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Q39689 Português
                              O cosmopolita desenraizado

      Quando Edward Said morreu, em setembro de 2003, após batalhar por uma década contra a leucemia, era provavelmente o intelectual mais conhecido do mundo. Orientalismo, seu controvertido relato da apropriação do Oriente pela literatura e pelo pensamento europeu moderno, gerou uma subdisciplina acadêmica por conta própria: um quarto de século após sua publicação, a obra continua a provocar irritação, veneração e imitação. Mesmo que seu autor não tivesse feito mais nada, restringindo-se a lecionar na Universidade Columbia, em Nova York - onde trabalhou de 1963 até sua morte ?, ele ainda teria sido um dos acadêmicos mais influentes do final do século XX.

      Mas ele não viveu confinado. Desde 1967, cada vez com mais paixão e ímpeto, Edward Said tornou-se também um comentarista eloquente e onipresente da crise do Oriente Médio e defensor da causa dos palestinos. O engajamento moral e político não chegou a constituir um deslocamento da atenção intelectual de Said - sua crítica à incapacidade do Ocidente em entender a humilhação palestina ecoa, afinal, em seus estudos sobre o conhecimento e ficção do século XIX, presentes em Orientalismo e em obras subsequentes. Mas isso transformou o professor de literatura comparada da Universidade de Columbia num intelectual notório, adorado ou execrado com igual intensidade por milhões de leitores.

      Foi um destino irônico para um homem que não se encaixava em quase nenhum dos modelos que admiradores e inimigos lhe atribuíam. Edward Said passou a vida inteira tangenciando as várias causas com as quais foi associado. O "porta-voz" involuntário da maioria dos árabes muçulmanos da Palestina era cristão anglicano, nascido em 1935, filho de um batista de Nazaré. O crítico intransigente da condescendência imperial foi educado em algumas das últimas escolas coloniais que treinavam a elite nativa nos impérios europeus; por muitos anos falou com mais facilidade inglês e francês do que árabe, sendo um exemplo destacado da educação ocidental com a qual jamais se identificaria totalmente.

      Edward Said foi o herói idolatrado por uma geração de relativistas culturais em universidades de Berkeley a Mumbai, para quem o "orientalismo" estava por trás de tudo, desde a construção de carreiras no obscurantismo "pós-colonial" até denúncias de "cultura ocidental" no currículo acadêmico. Mas o próprio Said não tinha tempo para essas bobagens. A noção de que tudo não passava de efeito linguístico lhe parecia superficial e "fácil". Os direitos humanos, como observou em mais de uma ocasião, "não são entidades culturais ou gramaticais e, quando violados, tornam-se tão reais quanto qualquer coisa que possamos encontrar".

            (Adaptado de Tony Judt. "O cosmopolita desenraizado". Piauí, n. 41, fevereiro/2010, p. 40-43)

Em relação à pontuação utilizada no texto, está INCORRETO o que se afirma em:
Alternativas

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Vamos analisar a questão sobre pontuação no texto apresentado. O tema central é identificar o uso correto dos sinais de pontuação e as razões pelas quais são substituíveis ou não, sem alterar o sentido original da frase. Esse tipo de questão requer um bom entendimento das funções dos sinais de pontuação no texto.

Alternativa Correta: B

A alternativa B propõe que a vírgula em "Edward Said foi o herói idolatrado por uma geração de relativistas culturais em universidades de Berkeley a Mumbai, para quem o orientalismo..." pode ser removida sem prejuízo ao sentido. Entretanto, a vírgula é essencial aqui porque introduz uma oração subordinada adjetiva explicativa. Ao remover a vírgula, a oração se tornaria restritiva, alterando o sentido do enunciado. Portanto, a afirmação é incorreta, confirmando que esta é a alternativa correta para a questão.

Por que as demais alternativas estão incorretas?

A: Na frase com o travessão, substituir por ponto e vírgula não altera o sentido, mas apenas a forma de apresentar a informação. O ponto e vírgula pode ser usado para separar partes de uma frase com ideias próximas, assim como o travessão. Portanto, essa afirmativa está correta.

C: As aspas na última frase indicam uma citação literal de Edward Said, o que justifica seu uso. A afirmação está correta.

D: O segmento "seu controvertido relato da apropriação do Oriente pela literatura e pelo pensamento europeu moderno" é uma explicação adicional, e seu uso entre vírgulas justifica-se pelo valor explicativo. Assim, a afirmação está correta.

E: Os travessões que isolam "onde trabalhou de 1963 até sua morte" podem ser substituídos por parênteses sem prejuízo ao sentido ou à correção gramatical. Isso ocorre porque ambos os sinais podem indicar uma informação adicional ou explicativa. Portanto, a afirmação está correta.

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Comentários

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 B) Separando oração subordinada subs. adj. explicativa.

Comentários sobre a alternativa A?

Alguém poderia explicar por que a alternativa A está correta???

As vírgulas sempre poderão substituir travessões, porém, os travessões nem sempre poderão substituir as vígulas. ok?

A) O engajamento moral e político não chegou a constituir um deslocamento da atenção intelectual de Said ; sua crítica à incapacidade do Ocidente em entender a humilhação palestina ecoa, afinal, em seus estudos sobre o conhecimento e ficção do século XIX, presentes em Orientalismo e em obras subsequentes. 

Ideia da 1º parte até o ponto-e-vírgula tem sentindo oposto à da 2ª parte após o ponto-e-vírgula. CORRETO. 

Substitua o ponto-e-vírgula por "ao contrário". 

Quanto a "a",

deveria ser errada também, considerando o histórico de cobrança da banca:

 

 

Ano: 2011 Banca: FCC Órgão: TRF - 1ª REGIÃO Provas: FCC - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Operação de Computador 

Considere a frase original e a frase que a reformula. 

Tinha, dizia, “o telhado mais lindo da cidade”, cuja forma lhe sugeria “uma lagosta deitada de bruços”. 

Ela dizia que tinha o telhado mais lindo da cidade, pois a forma dele lhe sugeria uma lagosta deitada de bruços. 

Na nova redação,

A nenhuma informação se perdeu, considerado o texto original. ERRADO

B o emprego de “Ela” foi necessário, pois é o único modo de se saber quem é o falante. ERRADO

Cum traço descritivo do texto original foi apresentado como o “motivo” da apreciação de Elizabeth. CERTO

D constitui erro a palavra “pois” não vir seguida de uma vírgula. ERRADO

E a vírgula poderia ser substituída por um ponto e vírgula, sem interferência alguma no fluxo da leitura. ERRADO

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