Os segmentos que, no contexto da crônica, se aproximam pelo...
O lixo é nosso
Cena comum nas cidades: engolfado no trânsito, e também obstruindo-o, um homem, uma formiga, puxa com enorme esforço pedaços do caos. É o carroceiro.
Paciência, motorista, com o pobre carroceiro. Cala a tua buzina irritada, que o homem que ali vai, puxando sua carga enorme e desequilibrada, trabalha para o nosso bem. Não é muito o que ele pode fazer, ele não é mais do que uma formiga na paisagem, um nada, mas faz sua parte mínima com a força e a teimosia das formigas. Leva restos que espalhamos pelos caminhos.
Não o apresses, ele não consegue ir mais depressa. Não é ele que vai devagar, somos nós, o país. O atraso é nosso.
O homem da carroça, o burro sem rabo, caro motorista, está ali por um conjunto de circunstâncias: para ele existir, tem de haver pobreza, tem de faltar trabalho, tem de sobrar lixo nas ruas, tem de faltar educação, respeito, cidadania, planejamento administrativo, consciência do bem comum.
Considera que ele nas ruas é mais “verde” – mais limpo – do que nós: o carro dele não emite gazes, não buzina, ele não é um consumidor de artigos descartáveis, não produz esse lixo, antes o leva para reciclagem. Vê que curiosa contradição: ele é uma pecinha na grande engrenagem do avanço, a reciclagem, enquanto nós, participantes da poderosa cadeia de consumo, modernos, temos um pé nos séculos passados, ligados à descuidada atitude que formou a sociedade atual – pegar, usar e largar.
(Adaptado de Ivan Ângelo. Certos homens. Porto Alegre: Arquipélago, 2011. p.167-9)
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Gab: B
restos que espalhamos pelos caminhos, consumidor de artigos descartáveis se aproxima do sentido de pegar, usar e largar.
No texto há uma alternância entre características do "carroceiro" e da "sociedade" (representada pelo pronome 'nós'). Tal é levada para as alternativas: apenas a B refere-se a características exclusivas da sociedade ('restos que espalhamos pelos caminhos"; "consumidor de artigos descartáveis" e 'pegar, usar e largar'). As demais alternativas misturam características do carroceiro e da sociedade e estão, por esse motivo, erradas.
No texto há uma alternância entre características do "carroceiro" e da "sociedade" (representada pelo pronome 'nós'). Tal é levada para as alternativas: apenas a B refere-se a características exclusivas da sociedade ('restos que espalhamos pelos caminhos"; "consumidor de artigos descartáveis" e 'pegar, usar e largar'). As demais alternativas misturam características do carroceiro e da sociedade e estão, por esse motivo, erradas.
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