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Q2088443 Português
Memórias de um aprendiz de escritor

    Escrevo há muito tempo. Costumo dizer que, se ainda não aprendi – e acho que não aprendi, a gente nunca para de aprender – não foi por falta de prática. Porque comecei muito cedo. Na verdade, todas as minhas recordações estão ligadas a isso, a ouvir e contar histórias. Não só as histórias dos personagens que me encantam, o Saci-Pererê, o Negrinho do Pastoreio, a Cuca, Hércules, Teseu, os Argonautas, Mickey Mouse, Tarzan, os Macabeus, os piratas, Tom Sawyer, Sacco e Vanzetti. Mas também as minhas próprias histórias, as histórias de meus personagens, estas criaturas reais ou imaginárias com quem convivi desde a infância.

    Na verdade, eu escrevi acima. Verdade é uma palavra muito relativa para um escritor de ficção. O que é verdade, o que é imaginação? No colégio onde fiz o segundo grau, o Júlio de Castilhos, havia um rapaz que tinha fama de mentiroso. Fama, não; ele era mentiroso. Todo mundo sabia que ele era mentiroso. Todo mundo, menos ele. 

    Uma vez, o rádio deu uma notícia alarmante: um avião em dificuldade sobrevoava Porto Alegre. Podia cair a qualquer momento. Fomos para o colégio, naquele dia, preocupados; e conversávamos sobre o assunto, quando apareceu ele, o mentiroso. Pálido:

     – Vocês não podem imaginar! 

    Uma pausa dramática, e logo em seguida:

     – Sabem este avião que estava em perigo? Caiu perto da minha casa. Escapamos por pouco. Gente, que coisa horrível! E começou a descrever o avião incendiando, o piloto gritando por socorro... Uma cena impressionante. Aí veio um colega correndo, com a notícia: o avião acabara de aterrizar, são e salvo. Todo mundo começou a rir. Todo mundo, menos o mentiroso:

    – Não pode ser! – Repetia, incrédulo, irritado. – Eu vi o avião cair!

     Agora, quando lembro este fato, concluo que não estava mentindo. Ele vira, realmente, o avião cair. Com os olhos da imaginação, decerto; mas para ele o avião tinha caído, e tinha incendiado, e tudo mais. E ele acreditava no que dizia, porque era um ficcionista. Tudo que precisava, naquele momento, era um lápis e papel. Se tivesse escrito o que dizia, seria um escritor; como não escrevera, tratava-se de um mentiroso. Uma questão de nomes, de palavras.

(SCLIAR, Moacyr. Memórias de um aprendiz de escritor. Editora Ibep Nacional. 2005.)
Considerando que os advérbios qualificam verbos e intensificam o sentido de adjetivos e de outros advérbios, assinale o trecho que evidencia circunstância de afirmação.
Alternativas

Gabarito comentado

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Alternativa correta: B - "Ele vira, realmente, o avião cair."

Explicação:

Vamos analisar a questão com calma. O enunciado pede para identificar o trecho que evidencia uma circunstância de afirmação. Para isso, precisamos entender que os advérbios podem qualificar verbos e intensificar o sentido de adjetivos e de outros advérbios, e que advérbios de afirmação confirmam a veracidade de uma ação, como "realmente", "certamente", "de fato", entre outros.

A alternativa B é a correta porque o advérbio "realmente" é um advérbio de afirmação, indicando certeza sobre a ação de ver o avião cair. Então, "Ele vira, realmente, o avião cair." mostra uma circunstância de afirmação, confirmando que ele, de fato, presenciou o evento (mesmo que seja com os olhos da imaginação).

Análise das alternativas incorretas:

A - "Porque comecei muito cedo."

Essa alternativa não apresenta uma circunstância de afirmação. O foco aqui está na justificativa temporal da ação de começar, sem o uso de advérbios de afirmação.

C - "Agora, quando lembro este fato, (...)"

Essa alternativa também não evidencia uma circunstância de afirmação. O advérbio "agora" indica tempo presente, mas não afirma a veracidade de uma ação.

D - "(...) a gente nunca para de aprender (...)"

Por fim, essa alternativa apresenta um advérbio de negação, "nunca", que nega a ação de parar de aprender. Não há aqui uma circunstância de afirmação.

Conclusão:

Para resolver a questão, foi necessário identificar o uso de advérbios e como eles qualificam ou intensificam a ação descrita, focando especificamente em advérbios de afirmação, que são os que confirmam a veracidade da ação.

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Comentários

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muito cedo.”= intensificação

Ele vira, realmente,= afirmação GABARITO

quando lembro= tempo

a gente nunca = negação

não custa nada vcs da plataforma disponibilizar os comentários e principalmente dos professores!

MAIS UMA VEZ : ZERO PRA PLATAFORMA

Uma dica: quando a palavra termina em "mente" é um advérbio. No contexto o termo "realmente" traz uma ideia afirmação que pode ser traduzida da seguinte maneira: ele vira, de fato, o avião cair. Nas demais alternativas o advérbio traz ideia de tempo

Alguém pode explicar como a letra B está intensificada pelo advérbio? Eu não entendi.

Estou estranhando que quase não está tendo comentários dos professores e nem de ninguém. Ao errar alguma questão fica complicado não saber o por quê.

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