No texto acima transcrito, a autora defende a ideia de que:
Texto
- Clichês são expressões tão utilizadas e repetidas que se desgastaram e se afastaram de
- seu significado original. Essa espécie de "preguiça linguística", que poupa esforços, inibe a
- reflexão e multiplica a passividade entre interlocutor e receptor, permeia todos os níveis da
- linguagem, da conversa de elevador aos discursos políticos, passando, obviamente, pela
- mídia.
- Ao usar clichês como muletas do discurso, o texto certamente flui com facilidade - a
- linguagem, porém, empobrece. O clichê nasce como uma ideia criativa, mas é repetida à
- exaustão e se transforma em um cacoete. Ele está inserido num contexto que a gíria nunca
- alcança, e o provérbio sempre ultrapassa - a gíria pressupõe vitalidade, e o provérbio, ao
- contrário, já nasce cristalizado.
- Entre os chavões mais comuns estão as locuções e combinações invariáveis de palavras
- (sempre as mesmas, na mesma ordem), como "frio e calculista", "mentira deslavada" e
- "chuva torrencial". Esse tipo de clichê está presente na linguagem falada e escrita, seja
- formal ou informal.
- O desconforto em relação ao uso de clichês está na denotação de falta de originalidade,
- exigindo um mínimo de produção e de interpretação. Por outro lado, os clichês presentes
- em um texto, um filme ou uma conversa apenas são entendidos como tal se os
- interlocutores tiverem referências em comum.
- A tensão entre a necessidade de ser entendido e a vontade de fazê-lo com expedientes
- criativos e originais pode levar, num extremo, à adoção de uma linguagem privada e
- ininteligível. Segundo o psicanalista e sociólogo alemão Alfred Lorenzer, o indivíduo se
- afasta da interação social por conta do uso de palavras-chave, que ele emprega sem
- pensar no que significam e que recebe e repassa como moeda de mercado.
(Adaptado de Tatiana Napoli. Língua Portuguesa. São Paulo: Escala educacional, nº 17, p. 48-51)
No texto acima transcrito, a autora defende a ideia de que: