
"As artes e artistas são parte fundamental da relação entre países e sociedades, não meros agentes que chegam depois. A mobilidade artística é, portanto, central no processo de construção de um ambiente de cooperação e respeito, que possibilite a aproximação e afetação entre geografias culturais".
A partir da leitura do excerto e do texto como um todo, assinale a alternativa que apresente a explicação correta do que a autora considera como "geografias culturais":