Leia o caso a seguir. Paciente de 53 anos de idade, sexo ma...
Paciente de 53 anos de idade, sexo masculino, dá entrada no pronto-socorro geral com quadro de agitação psicomotora intensa, labilidade emocional, comportamento desorganizado, com discurso incoerente. Havia sido encontrado na rua, perambulando a esmo, com nítida ataxia de marcha. Não apresentava sinais de embriaguez. Dizia que era poderoso e que as pessoas queriam matá-lo, mas não sabia por quê. Ao exame físico, apresenta-se gravemente emagrecido, com desidratação evidente, além de hipertermia. Ao exame psíquico, além da intensa agitação, apresentava desorientação tempo-espacial, intenção, com pensamento confusional.
A conduta adequada para esse caso, em ambiente hospitalar, é
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Alternativa correta: C - Hidratação profusa EV, ECG, suporte nutricional VO, quetiapina até 25 mg VO 12/12h, monitoramento a cada 60 minutos e com manutenção de dose total até desmame.
Vamos entender melhor o caso e a justificativa para cada alternativa. O paciente descrito apresenta um quadro de agitação psicomotora intensa, labilidade emocional, comportamento desorganizado e discurso incoerente. Além disso, ele está gravemente emagrecido, desidratado e com hipertermia. Esses sintomas indicam uma situação de emergência psiquiátrica que requer uma abordagem cuidadosa e multidisciplinar.
Para resolver essa questão, precisamos aplicar conhecimentos em emergências psiquiátricas e tratamento de agitação psicomotora, além de considerar o estado físico do paciente. Vamos analisar cada alternativa:
Alternativa A: Hidratação profusa EV, ECG, suporte nutricional VO, contenção física, Lorazepan, 4 mg VO, reavaliação a cada 30 minutos e manutenção de Lorazepan 2 mg/dia até melhora dos sintomas.
Embora a hidratação e o suporte nutricional sejam corretos, o uso de lorazepam pode não ser a melhor escolha para controle da agitação psicomotora intensa. Além disso, a contenção física só deve ser usada se houver risco iminente de agressão, e não é indicada como primeira linha.
Alternativa B: Hidratação profusa VO, suporte nutricional EV, contenção física, Diazepan 10 mg EV, reavaliação a cada 60 minutos e com manutenção de Diazepan 5 mg de 12/12 h até desmame.
Este plano tem algumas discordâncias no manejo. A hidratação VO pode não ser suficiente em casos graves de desidratação. Além disso, o diazepam tem um início de ação mais lento e pode causar sedação prolongada, não sendo ideal para controle rápido da agitação psicomotora.
Alternativa C: Hidratação profusa EV, ECG, suporte nutricional VO, quetiapina até 25 mg VO 12/12h, monitoramento a cada 60 minutos e com manutenção de dose total até desmame.
Esta é a alternativa correta. A hidratação EV é essencial para corrigir rapidamente a desidratação. O ECG é importante para monitorar possíveis efeitos colaterais cardíacos da medicação. A quetiapina é um antipsicótico atípico eficaz na redução da agitação psicomotora, com menor risco de sedação excessiva. O monitoramento frequente garante a segurança do paciente.
Alternativa D: Hidratação profusa EV, suporte nutricional EV, quetiapina até 25 mg VO de 12/12 h, monitoramento a cada 60 min e com manutenção de dose total até a melhora dos sintomas.
Embora a hidratação e a medicação estejam adequadas, o suporte nutricional EV não é necessário desde o início, podendo ser feito por via oral após estabilização inicial. Além disso, o suporte nutricional EV pode aumentar o risco de complicações sem uma indicação clara.
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O caso apresentado descreve um paciente com um quadro de agitação psicomotora intensa, acompanhado de sinais de desidratação, desnutrição e desorientação. Essa combinação de sintomas sugere uma emergência psiquiátrica potencialmente grave, que requer uma avaliação e intervenção médica imediatas.
Analisando as alternativas:
- Alternativa A: O uso de lorazepam por via oral, embora possa ser eficaz para a sedação, não é a primeira escolha em casos de agitação psicomotora grave e desorientação. A administração por via oral pode ser dificultada pela agitação do paciente e a reavaliação a cada 30 minutos pode ser excessiva e desnecessária.
- Alternativa B: A utilização de diazepam por via intravenosa pode ser perigosa, especialmente em pacientes com desorientação e risco de depressão respiratória. Além disso, a dose inicial é alta e a manutenção com doses elevadas por um longo período pode levar à dependência.
- Alternativa C: A quetiapina é um antipsicótico atípico que pode ser eficaz no tratamento da agitação psicomotora. A administração por via oral é mais segura que a via intravenosa e a dose inicial é adequada. O monitoramento a cada 60 minutos é razoável, assim como a manutenção da dose até a melhora dos sintomas.
- Alternativa D: A alternativa D é semelhante à alternativa C, porém a administração de suporte nutricional por via intravenosa pode não ser necessária inicialmente, a menos que o paciente apresente dificuldade em se alimentar por via oral.
Conclusão
A alternativa C é a que apresenta a conduta mais adequada para este caso. A quetiapina é uma boa opção para o tratamento da agitação psicomotora, e a dosagem e o monitoramento propostos são adequados. A hidratação por via intravenosa é essencial para corrigir a desidratação do paciente, e o suporte nutricional por via oral deve ser iniciado assim que possível.
Justificativa:
- Quetiapina: É um antipsicótico atípico eficaz no tratamento da agitação psicomotora, com menor risco de efeitos colaterais extrapiramidais em comparação com os antipsicóticos típicos.
- Hidratação: A desidratação é um problema sério e deve ser corrigida rapidamente.
- Nutrição: A desnutrição também precisa ser tratada, mas a via oral é preferível, a menos que o paciente não consiga se alimentar.
- Monitoramento: O monitoramento constante é essencial para avaliar a resposta ao tratamento e ajustar a dose da medicação, se necessário.
Outros pontos importantes a considerar:
- Causas subjacentes: É importante investigar as causas subjacentes da agitação psicomotora, como infecções, distúrbios metabólicos, ou outras condições médicas.
- Segurança do paciente: O paciente deve ser monitorado de perto para evitar autolesões ou agressões a terceiros.
- Tratamento adjuvante: Além da medicação, outras medidas podem ser úteis, como a criação de um ambiente calmo e seguro, a comunicação clara e empática com o paciente, e o envolvimento da família.
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