Quanto à estrutura e formação, as palavras “ insubordinada ”...

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Q589459 Português

                                Arquimedes, o bom repórter

      Faz parte do meu ofício inventar. Mentir, sem qualquer consideração teológica. Preencher as páginas em branco, esforçando-me por criar heróis mesquinhos e sublimes. Um ofício que se funde com as adversidades do cotidiano e que, pautado por uma estética insubordinada, comporta todas as escalas morais, afugenta os ideários uniformizadores.

      A literatura brota de todos os homens, de todas as épocas. Sua ambígua natureza determina que os escritores integrem uma raça fadada a exceder-se. Seus membros, como uma seita, vivem na franja e no âmago da realidade, que constrange e ilumina ao mesmo tempo. E sem a qual a criação fenece. A arte dos escritores arregimenta a sucata e o sublime, o que se oxida em meio aos horrores, o que se regenera sob o impulso dos suspiros de amor. Apalpa a matéria secreta que sangra e aloja-se nos porões da alma.

      Há muito sei que a escrita não poupa o escritor. E que, ao ser um martírio diário, coloca-o a serviço do real. E enquanto este mero exercício de acumular palavras, de dar-lhes sentido, for um ato de fé no humano, a literatura seguirá sendo protagonista do enigma que envolve vida e morte. Uma arte que geme, emite sinais, desenha signos, e que constitui uma salvaguarda civilizadora perante a barbárie. Em cujas páginas batalha-se pelo provável entendimento entre seres e situações intoleráveis. Como se por meio de certos recursos estéticos fosse possível conciliar antagonismos, praticar a tolerância, ativar sentimentos, testar os limites da linguagem e da ambiguidade da solidão humana. Salvar, enfim, os seres trágicos que somos.

    Não sei ser outra coisa que escritora. Já pelas manhãs, enquanto crio, apalpo emoções benfazejas, sentimentos instáveis, a substância sob o abrigo do sinistro e da esperança. Tudo o que a realidade abusiva refuta. É mister, contudo, combater os expurgos estéticos para narrara história jamais contada.

      A criação literária, porém, que se faz à sombra da comunidade humana, aproximou-me sempre daqueles cujas experiências pessoais eram vizinhas no ato de escrever. Por isso, desde a infância, senti-me irmanada aos jornalistas no uso das palavras e na maneira de captar o mundo. E a tal ponto vinculada aos jornais que nos vinham a casa, já pelas manhãs, que disputava com o pai o privilégio de lê-los antes dele. De aproximar-me destas páginas vivazes que, arrancando-me da sonolência, proclamavam que a vida despertara antes de mim. O drama humano não tinha instante para começar, precedera-me há horas, há milênios.

PINON, Nélida. Aprendiz de Homero. Rio de Janeiro: Editora Record,2008,p.81-82,fragmento.

Quanto à estrutura e formação, as palavras “ insubordinada ” , “jornalistas ” e “abrigo ” são classificadas, respectivamente, como:
Alternativas

Gabarito comentado

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A alternativa correta é a E: derivação prefixal / derivação sufixal / derivação regressiva.

Vamos analisar as palavras e suas classificações morfológicas para entender melhor:

1. Insubordinada:

A palavra "insubordinada" é formada pela adição do prefixo in- ao adjetivo "subordinada". A junção do prefixo in- (que indica negação) com a palavra base "subordinada" resulta em "insubordinada", que denota algo que não é subordinado. Portanto, temos um exemplo de derivação prefixal.

2. Jornalistas:

"Jornalistas" é derivado da palavra "jornal" com a adição do sufixo -ista, que indica uma profissão ou ocupação. A formação da palavra se dá pela junção de um sufixo à palavra base, caracterizando a derivação sufixal.

3. Abrigo:

A palavra "abrigo" é uma palavra primitiva, ou seja, não deriva de outra palavra existente na língua portuguesa. Ela serve como base para a formação de outras palavras, mas por si só não é derivada de outra. Assim, podemos classificá-la como primitiva.

Agora, vamos entender por que as outras alternativas estão incorretas:

A - derivação parassintética / derivação sufixal / primitiva

"Insubordinada" não é formada por derivação parassintética, pois essa forma implica a adição simultânea de prefixo e sufixo a uma palavra primitiva, o que não é o caso aqui.

B - derivação prefixal / derivação parassintética / derivação regressiva

A palavra "jornalistas" não é derivada por parassíntese, e "abrigo" não é um caso de derivação regressiva.

C - composição por aglutinação / derivação sufixal / primitiva

"Insubordinada" não é um exemplo de composição por aglutinação, mas de derivação prefixal.

D - derivação prefixal / composição por aglutinação / derivação regressiva

"Jornalistas" não é formado por composição por aglutinação. É derivado por sufixação.

E - derivação prefixal / derivação sufixal / derivação regressiva

A alternativa correta. "Insubordinada" (derivação prefixal), "jornalistas" (derivação sufixal) e "abrigo" (primitiva) estão corretamente classificadas.

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Comentários

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INSUBORDINADA: In + subordinada ->  Derivação prefixal

JORNALISTA: Jornal + ista -> Derivação Sufixal

ABRIGO: Abrigar ( verbo) : Abrigo ( substantivo) -> Derivação Regressiva

GAB.: E
A palavra Insubordinada, não seria uma derivação prefixa e sufixal de subordinar? 

desalmado -

radical : alm

prefixo : des

sufixo : ado 


Agora eu pergunto : Por que a palavra insubordinada não decorre de derivação parassintética ?

BOA QUESTÁO. Derivação prefixal / derivação sufixal / derivação regressiva.

Porque o verbo "insubordinar" existe, logo, insubordinação não poderia ser parassíntese.

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