Crer que há um modo prestigioso de falar a própria língua im...

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Ano: 2012 Banca: FADESP Órgão: Prefeitura de Novo Progresso - PA
Q1201000 Português
Crer que há um modo prestigioso de falar a própria língua implica, quando alguém pensa não possuir esse modo de falar, tentar adquiri-lo. Bom exemplo disso é a peça de teatro de Bernard Shaw, Pigmalião (filmada com o título de My Fair Lady). Vemos ali uma jovem florista, Eliza Doolittle, procurar um professor de fonética, Henri Higgins para adquirir o modo prestigioso de falar inglês. Mas suas motivações não são linguísticas, são sociais. “Quero ser uma lady numa loja de flores, e não vender na esquina de Tottenham Court Road”. A história tem, como se sabe, um final feliz, mas Shaw transcreveu perfeitamente os sentimentos linguísticos dos britânicos em relação a uma pronúncia fortemente desvalorizada, a dos cockneys (variedade linguística característica das classes sociais da periferia de Londres) [...] Ora, esse movimento com tendência à norma pode gerar uma restituição exagerada das formas prestigiosas: a hipercorreção. [...] Essa hipercorreção é testemunho de insegurança linguística. É por considerar o próprio modo de falar pouco prestigioso que a pessoa tenta imitar, de modo exagerado, as formas prestigiosas. E esse comportamento pode gerar outros que vêm se acrescentar a ele: a hipercorreção pode ser percebida como ridícula por aqueles que dominam a forma “legítima” e que, em contrapartida, vão julgar de modo desvalorizador os que tentam imitar uma pronúncia valorizada. 
CALVET, Louis-Jean. Sociolinguística: uma introdução crítica. São Paulo: Parábola, 2002, p. 77-79. 

Com base nas ideias de Louis-Jean Calvet e na teoria da variação linguística, pode-se afirmar que o(a) 
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