No trecho “Depois pensei um pouco na conjectura de voltar ...
Quando eu crescer, quero ser...
Rodrigo Alves de Carvalho
A criançada brinca no parquinho como se o dia nunca fosse acabar.
E correm... Como correm essas crianças! Tão pequenas com seus pulmõezinhos tão pequenos e nunca se cansam.
Encontra-se com outras crianças, misturam-se, não importa a cor, a raça ou classe social. “É criança?” Então pode juntar-se para brincar e brincar e brincar sem parar.
E a tal bola? Esse objeto redondo que enfeitiça e hipnotiza a criançada. A bola é perseguida, chutada, jogada e amada. Quanto amor uma criança pode ter por uma bola? É claro que nem toda criança gosta de bola, principalmente meninas, mas se tiver uma bola por perto, nem que seja apenas para apanhá-la, apalpá-la, apertá-la contra o peito a criança não resistirá. É um amor incondicional.
E tem criança de todo tipo: as arteiras que comandam as brincadeiras e se impõem, não tem medo de nada e geralmente aprontam estripulias. Já os quietinhos somente acompanham, esperam sua vez para brincar e a qualquer sinal de confusão ficam preocupados e até se entregam por isso. E por último os birrentos. Esses não querem saber, se forem contrariados põe a boca no mundo e choram como ninguém, ou melhor, fazem isso por querer, só para desarmar outras crianças e até mesmo e na maioria das vezes, os adultos. Os birrentos são os que dão mais trabalho.
No parquinho há crianças de todo tipo... E brincam, brincam e brincam sem parar.
A bola cruza o céu e uma tropa de meninos corre em disparada como num arrastão de alegria...
Como é bom ser criança! No meu caso, como foi bom ser criança. E na verdade a gente acaba voltando à infância quando estamos perto da criançada brincando e sorrindo. Isso é bom. Faz-nos recordar a melhor época de nossas vidas.
Eu e meu sobrinho de sete anos todo suado e sujo de areia de tanto brincar estávamos indo embora do parquinho naquela tarde e ele me disse todo alegre:
- Tio... Quando eu crescer, vou querer ser jogador de futebol!
Achei a escolha boa, se bem que um tanto comum para um menino de sete anos. Depois pensei um pouco na conjectura de voltar à minha infância e sair de um parquinho de mãos dadas com meu tio e se fosse para escolher meu próprio futuro iria dizer:
- Tio... Quando eu crescer, vou querer ser criança.
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