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Q1245094 Psiquiatria
Sobre Psicofarmacoterapia básica e Medicalização. Em relação à Medicalização, questão colocada nos embates entre uma Psiquiatria de Base Bio-Médica e Farmacológica e uma Psiquiatria de Orientação Sócio Política, solicita-se que, lido o texto abaixo, seja assinalada a única alternativa CORRETA: MEDICALIZAÇÃO[1]  Medicalização é o processo pelo qual o modo de vida dos homens é apropriado pela medicina e que interfere na construção de conceitos, regras de higiene, normas de moral e costumes prescritos – sexuais, alimentares, de habitação – e de comportamentos sociais. Este processo está intimamente articulado à ideia de que não se pode separar o saber - produzido cientificamente em uma estrutura social - de suas propostas de intervenção na sociedade, de suas proposições políticas implícitas. Amedicalização tem, como objetivo, a intervenção política no corpo social. Outro uso frequente do termo é “medicalização do social”, expressão que possui um campo semântico amplo, podendo se referir a uma série diferenciada de fenômenos, o que impõe especificarmos alguns aspectos que podem ser a ele associados. Essa expressão pode ser entendida como a forma pela qual a evolução tecnológica vem modificando a prática da medicina, por meio de inovações dos métodos de diagnóstico e terapêutico, da indústria farmacêutica e de equipamentos médicos; por outro lado, pode ser usado numa referência às consequências que acarreta para o jogo de interesses envolvidos na produção do ato médico. Embora estes e outros sejam fatores reais que propiciam a reprodução do processo de medicalização, não é diretamente deste conjunto de fenômenos que iremos tratar. O fenômeno da medicalização social surge e se desenvolve, historicamente, no contexto das sociedades disciplinares, tal como foi analisado por Foucault, em vários de seus estudos. Esse fenômeno promoveu a ampliação do campo de função da medicina, estendo-o ao plano político. Razão médica e ciência moderna são focos dos estudos de Madel Luz, que continuam se ampliando no Instituto de Medicina Social da UERJ, no grupo de pesquisa sobre Racionalidades Médicas, produzindo matriz teórica para muitos trabalhos já publicados e outros em andamento, dentre eles teses e dissertações. Cf. LUZ, Madel Therezinha. Natural, racional, social: razão médica e racionalidade científica moderna. Rio de Janeiro, Campus, 1988; LUZ, Madel Terezinha. Racionalidades médicas: diagnose e terapêutica: médicos e pacientes no dia-a-dia institucional. (Relatório técnico final da segunda fase do projeto Racionalidades Médicas). Rio de Janeiro, Departamento de Planejamento e Administração em Saúde, Instituto de Medicina Social, UERJ, 1997. Cf. também, a série de relatórios, seminários e trabalhos produzidos para o Projeto Racionalidades Médicas, arquivados na biblioteca do IMS/UERJ. (Fonte: http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_medicalizacao.htm)
Alternativas

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Alternativa Correta: D

A questão aborda o tema da medicalização dentro da psicofarmacologia, um conceito que se refere ao modo como a medicina influencia e se expande para além de tratamentos clínicos, englobando aspectos políticos e sociais. É importante compreender como a psiquiatria, ao lidar com transtornos mentais, não se limita apenas a diagnósticos e tratamentos, mas também interage com questões sociais e políticas.

Analisando a Alternativa D: Esta alternativa afirma que, enquanto "medicar" é um ato médico, "medicalização" é um conceito mais amplo, que envolve aspectos políticos e sociais. De acordo com Foucault, a medicalização é um mecanismo de disciplinarização da sociedade, estendendo o papel da medicina ao controle social. Essa explicação está alinhada com a ideia de que a medicalização vai além do uso de medicamentos e inclui a regulação de comportamentos e normas sociais.

Por que as outras alternativas estão incorretas:

A - A afirmação de que a psiquiatria não se interessa por questões políticas é incorreta. A prática psiquiátrica está intimamente ligada a decisões políticas e sociais, especialmente quando se considera a medicalização como um fenômeno que impacta a sociedade como um todo.

B - Dizer que a medicalização não é relevante nas discussões sociais e políticas é um equívoco. A medicalização é um tema central nessas discussões, pois trata de como a saúde mental e a sua abordagem farmacológica podem ser influenciadas por fatores sociais.

C - A afirmativa de que a medicalização ocorre exclusivamente por via farmacológica é limitada. A medicalização envolve não apenas medicamentos, mas também normas sociais, práticas culturais e influências políticas.

E - Considerar que não há espaço para questões sociais, políticas ou culturais na psiquiatria é um erro. A questão da medicalização, precisamente, enfatiza a importância de compreender o contexto social e político na prática psiquiátrica.

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