A distinção genérica feita por um determinante "o/a" em "a b...
Leia a crônica e responda o que se pede no comando da questão.
A foto
Luís Fernando Veríssimo
Foi uma festa de família, dessas de fim de ano. Já que o bisavô estava morre não morre, decidiram tirar uma fotografia de toda família reunida, talvez pela última vez. A bisa e o bisa sentados, filhos, filhas, noras, genros e netos em volta, bisnetos na frente, esparramados pelo chão, Castelo, o dono da câmara, comandou a pose, depois tirou o olho do visor e ofereceu a câmara a quem ia tirar a fotografia. Mas quem ia tirar a fotografia? -Tira você mesmo, ué.
-Ah, é? Eu não saio na foto?
O Castelo era o genro mais velho. O primeiro genro. O que sustentava os velhos. Tinha que estar na fotografia.
Tiro eu - disse o marido da Bitinha - Você fica aqui - comandou a Bitinha. Havia uma certa resistência ao marido da Bitinha na família. A Bitinha, orgulhosa, insistia para que o marido reagisse. "Não deixa eles te humilharem, Mário César, dizia sempre. O Mário César ficou firme onde estava, do lado da mulher. A própria Bitinha fez a sugestão maldosa: -Acho que quem deve tirar é o Dudu ...
O Dudu era o filho mais novo de Andradina, uma das noras, casada com o Luiz Olavo. Havia a suspeita, nunca claramente anunciada, de que não fosse o filho do Luiz Olavo. O Dudu se prontificou a tirar a fotografia, mas Andradina segurou o filho.
- Só faltava essa, o Dudu não sair.
E agora?
- Pô, Castelo. Você disse que essa câmara só faltava falar. E não tem nem timer!
O Castelo impávido. Tinham ciúmes dele. Porque ele tinha um Santana do ano. Porque compra a câmara num duty free da Europa. Aliás, o apelido dele entre os outros era "Dutifri", mas ele não sabia.
Revezamento - sugeriu alguém - Cada genro bate uma foto em que ele não aparece e ...
A ideia foi sepultada em protestos. Tinha que ser toda família reunida em volta do bisa. Foi quando o próprio bisa se ergueu, caminhou decididamente até o Castelo e arrancou a câmara da sua mão.
- Dá aqui.
- Mas seu Comício.
- Vai pra lá e fica quieto.
- Papai, o senhor tem de sair na foto. Senão não tem sentido!
- Eu fico implícito, disse o velho já com o olho no visor.
E antes que houvesse mais protestos, acionou a câmara, tirou a foto e foi dormir.
Fonte: Comédias para se Ler na Escola.
A distinção genérica feita por um determinante "o/a" em "a bisa e o bisa" enquadraria a forma quanto ao gênero como:
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O substantivo comum de dois gêneros, chamado também de comum de dois, é um tipo de substantivo uniforme. Ou seja, aquele que apresenta somente um termo para os dois gêneros (masculino e feminino).
Nesse caso, o que diferencia um termo de outro é o artigo que acompanha o substantivo:
- o, um (masculino), por exemplo: o artista.
- a, uma (feminino), por exemplo: a artista
Além do comum de dois gêneros, os substantivos uniformes podem ser:
- : relacionado com pessoas, por exemplo, a palavra "anjo", utilizada para os dois gêneros: Mariana é um anjo de pessoa; Ricardo é um anjo que apareceu na minha vida.
- : relacionado com animais, é utilizado com os termos "macho" e "fêmea" para identificar: cobra macho; cobra fêmea.
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Substantivo uniforme: São substantivos que têm uma única forma para ambos os gêneros, sem mudança de terminação. Exemplo: o/a estudante.
Epiceno: São substantivos que possuem uma única forma para designar seres de ambos os sexos. Exemplo: a cobra (tanto para macho quanto para fêmea).
Comum de dois: São substantivos que possuem apenas uma forma para designar seres de ambos os sexos. Exemplo: o/a indivíduo.
Sobrecomum: São palavras que designam apenas um dos sexos, mas são aplicadas a indivíduos de ambos os sexos. Exemplo: a testemunha.
Biforme: São palavras que têm formas diferentes para designar seres de sexo masculino e feminino. Exemplo: cavalo/égua.
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