Os estudiosos do filósofo da linguagem Mikhail Bakhtin tem ...
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Segundo Bakhtin, os gêneros do discurso são praticamente infinitos, nascendo de acordo com as necessidades de comunicação humana. O surgimento de gêneros não se liga diretamente à estabilidade relativa. Esta se refere ao fato de todo gênero combinar elementos estáveis, que lhe permitam ser identificado como o gênero que é, com variações dependentes do contexto de uso, das necessidades específicas de cada interação e da posição relativa do locutor.
A parte estável dá conta dessa identificação, e essa parte define basicamente o gênero. A parcela marcada pelo ‘relativamente’ dá conta desse seu dinamismo. Podemos alterar partes materiais do gênero sem que ele se altere como tal. As mudanças capazes de tornar o gênero outro gênero são aquelas que afetam seu foco, o endereçamento e o projeto enunciativo. Porque o gênero se define pragmaticamente em termos daquilo que realiza e daquele a quem se dirige.
Bakhtin é claro quanto a isso. Tema, forma de composição e estilo são meios técnicos de realização do gênero. Ninguém vai entender o gênero tentando identificar esses três elementos. Não são categorias. Apenas estão lá e não podem ser vistos de forma separada. Podemos mudá-los e manter o gênero. Eis o relativamente da expressão “relativamente estáveis”. Mas se mudarmos o projeto enunciativo, ou seja, aquilo que o gênero realiza, e o interlocutor a quem ele se dirige, na verdade, seu interlocutor típico, o gênero se torna outro. Claro que há mudanças do gênero, mas ele permanece o mesmo. Por vezes, ele apenas se diversifica.
Adaptado de: MORAES et al, F. Entrevista Especial VI:
Adail Sobral. 2019. Disponível em:
http://oconsoante.com.br/2019/04/09/entrevista-especial-vi/.