... com pena deste seu pai, que nunca a teve. (último parágr...

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Q115836 Português

                                                                        Rita   

 No meio da noite despertei sonhando com minha filha Rita. Eu a via nitidamente, na graça de seus cinco anos.

    Seus cabelos castanhos – a fita azul – o nariz reto, correto, os olhos de água, o riso fino, engraçado, brusco...

    Depois um instante de seriedade; minha filha Rita encarando a vida sem medo, mas séria, com dignidade.

    Rita ouvindo música; vendo campos, mares, montanhas; ouvindo de seu pai o pouco, o nada que ele sabe das coisas, mas pegando dele seu jeito de amar – sério, quieto, devagar.

    Eu lhe traria cajus amarelos e vermelhos, seus olhos brilhariam de prazer. Eu lhe ensinaria a palavra cica, e também a amar os bichos tristes, a anta e a pequena cutia; e o córrego; e a nuvem tangida pela viração.

    Minha filha Rita em meu sonho me sorria – com pena deste seu pai, que nunca a teve. 

                             (Rubem Braga. 200 Crônicas escolhidas. 13. ed. Rio de Janeiro. Record, 1998, p.200)

... com pena deste seu pai, que nunca a teve. (último parágrafo)


O pronome relativo grifado na frase acima está também presente na seguinte frase:

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