Em “Ele quebrou os dentes com a verificação.” (3º§), o termo...

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Q2288150 Português
Edmundo, o céptico

    Naquele tempo, nós não sabíamos o que fosse cepticismo. Mas Edmundo era céptico. As pessoas aborreciam-se e chamavam-no de teimoso. Era uma grande injustiça e uma definição errada.
        Ele queria quebrar com os dentes os caroços de ameixa, para chupar um melzinho que há lá dentro.
        As pessoas diziam-lhe que os caroços eram mais duros que os seus dentes. Ele quebrou os dentes com a verificação. Mas verificou. E nós todos aprendemos à sua custa. (O cepticismo também tem o seu valor!)
        Disseram-lhe que, mergulhando de cabeça na pipa d’água do quintal, podia morrer afogado. Não se assustou com a ideia da morte: queria saber é se lhe diziam a verdade. E só não morreu porque o jardineiro andava perto.
        Na lição de catecismo, quando lhe disseram que os sábios desprezam os bens deste mundo, ele perguntou lá do fundo da sala: “E o rei Salomão?”. Foi preciso a professora fazer uma conferência sobre o assunto; e ele não saiu convencido. Dizia: “Só vendo”. E em certas ocasiões, depois de lhe mostrarem tudo o que queria ver, ainda duvidava. “Talvez eu não tenha visto direito. Eles sempre atrapalham.” (Eles eram os adultos.)
        Edmundo foi aluno muito difícil. Até os colegas perdiam a paciência com as suas dúvidas. Alguém devia ter tentado enganá-lo, um dia, para que ele assim desconfiasse de tudo e de todos. Mas de si, não; pois foi a primeira pessoa que me disse estar a ponto de inventar o moto-contínuo, invenção que naquele tempo andava muito em moda, mais ou menos como, hoje, as aventuras espaciais.
        Edmundo estava sempre em guarda contra os adultos: eram os nossos permanentes adversários. Só diziam mentiras. Tinham a força ao seu dispor (representada por várias formas de agressão, da palmada ao quarto escuro, passando por várias etapas muito variadas). Edmundo reconhecia a sua inutilidade de lutar; mas tinha o brio de não se deixar vencer facilmente.
        Numa festa de aniversário, apareceu, entre números de piano e canto (Ah! delícias dos saraus de outrora!), apareceu um mágico com a sua cartola, o seu lenço, bigodes retorcidos e flor na lapela. Nenhum de nós se importaria muito com a verdade: era tão engraçado ver saírem cinquenta fitas de dentro de uma só… e o copo d’água ficar cheio de vinho…
        Edmundo resistiu um pouco. Depois, achou que todos estávamos ficando bobos demais.
        Disse: “Eu não acredito!”. Foi mexer no arsenal do mágico e não pudemos ver mais as moedas entrarem por um ouvido e saírem pelo outro, nem da cartola vazia debandar um pombo voando… (Edmundo estragava tudo. Edmundo não admitia a mentira. Edmundo morreu cedo. E quem sabe, meu Deus, com que verdades?)

(MEIRELES, Cecília. Quadrante 2. Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1962, pág. 122.)
Em “Ele quebrou os dentes com a verificação.” (3º§), o termo assinalado possui a mesma função sintática que o destacado em:
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A questão exigiu conhecimento em sintaxe. Vejamos:



Em “Ele quebrou os dentes com a verificação." (3º§), o termo assinalado possui a mesma função sintática que o destacado em:



O verbo “quebrar" é transitivo direto, pois exige um complemento. Eu não posso simplesmente dizer assim: Quebrou. Pois alguém irá perguntar: Meu amigo, quebrou o quê? 


Viu como precisa de um complemento.



Isso porque quem quebra, quebra algo. Esse complemento é chamado de objeto direto (sem preposição) e (com preposição) é objeto indireto. Portanto “dentes" complementa o verbo “quebrar" fazendo parte do objeto indireto.



Dito isso, iremos fazer as análises.




A) Incorreta.


“Na lição de catecismo, [...]" (5º§) 



O termo possui função de posse sobre a “lição" que é substantivo, isso é função do adjunto adnominal.

B) Incorreta.


“Mas Edmundo era céptico." (1º§) 

O termo ligado pelo verbo “era" de ligação ao sujeito é predicativo do sujeito.

C) Incorreta.


“Foi mexer no arsenal do mágico [...]" (10º§) 

O termo possui função de posse sobre a “arsenal" que é substantivo, isso é função do adjunto adnominal.



D) Correta.


“Foi preciso a professora fazer uma conferência [...]" (5º§) 


O verbo “fazer" exige um complemento sem preposição, pois quem faz, faz algo. Por isso, o termo em questão faz parte do objeto direto.


Gabarito: D


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Comentários

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Em “Ele quebrou os dentes com a verificação.” (3º§), o termo assinalado possui a mesma função sintática que o destacado em: quebrou + artigo (quebrou o quê) COMPLEMENTA O VT

O Objeto Direto é um complemento verbal que, geralmente, não é acompanhado por preposição

“Na lição de catecismo, [...]” (5º§)  PREPOSIÇÃO

“Mas Edmundo era céptico.” (1º§) VERBO DE LIGAÇÃO

“Foi mexer no arsenal do mágico [...]” (10º§) PREPOSIÇÃO DE+O= DO

“Foi preciso a professora fazer uma conferência [...]” (5º§)  FAZER (O QUÊ)

com licença colega tudo bem?

o termo sublinhado é dentes...

o objeto direto do verbo seria OS DENTES..

QUEBROU O QUE? Os dentes e não dentes...

acredito que seja adjunto adverbial...

desculpa QQ coisa.

GABARITO LETRA E

Ele quebrou os dentes com a verificação.” (3º§)

quebrou - verbo

dentes está ligado ao verbo.

a mesma ocorre em

Foi preciso a professora fazer uma conferência

fazer - verbo

conferência se relaciona com o verbo.

-Ele quebrou os dentes com a verificação. (os dentes foram quebrados com a verificação)

-Foi preciso a professora fazer uma conferência ( a conferencia foi feita pela professora)

Parabéns! Você acertou!

AH, pelo amor de Deus, nessa altura do campeonato??????

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