No sétimo parágrafo, a argumentação é baseada:
Texto I
Animais Racionais
Paralisar músculos, injetar substâncias capazes de alterar a percepção ou inocular doenças. Esses são alguns exemplos da infinidade de procedimentos científicos utilizados pelos cientistas em experimentos com animais. Crueldade? Aparentemente, sim. Porém, antes de levantar a bandeira contra, é preciso estar bem ciente das incoerências que esse debate acalorado suscita.
Como saber os efeitos danosos que as vacinas podem ter em humanos, sem avaliar suas consequências em organismos semelhantes? Eis um dos limites da evolução tecnológica. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por exemplo, declara: se houver proibição do uso de animais, anos de esforços para descobrir a cura de doenças como a Aids, dengue, malária e leishmaniose terão sido em vão.
Os defensores da extinção do uso de animais em pesquisas conta-argumentam contestando a validade dessa necessidade, declarando a existência da “cultura do medicamento”. Para eles, a sociedade investe em sanar efeitos ao invés de atacar as causas reais das doenças, como estresse e má alimentação.
Ainda que parcialmente correto, a má qualidade de vida e certas doenças soam irresponsáveis em um país em vias de assistir a um novo surto de dengue, além de verificar a expansão da Aids entre as camadas mais escolarizadas. Investir em pesquisa e na melhoria da qualidade de vida são fatores que devem caminhar juntos, não se excluírem mutuamente. Se falta educação para eliminar os mosquitos vetores da dengue, o que dirá de hábitos culturais relacionados à obesidade, por exemplo.
Criticar o uso de animais em experimentos ainda ajuda a mascarar a hipocrisia do churrasco do final de semana. Parece conveniente defender a piedade perante todos os seres vivos sem olhar – literalmente – o próprio prato. No abate de bois, em tempos não muito remotos, incisões na virilha em animais ainda vivos ajudavam a deixar a carne mais macia ao fazer com que o boi sangrasse até a morte. Ao mesmo tempo, deveria ser no mínimo estranho apoiar principalmente a vida de mamíferos. A temática da violência animal parece esquecida ao comprarmos nos supermercados toda a sorte de novidades exterminadoras de insetos. A dignidade dos que merecem ser defendidos parece, assim, escolhida a dedo.
Explicitar os pontos movediços da extinção ao uso de animais em experimentos científicos, contudo, não significa defender a arbitrariedade. Não é com base em incoerências que se dá ao aval da crueldade em laboratórios, mas sim se mostra que é preciso meio-termo. Bem como critério de responsabilidade e fiscalização.
Por isso, a criação do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), por meio do projeto de lei Arouca, deveria ser vista como uma iniciativa positiva ao debate. Após 13 anos de tramitações, o governo aprovou em setembro o projeto de lei.
Reunir membros da comunidade científica como representantes de sociedades protetoras dos animais pode ser um caminho prático no sentido de introduzir as alternativas. É preciso observar no CONCEA um passo mais democrático em relação à discussão, bem como o cumprimento da própria Constituição (artigo 225, que protege a fauna e a flora). Para isso, é preciso crer na democracia. Um problema que os brasileiros, também animais racionais, à vezes padecem.
LIMA, Daniela Priscila
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Interpretação do Texto e Análise da Questão
A questão se refere ao sétimo parágrafo do texto, que discute a criação do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA) e a importância da colaboração entre a comunidade científica e as sociedades protetoras dos animais. O objetivo é entender a natureza da argumentação presente nesse parágrafo.
Alternativa Correta: B - Em um fato passível de comprovação
No sétimo parágrafo, a autora menciona a criação do CONCEA e o fato de que essa iniciativa foi aprovada pelo governo após 13 anos de tramitações. Essa informação pode ser verificada e é um fato concreto, o que justifica a escolha da alternativa B. A autora argumenta que essa criação é um passo positivo nas discussões sobre a experimentação animal, reforçando a ideia de que a argumentação se baseia em dados reais e verificáveis.
Análise das Alternativas Incorretas
A - Em suposições apenas: Esta alternativa é incorreta porque o parágrafo não se baseia em suposições, mas em um fato que pode ser comprovado. Suposições são ideias não confirmadas, enquanto a criação do CONCEA é um evento estabelecido.
C - Na opinião de um especialista: Embora a autora possa expressar sua opinião sobre a importância do CONCEA, a base de seu argumento não é meramente a sua opinião, mas sim um fato que pode ser verificado. Opiniões são subjetivas e não garantem a mesma certeza que um fato.
D - Em uma referência histórica: Esta alternativa não é válida, pois o sétimo parágrafo não faz referência a eventos históricos, mas sim a uma ação legislativa recente e a sua importância no contexto atual, o que se afasta da ideia de uma referência histórica.
Estratégia de Interpretação: Para responder questões de interpretação de texto, é fundamental ler com atenção e identificar os elementos que constituem a argumentação do autor. Preste atenção a palavras-chave e a dados específicos que tornam a argumentação mais sólida. Além disso, é importante distinguir entre fatos, opiniões e suposições, o que ajudará a escolher a alternativa correta.
Com essas estratégias e análises, fica mais fácil entender o texto e responder com precisão às questões que podem surgir em provas de concursos.
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