Leia o texto a seguir. “Até o século XIX, a Igreja tinha ce...
“Até o século XIX, a Igreja tinha certa tolerância em relação ao aborto. Acreditando que a alma só passava a existir no feto masculino após quarenta dias da concepção, e, no feminino, depois de oitenta, o que acontecesse antes da 'entrada da alma' não era considerado crime nem pecado. Tudo se complicava, porém, se pairassem dúvidas sobre o aborto ser resultado de uma ligação extraconjugal.
PRIORE, Mary Del.Histórias Íntimas: sexualidade e erotismo na História do Brasil . 2011.
De acordo com o disposto no texto, com base na história de gênero no Brasil e seus conhecimentos sobre o assunto, é correto afirmar que:
Acho que é C
O trecho destacado do texto de Mary Del Priore fornece uma perspectiva histórica sobre a tolerância da Igreja em relação ao aborto até o século XIX. Segundo o texto, havia uma crença de que a alma somente começava a existir no feto masculino após quarenta dias da concepção e no feminino, após oitenta dias. Durante esse período, o aborto não era visto como crime ou pecado pela Igreja, contudo, essa percepção mudava em caso de suspeitas de que a gravidez resultasse de uma relação extraconjugal.
A resposta correta para a questão, marcada pela letra E, indica que a atitude da Igreja em relação ao aborto e as diferenças de tratamento baseadas no gênero do feto estão alinhadas com o histórico de preconceitos de gênero existentes na sociedade brasileira. Esse entendimento se destaca diante das outras opções que sugerem a inexistência de preconceitos ou uma atitude democrática da Igreja, que não são respaldadas pelo contexto histórico apresentado.
Portanto, a posição da Igreja refletia e reforçava as desigualdades de gênero da época, onde havia uma clara distinção entre os sexos em relação ao momento em que se considerava que o feto adquiria alma, além de uma mudança de atitude perante casos de relações sexuais fora do matrimônio, apontando para uma moralidade vinculada a questões de gênero e status conjugal.