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Ano: 2018 Banca: IF-MT Órgão: IF-MT Prova: IF-MT - 2018 - IF-MT - História |
Q1008301 História
Entre 1964 e 1985, o Brasil enfrentou um dos mais violentos processos de repressão, censura e truculência estatal. A ditadura militar moldou o caráter repressivo da nossa atual polícia e realimentou alguns espíritos conservadores no meio civil, tanto é que hoje a Historiografia Brasileira já discute a ditadura não mais como exclusivamente militar, mas sim com uma certa adesão da sociedade civil. A censura nas práticas de diversões públicas foi algo bem comum durante este regime e as canções foram o principal alvo no âmbito do lazer social. A partir da reflexão sobre este período, analise a imagem abaixo da canção censurada em abril de 1973 pela Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP) e marque a alternativa CORRETA:

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Sobre a prática da censura na história do Brasil, e principalmente durante a Ditadura Militar brasileira (1964-1985), vamos selecionar a alternativa correta:


A) Incorreta – O equívoco nesta questão é de natureza factual e requer atenção. Embora Odair José tenha se destacado como um cantor reconhecido por suas músicas de protesto contra a ditadura militar, é importante ressaltar que a canção “Cálice" não é de sua autoria, mas sim uma composição de Chico Buarque e Gilberto Gil de 1973.


B) Correta – As práticas de censura no Brasil não se limitaram ao período da ditadura militar de 1964. Já durante a Era Vargas (1930-1945), por exemplo, existia um órgão específico para lidar com essa questão, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Essa tradição de controle da informação continuou ao longo do tempo. A censura mostrava um viés seletivo, muitas vezes empregado para suprimir temas considerados transgressores sob uma ótica moralista e conservadora. Especialmente na esfera cultural, como na música, a censura era comum, especialmente quando as letras eram percebidas como subversivas ou causadoras de má impressão em determinados setores da sociedade. Mesmo após a aprovação inicial por parte dos censores, discos poderiam ser censurados posteriormente, caso houvesse denúncias ou pressões sociais significativas o bastante para isso.


C) Incorreta – Embora a censura tenha, de fato, atingido diversas formas de expressão, incluindo jornais, revistas, peças teatrais e música brasileira, a Lei de Anistia, em 1979, não representou automaticamente uma abertura política imediata. A censura continuou em vigor até os últimos anos da ditadura, e a abertura política gradual foi um processo complexo que envolveu diversos fatores além da simples promulgação de uma lei.


D) Incorreta – Embora a censura direta seja menos comum após 1994, o debate sobre a liberdade de expressão e os limites da arte e da cultura ainda é relevante no Brasil e em muitos outros países. Um exemplo notável e atual ocorreu em 2019, quando a Bienal do Livro do Rio de Janeiro foi alvo de uma tentativa de censura de uma obra que tratava da diversidade sexual.


E) Incorreta – Na verdade, o olhar conservador sobre as relações afetivas era predominante durante o regime militar. Apesar das discordâncias em relação às restrições impostas aos afetos, elas eram uma realidade. Em 1980, por exemplo, uma ordem judicial proibiu o beijo na boca em espaços públicos. Os censores, ao proibir a canção "Em Qualquer Lugar", alegaram que ao descrever relações sexuais em locais variados (no chuveiro, na praça, no carro), ela estimulava a prática sexual sem pudor em ambientes públicos.


Gabarito – Letra B


Referência:


Sedano, Eder Aparecido Ferreira. "Inimigo da Moral e Bons Costumes": A Atuação da Censura Sobre a Obra de Odair José (Década de 1970). ANPUH, 2020.


Filho, Willian Helal. A ordem judicial que proibiu o beijo na boca em espaços públicos, na ditadura militar. Disponível em: <https://blogs.oglobo.globo.com/blog-do-acervo/post/o-protesto-contra-decisao-judicial-que-proibiu-o-beijo-na-boca-durante-ditadura.html>. Acesso em: 06/05/2024.

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criação do  Departamento de Imprensa e PropagandaIP em 1939, concretizou a centralização e o controle do governo federal sobre toda forma de comunicação realizada no país, objetivando explicitamente combater a difusão de ideias consideradas “perniciosas”: em um momento em que o comunismo começava a despontar como opção viável e a repressão ao movimento sindical se fazia cada vez mais presente, tornou-se necessário impedir o quanto possível a divulgação de tais ideais. O

Entre 1946 e 1964 o país passou por um período de relativa liberdade. Questões ligadas a “moral e bons costumes],” presentes desde que as diversões públicas começaram a sofrer intervenção do Estado, ganharam maior relevância em relação a questões políticas. A difusão e o acesso a informação de uma forma geral tiveram as velhas amarras cortadas, experimentando a imprensa um maior período de liberdade.

O  (Serviço de censura as diversões públicas) foi criado pelo decreto-lei 8462 de 26 de dezembro de 1945, subordinado ao Departamento Federal de Segurança Pública, deixando a esfera imediata da presidência da República — durante o governo de Getúlio o DIP estava diretamente ligado ao presidente —, passando a integrar o conjunto de instituições policiais do estado. Este decreto pautaria durante décadas a atuação da censura de diversões públicas no Brasil, orientando os agentes responsáveis por sua aplicação e fornecendo embasamento jurídico para o veto, total ou parcial.

Depois do golpe de 1964, a censura retornaria com força multiplicada, e se voltaria para questões políticas, mantendo a subjetividade das suas avaliações — que considerava subversivas e perigosas para a unidade nacional quaisquer manifestações que envolvessem algum tipo de crítica ao regime vigente, ao cotidiano nacional, às “tradições brasileiras” — e vinculando-se estreitamente com a doutrina de segurança nacional. A , de 1967, e a  então vigente foram fundamentais para nortear o trabalho da censura e estabelecer as diretrizes da sua atuação.

Ótimo resumo, Cristiane!

Questão que merecia uma análise da Eulália Ferreira!

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