O trecho abaixo aborda os temas da natureza e da cultura:
“Não são, portanto, a razão, a afetividade, nem mesmo a linguagem que distinguem, em última análise,
os seres humanos, mesmo que, à primeira vista, esses diversos elementos possam parecer discriminatórios. Quem tem um cão sabe perfeitamente que o cão é mais sociável e até muito mais inteligente
do que alguns seres humanos! Nesses dois aspectos só diferimos dos animais pelo grau, do maior ao
menor, mas não de modo radical, qualitativo. O critério de diferenciação entre o homem e o animal
reside em outro ponto. Rousseau vai situá-lo na liberdade, ou, como exprime por meio de uma palavra
que vamos analisar, na “perfectibilidade”. No animal, a natureza fala o tempo todo e fortemente, tão
fortemente que ele não tem a liberdade de fazer nada além de obedecer lhe. No homem, ao contrário,
domina certa indeterminação: a natureza está presente de fato, e muito, como nos ensinam todos os
biólogos. Contudo, o homem pode afastar se das regras naturais, e até criar uma cultura que se opõe
a elas. Por exemplo, a cultura democrática que vai tentar resistir à lógica da seleção natural para
garantir a proteção dos mais fracos” (FERRY, L. Aprender a viver. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. p.
130-133. Adaptado).
Segundo o texto de Luc Ferry, seguindo o pensamento de Rousseau, o que diferencia homem do
animal é a