Analise as proposições a seguir, que versam sobre o emprego ...

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Q2498800 Português
Leia a crônica a seguir para responder à questão.


CONFERÊNCIA ÍNTIMA (Samarone Lima)

    Me impressiona um pouco quando me convidam para esses avanços da Internet, o compartilhamento de fotos, de labirintos e pandemônios, e vejo que algumas pessoas têm 456 amigos numa tacada só, ou num arquivo, ou num sistema.
   Eu ficaria paralisado, sem saber a quem recorrer, no caso de uma aflição, um cansaço, uma deselegância, esses chauvinismos dos dias desafortunados. Olho, louvo a disposição para tanta gente, mas fico lembrando da época em que eu recebia cartas, direcionadas apenas para mim, com o selo pregado, o papel, o carimbo dos Correios etc. As cartas tinham rosto. Era a caligrafia da pessoa, a força de suas mãos. Tenho caixas dessas cartas comigo.
    Lembro também de telefonemas do tipo “não estou bem, preciso conversar ainda hoje contigo”, e tudo se providenciava para o encontro, porque o “ainda hoje”, dito por um amigo, é o maior dos mandamentos.
    É que sou de uma civilização do papel, dos amigos de carne e osso e de uma dose importante de conversa fiada. O que tem me preocupado mais nesse meu mundo, não é que eu tenha muitos ou poucos amigos. O alarmante mesmo é que estou vendo menos os amigos que ganhei da vida. Há uma certa dispersão de minha parte, que se acomoda gentilmente com minhas viagens, projetos, escritos.
    Era preciso que a gente tivesse menos obrigações, menos pensamentos lá adiante. Eu queria viver com menos, deixar todo o supérfluo de lado.
    Ultimamente, as promessas de cafés se avolumam, os “precisamos nos encontrar” se renovam, e às vezes me lembro do “olá como vai” do Paulinho da Viola, embora meu sinal esteja aberto para tantas coisas lindas. Outro dia, desmarquei um almoço com um velho amigo e depois pensei que era ridículo não peitar as demandas, fazer da agenda somente um objeto quadrado e relegado, dizendo “espera aí, compadre, que nos vemos daqui a pouco, isso é o mais importante para hoje”.
    Há pouco, fui olhar uma coletânea de textos lindos, de pessoas queridas, que me chegaram pelo e-mail ao longo dos últimos anos. Me deu uma saudade, mas atravessou-me o sentimento de distância reparável, uma constatação sem dor da dispersão natural. Aconteceu. Algumas pessoas de que gosto muito eu raramente encontro, apesar de queridíssimas, de saber da importância. Outro dia, o velho e bom Lourival Holanda disse que eu era um avaro de mim mesmo, e fiquei a pensar sem nostalgia nisso, à beira do Parque 13 de Maio. Talvez eu esteja somente distraído, introspectivo, nesse dia chuvoso no Recife. Muitas vezes acontece isso. Estou tão distraído, que não vejo o melhor.
    Talvez nós humanos sejamos um pouco assim, distraídos e dados ao efêmero. Então escrevo, buscando talvez alguma espécie de redenção.
Analise as proposições a seguir, que versam sobre o emprego dos pronomes.

I- O pronome ME da mesma forma que O/Os, sempre assume função de objeto direto, como demonstram várias ocorrências no texto: “o que tem me preocupado ...”; “às vezes me lembro do 'olá como vai'...”; “fui olhar uma coletânea que me chegaram pelo e-mail...”
II- De acordo com a norma padrão, é recomendável não iniciar frase com pronome oblíquo; mas, como esse não é um desvio estigmatizado, é um recurso que confere informalidade à crônica, tornando a linguagem mais familiar ao leitor.
III- Como se trata de uma narrativa em primeira pessoa, é recorrente o uso de pronomes eu/me/nos/meus/comigo, que são formas remissivas cuja referência é contextual ou situacional.
IV- O pronome SE tem a mesma função nos seguintes trechos: “as promessas de cafés se avolumam, “os 'precisamos nos encontrar' se renovam...”, e estão em posição proclítica.

É CORRETO o que se afirma apenas em:
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