Considere o trecho: Eles responderam: "Zixia disse: ‘Associ...

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Q1007927 Português

Dignidade e paciência

André Bueno

Professor Adjunto da UERJ 

Confúcio levanta um problema sério para qualquer buscador da sabedoria: quais os limites da dignidade e da paciência? O mestre, por vezes, suportou ofensas atrozes de man eira inexpugnável; por outras vezes, revoltou-se, de imediato, com certos acontecimentos. Há um padrão para lidar com os problemas sem perder o controle? E, se existe, qual é? 

Nos Diálogos de Confúcio (Lunyu), está escrito que os discípulos de Zixia perguntaram a Zizhang sobre as relações sociais. Zizhang disse: "O que Zixia vos disse?" Eles responderam: "Zixia disse: ‘Associai-vos ao tipo certo de pessoas; evitai aquelas que não são do tipo certo’”. Zizhang disse: "Ensinaram-me algo um pouco diferente: um cavalheiro respeita os sábios e tolera os medíocres, louva os bons e tem compaixão pelos incapazes. Se tenho uma vasta sabedoria, quem eu não toleraria? Se não tenho uma vasta sabedoria, as pessoas me evitarão. Com base em que deveria eu evitá-las?". 

Em A Justa Medida (Zhong Yong), também se diz: "Se alguém faz dez vezes o que outros fazem uma vez; se faz cem o que outros fazem dez; se faz mil o que outros fazem cem, essa atitude leva à sabedoria". Ambos os trechos mostram que o exercício da paciência e da dignidade são práticas constantes, e seu domínio procede de uma intensa, profunda e dedicada atenção. Elas procedem do desejo de não buscar o conflito desnecessário, de atentar ao conjunto das possibilidades de resolução e de ponderar corretamente, sem fazer concessões levianas ou abandonar o que é correto. 

Porém, em situações extremas, não há o que fazer para alterar o curso das coisas: pior, manter - se numa determinada posição pode mesmo significar um envolvimento – ou compromisso – com a causa dos problemas. Nessas situações, é melhor dar as costas ao mundo e seguir adiante. Se não se pode combater o problema frontalmente, e se a arte do indireto não serve para a elucidação daqueles envolvidos no erro, então, pôr-se a caminho não é covardia ou medo – é apenas a constatação de que nada pode ser feito, e a dignidade real consiste em conter-se e ausentar-se do contexto em erro. 

No hexagrama 61 do Tratado das Mutações (Yijing), analisa-se a "verdade interior", a autenticidade realizante, derivada da centralidade do indivíduo. A sexta linha, que conclui o hexagrama, traz um comentário interessante: "O galo canta para o céu, mas não voa". Isso significa: podemos denunciar os crimes, mas, se não pudermos voar, se não tivermos o poder e a autoridade para corrigi-los, acabaremos só criando mais problemas. Portanto, nessas horas, por mais certos que estivermos, precisamos nos conter e praticar a paciência com dignidade. Tolerar é uma virtude; comedir-se, uma excelência. A covardia só existe quando alguém pode, de fato, resolver uma questão, mas se ausenta, seja por medo ou por compromisso. Quando alguém desconhece a própria força, deve cuidar-se para não confundir humildade com indulgência perante os erros. A autoridade moral para enfrentar as indignidades é difícil de se obter, e a paciência é confundida com covardia. Mas o buscador da sabedoria deve ter um compromisso, antes de tudo, com o que é apropriado e consigo mesmo, não temendo a reprovação alheia. "Sem princípios comuns é inútil discutir”, afirma Confúcio.


BUENO, André. Dignidade e paciência. Filosofia, ciência e vida. São Paulo: Editora Escala, Ed. 147, fev., 2019. p. 54-55. [Adaptado]. 

Considere o trecho:

Eles responderam: "Zixia disse: ‘Associai-vos ao tipo certo de pessoas; evitai aquelas que não são do tipo certo’”.

Em relação ao uso dos sinais de pontuação presentes no trecho, é correto afirmar:

Alternativas

Comentários

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GABARITO: LETRA C

→ precisamos voltar ao texto, pois temos mais dados, como o pronome "eles" presente:

Eles responderam: "Zixia disse: ‘Associai-vos ao tipo certo de pessoas; evitai aquelas que não são do tipo certo’.

→ o ponto final finaliza toda a sequência, a qual foi iniciada pelo pronome "eles".

FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☻

Análise:

→ Eles responderam: "Zixia disse: ‘Associai-vos ao tipo certo de pessoas; evitai aquelas que não são do tipo certo’.

Eles= sujeito

responderam= verbo transitivo direto

"Zixia disse: ‘Associai-vos ao tipo certo de pessoas; evitai aquelas que não são do tipo certo’= Objeto Direto.

O objeto também poderia ser substituído pela palavra "isso" tornando mais evidente o complemento do verbo.

Mas o que tem haver o ponto?

=> Eles responderam isso.

Portanto ele encerra o período iniciado pelo pronome Ele.

Gab: C

Eles responderam: "Zixia disse(1): ‘Associai-vos ao tipo certo de pessoas; evitai aquelas que não são do tipo certo(2)’”.

Temos aqui duas citações de Discurso direto.

O pronome eles inicia uma sequencia, pois é o sujeito da oração: "Eles responderam isso.

As alternativas:

A) (Errada, porque as aspas são obrigatórias e marcam Discurso Direto);

B) (Errada, porque não encerra apenas uma, mas duas citações de Discurso Direto);

C) Gabarito: O ponto encerra uma sequencia de Discurso Direto, iniciada por Eles: "Eles disseram isso";

D) (Errada, porque, nesse caso, as aspas duplas representam um Discurso Direto; as aspas simples representam outro Discurso Direto dentro de outro, nesse caso.

Algumas regras básicas sobre o uso de aspas:

1º  abrir e fechar citações.

2º exprimir ironia ou conferir destaque a uma palavra ou expressão empregada fora de seu contexto habitual.

3º neologismos, arcaísmos ou gírias.

4º empréstimos linguísticos (estrangeirismos)

5º  título de uma obra. 

Sucesso, Bons estudos , Nãodesista!

Olá!

Gabarito: C

Bons estudos!

-Você nunca sai perdendo quando ganha CONHECIMENTO!

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