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Q2465163 Português
As pitangueiras d’antanho*


       Tem seus 23 anos, e eu a conheço desde os oito ou nove, sempre assim, meio gordinha, engraçada, de cabelos ruivos. Foi criada, a bem dizer, na areia do Arpoador; nasceu e viveu em uma daquelas ruas que vão de Copacabana a Ipanema, de praia a praia. A família mudou-se quando a casa foi comprada para construção de edifício.

             Certa vez me contou:

           – Em meu quarteirão não há uma só casa de meu tempo de menina. Se eu tivesse passado anos fora do Rio e voltasse agora, acho que não acertaria nem com a minha rua. Tudo acabou: as casas, os jardins, as árvores. É como se eu não tivesse tido infância...

             Falta-lhe uma base física para a saudade. Tudo o que parecia eterno sumiu.

         Outra senhora disse então que se lembrava muito de que, quando era menina, apanhava pitangas em Copacabana; depois, já moça, colhia pitangas na Barra da Tijuca; e hoje não há mais pitangas. Disse isso com uma certa animação, e depois ficou um instante com o ar meio triste – a melancolia de não ter mais pitangas, ou, quem sabe, a saudade daquela manhã em que foi com o namorado colher pitangas.

          Também em minha infância, há pitangueiras de praia. Não baixinhas, em moitas, como aquelas de Cabo Frio, que o vento não deixa crescer; mas altas; e suas copas se tocavam e faziam uma sombra varada por pequenos pontos de sol.


(Rubem Fonseca, “As pitangueiras d’antanho”. 200 crônicas escolhidas, 2001. Fragmento)


* d’antanho: de épocas passadas
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A correlação entre os tempos verbais atende à norma-padrão em:

Se eu tiver que passar uns anos fora do Rio e voltar depois, acho que não acertarei nem com a minha rua.

https://www.conjugacao.com.br/verbo-ter/

DALE CAMPEON, DALE CAMPEON.

Correlações verbais se definem pela harmonia, pela coerência que se dá entre as formas verbais expressas no discurso propriamente dito, com vistas a fazer com que prevaleça o aspecto lógico, objetivo das ideias manifestadas.

Vejamos, pois, como se efetiva esse aspecto harmonioso, ou seja, como se dão essas correlações:

# Presente do modo indicativo + pretérito perfeito composto do modo subjuntivo:

Creio que ela tenha feito o trabalho.

# Futuro do subjuntivo + futuro do presente do modo indicativo:

Se você fizer o trabalho eu ficarei agradecido. 

# Futuro do subjuntivo + futuro do presente composto do indicativo

Quando você fizer o trabalho, avisarei a professora.

# Presente do modo indicativo + presente do modo subjuntivo:

Quero que você faça o trabalho.

# Futuro do subjuntivo + futuro do presente do modo indicativo:

Quando você fizer o trabalho, adorarei.

# Pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo + futuro do pretérito composto do indicativo:

Se você tivesse feito o trabalho, eu teria avisado a professora.

# Pretérito perfeito do indicativo + pretérito imperfeito do subjuntivo:

Pedi que ela fizesse o trabalho.

# Pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito do indicativo:

Se você fizesse o trabalho, eu avisaria a professora.

fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/gramatica/correlacoes-verbais.htm

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