De acordo com o texto, a falta de base física para a saudade...

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Q2465160 Português
As pitangueiras d’antanho*


       Tem seus 23 anos, e eu a conheço desde os oito ou nove, sempre assim, meio gordinha, engraçada, de cabelos ruivos. Foi criada, a bem dizer, na areia do Arpoador; nasceu e viveu em uma daquelas ruas que vão de Copacabana a Ipanema, de praia a praia. A família mudou-se quando a casa foi comprada para construção de edifício.

             Certa vez me contou:

           – Em meu quarteirão não há uma só casa de meu tempo de menina. Se eu tivesse passado anos fora do Rio e voltasse agora, acho que não acertaria nem com a minha rua. Tudo acabou: as casas, os jardins, as árvores. É como se eu não tivesse tido infância...

             Falta-lhe uma base física para a saudade. Tudo o que parecia eterno sumiu.

         Outra senhora disse então que se lembrava muito de que, quando era menina, apanhava pitangas em Copacabana; depois, já moça, colhia pitangas na Barra da Tijuca; e hoje não há mais pitangas. Disse isso com uma certa animação, e depois ficou um instante com o ar meio triste – a melancolia de não ter mais pitangas, ou, quem sabe, a saudade daquela manhã em que foi com o namorado colher pitangas.

          Também em minha infância, há pitangueiras de praia. Não baixinhas, em moitas, como aquelas de Cabo Frio, que o vento não deixa crescer; mas altas; e suas copas se tocavam e faziam uma sombra varada por pequenos pontos de sol.


(Rubem Fonseca, “As pitangueiras d’antanho”. 200 crônicas escolhidas, 2001. Fragmento)


* d’antanho: de épocas passadas
De acordo com o texto, a falta de base física para a saudade da moça se deve
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Comentários

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Assertiva E

estilo Fcc com pitadas de FGV .

ao processo de transformação do espaço urbano. 

Destaquei esses trechos para concluir a resposta:

"A família mudou-se quando a casa foi comprada para construção de edifício.

Em meu quarteirão não há uma só casa de meu tempo de menina. Se eu tivesse passado anos fora do Rio e voltasse agora, acho que não acertaria nem com a minha rua. Tudo acabou: as casas, os jardins, as árvores. É como se eu não tivesse tido infância...

       Falta-lhe uma base física para a saudade. Tudo o que parecia eterno sumiu".

Gabarito: E.

alguem pode me explicar pq a C está errada?

De acordo com o texto, a falta de base física para a saudade da moça se deve

E

ao processo de transformação do espaço urbano. 

A questão C está errada porque a base física da saudade citada pelo autor era referente as mudanças ocorridas na região, com a transformação do espaço urbano que era repleto de árvores, jardins e casas, não apenas sem as pitangueiras, mas o cenário completo de vegetação foi apagado pela construção de diversos edifícios.

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