Considere as seguintes estratégias discursivas: 1. demonstr...
Uma espécie comum na fauna das redes sociais é o comentarista que não se conforma com os gastos em ciência que não se revertem diretamente em descobertas classificadas como “úteis”. Por “úteis”, entenda a cura do câncer, a solução para a miséria na África ou algo do tipo. Esse leitor acha que não tem cabimento apontar antenas para o céu em busca de ETs enquanto os hospitais públicos do Rio não têm antibióticos.
Logo de cara, o argumento não é tão ruim assim. Afinal, utilidade prática é um ótimo critério para investir dinheiro público. Pena que ele quase nunca foi adotado. Prova disso é que, de 1940 em diante, os EUA, sozinhos, gastaram pelo menos 5,48 trilhões de dólares em armamento nuclear. Isso foi só 7% do custo total da birra com a União Soviética. Também foi necessário projetar os mísseis e aviões que levariam essas bombas por aí, é claro. Cada unidade do bombardeiro “invisível” B-2 Spirit (que só foi terminado em 1997, anos após a queda do Muro de Berlim) saiu por 2,1 bilhões de dólares. […]
Hoje, na feliz ausência de um conflito armado de grande escala, um dos jeitos mais fáceis de unir pessoas de diferentes especialidades é buscar alienígenas – ou tentar imaginar como eles seriam, uma área de pesquisa conhecida como astrobiologia.
Fomentar um ambiente produtivo assim não é nem de longe tão caro quanto parece. Uma das pedras fundamentais da astrobiologia foi o telescópio Kepler, o caçador de exoplanetas da Nasa – que já encontrou bem mais de 3 mil mundos fora do Sistema Solar, vários com potencial para abrigar vida como a conhecemos (ou vida como não a conhecemos, que é justamente o foco da astrobiologia). Ele custou 550 milhões de dólares – um quarto do valor de um único B-2 Spirit. Questão de prioridades?
(Adaptado de: https://super.abril.com.br/opiniao/porque-procurar-ets-e-bom-para-a-ciencia-e-a-sociedade/)
Considere as seguintes estratégias discursivas:
1. demonstrar que o princípio da utilidade não costuma orientar a destinação de recursos econômicos.
2. demonstrar que pesquisas para encontrar alienígenas não só atendem o princípio da utilidade como envolvem menos recursos.
3. demonstrar que a utilidade não deve ser um critério para nortear a destinação de recursos para a pesquisa.
É/São estratégia(s) do autor para debater com os internautas identificados na primeira linha do texto:
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Comentários
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Gab.: C
Considerando que é um artigo de opinião, utilidade prática se torna beeem ambíguo...
Logo de cara, o argumento não é tão ruim assim. Afinal, utilidade prática é um ótimo critério para investir dinheiro público. (III errada) Pena que ele quase nunca foi adotado. (I correta);
Hoje, na feliz ausência de um conflito armado de grande escala, um dos jeitos mais fáceis de unir pessoas de diferentes especialidades é buscar alienígenas – ou tentar imaginar como eles seriam, uma área de pesquisa conhecida como astrobiologia. Fomentar um ambiente produtivo assim não é nem de longe tão caro quanto parece. (II correta);
Questão interessante.
O examinador quer a alternativa em que o autor possa debater com os internautas que acham que os gastos com ciência são desperdícios de dinheiro.
1. demonstrar que o princípio da utilidade não costuma orientar a destinação de recursos econômicos.
Correta. De fato, aqui há a possibilidade de abir uma discussão de que se é, ou não, possível que o princípio da utilidade oriente a destinação de recursos.
2. demonstrar que pesquisas para encontrar alienígenas não só atendem o princípio da utilidade como envolvem menos recursos.
Correta. Neste trecho o autor abre campo para discussão sobre se é útil investir em pesquisas para encontrar alienígenas.
3. demonstrar que a utilidade não deve ser um critério para nortear a destinação de recursos para a pesquisa.
Errada. Nota-se que se trata de uma afirmação equivocada, que aliás, ambos (autor e internautas) concordam. Por isso, não abre margem para discussão.
GABARITO ALTERNATIVA C
Primeira linha? Seria primeiro parágrafo.
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