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Q1214925 Português
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A vila perdida

Olhando do alto, a Vila Autódromo é uma faixa de terra com um aglomerado de casas. Chegando perto são escombros do que um dia foi uma comunidade. Segundo moradores, a ocupação começou nos anos 1960, quando pescadores instalaram moradias provisórias à beira da lagoa de Jacarepaguá. O autódromo veio depois. Os barracos aumentaram, casas de classe média foram construídas, melhorias urbanas foram conquistadas e as lutas por regularização e as ameaças de remoção se sucederam.
A vila tornou-se, especialmente para a imprensa estrangeira, símbolo do estilo truculento de fazer política pública no Brasil. Poderia ter se tornado o modelo de uma nova forma de tratar a política urbana.
Ao decidir pela remoção de várias famílias para a construção de via de acesso ao Parque Olímpico da Barra e para recuperação ambiental, o prefeito Eduardo Paes desprezou possibilidade de aproveitar, mesmo que em parte, projeto urbanístico premiado.
Preparado por arquitetos da UFRJ e da UFF, previa menos remoções e menos demolições. Só agora, após remover, propôs reurbanizar.
Como bem resumiu o jornal britânico "The Guardian", enquanto Londres usou os Jogos para revitalizar o East End e construir habitações populares, o Rio está desenvolvendo terra vazia para um mercado de luxo. São 31 prédios que abrigarão os atletas. Foram construídos e depois serão comercializados pelo empreiteiro Carlos Carvalho. Ao lado de Odebrecht e Andrade Gutierrez, investiu R$ 1 bilhão numa parceria com a prefeitura. Em troca, poderão explorar 40% da área que abriga o Parque Olímpico, vizinho à Vila Autódromo.
Carvalho, conhecido como o "rei da Barra", disse que não seria bom "arranhar" o destino de "bom gosto" da região com casas populares. Defendeu o espaço como "moradia de nobre, não moradia de pobre". Um retrato do Brasil. E do Rio.
Costa, Paula Cesarino. Jornal Folha de São Paulo, São Paulo, 2016. Disponível emhttp://www1.folha.uol.com.br/colunas/paulacesarinocos ta/2016/03/1748248-a-vila-perdida.shtml.Acesso em 21/04/2016. 
A autora lamenta a decisão tomada pela Prefeitura ao citar:
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