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Ano: 2022
Banca:
Avança SP
Órgão:
Câmara de Ribeirão Pires - SP
Prova:
Avança SP - 2022 - Câmara de Ribeirão Pires - SP - Analista de Gestão Pública |
Q2018857
Português
Texto associado
O silêncio incomoda
Como trabalho em casa, assisto a um grande
número de jogos e programas esportivos,
alguns porque gosto e outros para me manter
atualizado, vejo ainda muitos noticiários
gerais, filmes, programas culturais (são
pouquíssimos) e também, por curiosidade,
muitas coisas ruins. Estou viciado em
televisão.
Não suporto mais ver tantas tragédias, crimes,
violências, falcatruas e tantas politicagens para
a realização da Copa de 2014.
Estou sem paciência para assistir a tantas
partidas tumultuadas no Brasil, consequência
do estilo de jogar, da tolerância com a
violência e do ambiente bélico em que se
transformou o futebol, dentro e fora do campo.
Na transmissão das partidas, fala-se e grita-se
demais. Não há um único instante de silêncio,
nenhuma pausa. O barulho é cada dia maior no
futebol, nas ruas, nos bares, nos restaurantes e
em quase todos os ambientes. O silêncio
incomoda as pessoas.
É óbvio que informações e estatísticas são
importantíssimas. Mas exageram. Fala-se
muito, mesmo com a bola rolando.
Impressiona-me como se formam conceitos,
dão opiniões, baseados em estatísticas que têm
pouca ou nenhuma importância.
Na partida entre Escócia e Brasil, um repórter
da TV Globo deu a “grande notícia”, que
Neymar foi o primeiro jogador brasileiro a
marcar dois gols contra a Escócia em uma
mesma partida.
Parece haver uma disputa para saber quem dá
mais informações e estatísticas, e outra, entre
os narradores, para saber quem grita gol mais
alto e prolongado. Se dizem que a imagem vale
mais que mil palavras, por que se fala e se grita
tanto?
Outra discussão chata, durante e após as
partidas, é se um jogador teve a intenção de
colocar a mão na bola e de fazer pênalti, e se
outro teve a intenção de atingir o adversário.
Com raríssimas exceções, ninguém é louco para fazer pênalti nem tão canalha para querer
quebrar o outro jogador.
O que ocorre, com frequência, é o jogador, no
impulso, sem pensar, soltar o braço na cara do
outro. O impulso está à frente da consciência.
Não sou também tão ingênuo para achar que
todas as faltas violentas são involuntárias.
Não dá para o árbitro saber se a falta foi
intencional ou não. Ele precisa julgar o fato, e
não a intenção. Eles precisam ter também bom
senso, o que é raro no ser humano, para saber
a gravidade das faltas.
Muitas parecem iguais, mas não são. Ter
critério não é unificar as diferenças.
Tostão, Folha de S.Paulo, caderno D,
“esporte”.
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