Segundo Sarmento (2013, p. 86), “as línguas variam de regiã...
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Português
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Entenda como o coronavírus pode mudar até nosso
jeito de falar português
Walter Porto
O novo coronavírus veio provocar abalos na nossa relação com quase tudo em volta, inclusive com uma
ferramenta de importância que nem sempre levamos
em conta – as palavras. Termos que usávamos raramente, como quarentena e pandemia, se tornaram
correntes ‒ já que pela primeira vez a nossa geração
as vive na pele ‒ e outras expressões entraram com
o pé na porta no léxico do dia a dia, caso de “distanciamento social”, “achatar a curva” e, claro, o próprio
“coronavírus”.
Já outras palavras renovaram sua relevância, ganhando novos significados. “Vacina” é um anseio coletivo
para o futuro, “gripe” se tornou um termo quase politizado, “peste” veio trotando de tempos antigos para
se tornar assombrosamente atual.
O jornal britânico The Guardian conta que o dicionário Oxford teve uma atualização extraordinária no
mês passado para adicionar palavras que tomaram o
discurso global e entraram de supetão na língua inglesa, como “Covid-19”.
Tudo isso planta sementes de mudança no idioma ‒
essa entidade inquieta. Como disse o linguista português Vergílio Ferreira, “a própria língua, como ser
vivo que é, decidirá o que lhe importa assimilar ou
recusar”, cuspindo alguns arranjos novos, engolindo
outros. Me resta imaginar como será o português depois dessas reviravoltas todas.
“Suponho que o que vai pegar mesmo é o que já
pegou, o corona”, diz Deonísio da Silva, escritor e
professor. “O futuro a Deus pertence, mas é difícil
alguém se referir, lembra a Covid? Lembra o Sars, o
coronavírus? A gente lembrará como os tempos do
corona”. O próprio modo de chamar o vírus já é objeto de rinha política e, como lembra Sheila Grillo, “as
palavras nunca são neutras, sempre trazem um recorte da realidade”.
Segundo o professor Deonísio da Silva, o desconhecido total, como uma situação de pandemia, faz com
que aceitemos passivamente a entrada de siglas e
procedimentos científicos nas falas cotidianas “como
um valor absoluto” assim como a invasão dos neologismos, “que chegam à nossa casa mudando tudo”.
“Não é possível que não tenhamos outro modo de
entregar coisas em casa que não seja o 'delivery'”,
afirma ele. “Outra palavra que de repente ficou indispensável é o ‘home office’, quando os portugueses,
que adaptam muito, já usam o ‘teletrabalho.’”
Grillo lembra que, no esforço de tentar explicar fenômenos novos como este, é comum fazer empréstimos de outras línguas e atualizar termos antigos. “Alguns desses termos são impostos meio na marra”, diz
o professor Pasquale Cipro Neto. “Isso é muito chato,
quando o gerente do banco fala comigo que tem um
‘call’, que ‘call’?” E nesses tempos em que a testagem
em massa tem sido um ponto focal de discussão, outro anglicismo tem dominado as notícias, o de que
fulano “testou positivo”. “É traduzido diretamente do
inglês”, diz Pasquale. “Não dá para dizer que é errado, porque o uso legitima a expressão, apesar de não
ser a sintaxe portuguesa padrão. É uma tradução literal que vigora.”
Enquanto estamos no nosso "lockdown" particular,
pedindo delivery pelo app, assistindo a lives e fazendo binge-watching no streaming, as palavras que
usamos ganham vida, amadurecem, apodrecem.
Sem que notemos, transformam-se.
Folha de São Paulo, Ilustrada, 1º mai. 2020. Adaptado.
Segundo Sarmento (2013, p. 86), “as línguas variam
de região para região, de grupo social para grupo social, de situação para situação. O cruzamento desses
fatores configura as variedades regionais e sociais. A
influência das variações regionais e sociais gera inúmeras variedades linguísticas dentro de um mesmo
idioma”.
A esse respeito, observe os textos seguintes.
Texto I
“...palavras que tomaram o discurso global e entraram de supetão na língua inglesa, como 'Covid-19'." [...] ‘Alguns desses termos são impostos meio na marra’, diz o professor Pasquale Cipro Neto. ‘Isso é muito chato, quando o gerente do banco fala comigo que tem um ‘call’, que ‘call’?’”
Texto II
Preencha corretamente as lacunas do texto a seguir, considerando o que propõe Sarmento.
Do ponto de vista de variação linguística, os Textos I e II apresentam certa identidade, uma vez que ambos expõem marcas de variantes linguísticas típicas do registro __________ pelo uso, por exemplo, de palavras e expressões como “de supetão”, “na marra”, “a gente”, “pra” e “tá”. Nesse caso, significa dizer que está sendo empregada a linguagem __________
A sequência que preenche corretamente as lacunas do texto é
A esse respeito, observe os textos seguintes.
Texto I
“...palavras que tomaram o discurso global e entraram de supetão na língua inglesa, como 'Covid-19'." [...] ‘Alguns desses termos são impostos meio na marra’, diz o professor Pasquale Cipro Neto. ‘Isso é muito chato, quando o gerente do banco fala comigo que tem um ‘call’, que ‘call’?’”
Texto II
Preencha corretamente as lacunas do texto a seguir, considerando o que propõe Sarmento.
Do ponto de vista de variação linguística, os Textos I e II apresentam certa identidade, uma vez que ambos expõem marcas de variantes linguísticas típicas do registro __________ pelo uso, por exemplo, de palavras e expressões como “de supetão”, “na marra”, “a gente”, “pra” e “tá”. Nesse caso, significa dizer que está sendo empregada a linguagem __________
A sequência que preenche corretamente as lacunas do texto é