A partir da leitura do texto, é possível afirmar que: I.No B...
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Ano: 2024
Banca:
FURB
Órgão:
FURB - SC
Prova:
FURB - 2024 - FURB - SC - Instrutor de Idiomas - Alemão |
Q3108872
Português
Texto associado
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.
Quais os impactos para o Brasil de formar menos
pesquisadores
Dados da Capes mostram queda na quantidade de
vagas ocupadas em cursos de mestrado e doutorado.
Impactos de diminuição do interesse na pós-graduação
podem vir a curto, médio e longo prazo
Mariana Vick -18 de agosto de 2024
Dados da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior) mostram que houve redução
no número de vagas ocupadas na pós-graduação no
Brasil. Vinte e um por cento dos postos no mestrado e
25% dos postos no doutorado estavam ociosos em 2020.
Os anos seguintes registraram diminuição na quantidade
de ingressantes.
Colhidos na Plataforma Sucupira, da Capes, e
veiculados em 2024 na sua proposta preliminar de Plano
Nacional de Pós-Graduação, os dados demonstram os
impactos da pandemia de covid-19 sobre os programas
de mestrado e doutorado no Brasil. Também atestam a
queda de interesse de recém-graduados por esses
cursos. O quadro gera impactos de curto, médio e longo
prazo para a ciência e o desenvolvimento do país [...].
Os dados veiculados na versão preliminar do Plano
Nacional de Pós-Graduação mostram que o Brasil
contabilizou em 2022 um estoque de 0,7% das pessoas
de 25 a 64 anos com mestrado e 0,3% com doutorado.
Os percentuais são baixos em comparação com as
médias dos países da OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Neles as
proporções são as seguintes:
•14,1% das pessoas de 25 a 64 anos nos países da
OCDE têm mestrado, percentual muito maior que o do
Brasil
•1,3% das pessoas de 25 a 64 anos nos países da
OCDE têm doutorado, taxa cerca de quatro vezes maior
que a do Brasil
A quantidade de ingressantes nesses cursos caiu nos
últimos anos, depois de anos de avanços constantes,
segundo os números da Capes. Houve queda de 10% no
número de novos alunos no mestrado e no doutorado em
2020 em relação ao ano anterior. O crescimento foi
retomado em 2021, mas voltou a diminuir em 2022,
alcançando patamar próximo do de 2015. [...]
A quantidade de titulações (conclusões do curso) na
pós-graduação também diminuiu nos últimos anos. A
queda foi de 15% em 2020 em relação ao ano anterior.
Houve, no entanto, uma retomada gradual nos números
nos anos seguintes, com variações por níveis de
formação (mestrado ou doutorado).
O que explica a queda nos números
A pandemia de covid-19 é um dos motivos citados pela
Capes para a interrupção do crescimento de
ingressantes e titulações nos cursos de mestrado e
doutorado no Brasil. "A suspensão de atividades
presenciais retardou o ingresso de novos estudantes,
além de afetar o andamento de pesquisas em curso",
escreveu a fundação na versão preliminar do Plano
Nacional de Pós-Graduação. "É preciso considerar
também o impacto econômico sobre os segmentos
discentes mais vulneráveis."
Os pedidos de prorrogação de prazos de conclusão de
curso foram facilitados durante a pandemia — o que
pode explicar a queda nas titulações nos últimos anos.
"Se for este o caso, estamos diante de uma situação de
retenção de diplomação, com expectativa de retomada
do crescimento nos próximos anos, mas cuja velocidade
ainda demandará acompanhamento cuidadoso."
[...]
A pandemia, no entanto, não é a única razão apontada
para os números. Fatores não relacionados à covid-19
também podem justificar o aparente desinteresse de
recém-formados pelo ingresso em cursos de
pós-graduação, segundo a Capes. Estão entre as
hipóteses levantadas pela fundação:
•saturação de programas de pós-graduação
•distribuição desigual do acesso a esses cursos no país
•processos seletivos exigentes, orientados para perfis
específicos
•inadequação do perfil dos candidatos ao programa
•baixa atratividade da oferta e da carreira científica
•aspectos sociodemográficos dos estudantes
O tempo de formação de um doutor é de mais de 20
anos, considerando o período desde o ensino
fundamental, segundo Eduardo Colombari, professor
titular de odontologia no campus de Araraquara da
Unesp (Universidade Estadual Paulista). "É preciso muita
resiliência e o que tem acontecido é um grande
desestímulo financeiro e social que dificulta aos mais
jovens a busca por essa formação" [...].
"Fato é que o investimento na educação, em especial na
formação dos doutores, vem se deteriorando há
décadas. O valor das bolsas de pós-graduação não é
suficiente para que o doutorando se dedique em tempo
integral à sua formação intelectual. Para agravar esse
cenário, a pandemia de covid-19 acelerou o processo de
desmotivação para cursar ensino superior que vinha se
delineando".
De quando vêm esses problemas
Esses problemas vêm desde antes da pandemia,
segundo Renato Janine Ribeiro, presidente da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. "O
fato de ter havido uma redução de investimentos na área
de ciência e tecnologia trouxe resultados bastante
negativos para o país", disse ao Nexo. "É uma crise que
possivelmente vem de anos."
As bolsas federais de pesquisa para estudantes de programas de mestrado e doutorado passaram uma
década sem reajustes no Brasil. De 2013 a 2022, os
valores pagos aos pesquisadores tiveram, na prática,
uma redução de 66,6% por conta da inflação no período.
Os pagamentos foram reajustados apenas em 2023, em
um percentual de 40%. [...]
Outros fatores
Incerteza de emprego
Incertezas sobre emprego após o doutorado podem
estar entre os motivos que afastam recém-formados da
pós-graduação. "O início de carreira em uma
universidade federal ou estadual está em valores muito
defasados em relação às expectativas de um profissional
após mais de 20 anos de formação", escreveu Colombari
no The Conversation. Além disso, as indústrias no Brasil
não absorvem doutores.
Perfil dos estudantes
A desaceleração do crescimento de matrículas na
graduação nas universidades públicas também pode
explicar a queda de ingressos no mestrado e doutorado.
Estudantes dessas instituições tendem a buscar mais a
pós-graduação após a formatura. Grande parte dos
novos formados, segundo análise publicada na Revista
Pesquisa Fapesp, é de universidades privadas, sem
interesse em se tornar mestres e doutores.
Universidades privadas
Colombari também escreveu [...] que o percentual de
doutores no quadro de professores nas universidades
privadas é muito baixo em comparação com o das
públicas. "O Ministério da Educação precisa exigir delas
o nível de educação que é pedido aos professores nas
universidades públicas", disse. Essa mudança poderia
absorver doutores formados e tornar a carreira mais
atrativa.
Quais são os impactos do cenário
A queda do interesse em programas de mestrado e
doutorado traz impactos de curto, médio e longo prazo
para o Brasil. A quantidade e a qualidade da produção
científica dependem da formação de pesquisadores, e
sem eles pode haver menor avanço do conhecimento
científico. Outros impactos incluem:
•redução da geração de tecnologias e inovações
•menos possibilidades de desenvolvimento econômico
•menos oportunidades de inclusão social por meio da
pesquisa
•menos recursos humanos (professores) para formar
novos profissionais na educação superior
•menos capacidade do país de enfrentar problemas
sociais
•redução da atratividade do país para o exterior
Ribeiro afirmou que os impactos variam dependendo da
área de pesquisa. "Curiosamente, contra o que muitos
pensariam, se compararmos os dados de publicações de
artigos científicos entre 2019 e 2022, notamos que houve
uma queda na produção de todas as áreas, exceto
humanidades e ciências humanas e sociais. É algo que
precisaria ser mais bem explicado", disse.
Ainda não é possível avaliar quais serão os efeitos do
reajuste nas bolsas de mestrado e doutorado em 2023.
Mesmo assim, segundo Ribeiro, as perdas são grandes.
"Perdemos vários anos. Perdemos na formação de
profissionais da graduação, de mestres e doutores e
também no ensino médio. Tudo isso precisa ser
restabelecido e recriado, o que não é fácil", afirmou.
"Investimento é a palavra que vem à boca de todos nós,
mas [mudar o cenário] também depende de mudar a
concepção do que foi feito e está no horizonte", disse.
"Temos o grande problema de não termos feito o trânsito
das áreas tradicionais de ensino para outras — talvez
mais pujantes, criativas e interdisciplinares — no
mestrado e doutorado, e também na graduação."
(Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2024/08/18/numero-baixo-de-pesquisadores-no-brasil-impacto-na-ciencia. Acesso em 03 dez. 2024. Adaptado.)
A partir da leitura do texto, é possível afirmar que:
I.No Brasil, entre as pessoas de 25 a 64 anos, menos de 1% tem mestrado. O mesmo percentual vale para pessoas com doutorado. Em ambos os casos, o país está muito aquém dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
II.A taxa de quem ingressou em mestrado ou doutorado, apesar de ter caído cerca de 10% em 2020, retomou o crescimento em 2021, alcançando o patamar de 2015.
III.Enquanto no Brasil, o percentual de pessoas de 25 a 64 anos com doutorado é de 0,3%, nos países da OCDE, esse valor ultrapassa 1%.
IV.Segundo levantamento da Capes, são possíveis impulsionadores da queda no número de mestrandos e doutorandos: processos seletivos exigentes e com foco em perfis específicos, carreira científica pouco atrativa e acesso a esses cursos com distribuição desigual dentro do Brasil.
É correto o que se afirma em:
I.No Brasil, entre as pessoas de 25 a 64 anos, menos de 1% tem mestrado. O mesmo percentual vale para pessoas com doutorado. Em ambos os casos, o país está muito aquém dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
II.A taxa de quem ingressou em mestrado ou doutorado, apesar de ter caído cerca de 10% em 2020, retomou o crescimento em 2021, alcançando o patamar de 2015.
III.Enquanto no Brasil, o percentual de pessoas de 25 a 64 anos com doutorado é de 0,3%, nos países da OCDE, esse valor ultrapassa 1%.
IV.Segundo levantamento da Capes, são possíveis impulsionadores da queda no número de mestrandos e doutorandos: processos seletivos exigentes e com foco em perfis específicos, carreira científica pouco atrativa e acesso a esses cursos com distribuição desigual dentro do Brasil.
É correto o que se afirma em: