Analisando o poema catar feijão, de João Cabral de Melo Net...

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Q1392093 Português

Texto II

Catar Feijão


Catar feijão se limita com escrever:

joga-se os grãos na água do alguidar

e as palavras na folha de papel;

e depois, joga-se fora o que boiar.

Certo, toda palavra boiará no papel,

água congelada, por chumbo seu verbo:

pois para catar esse feijão, soprar nele,

e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

Ora, nesse catar feijão entra um risco:

o de que entre os grãos pesados entre

um grão qualquer, pedra ou indigesto,

um grão imastigável, de quebrar dente.

Certo não, quando ao catar palavras:

a pedra dá à frase seu grão mais vivo:

obstrui a leitura fluviante, flutual,

açula a atenção, isca-a como o risco.

MELO NETO, João Cabral de. Antologia Poética. 7. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1989.

Analisando o poema catar feijão, de João Cabral de Melo Neto, compreendemos que:

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