“Com enorme facilidade, posso encontrar indivíduos ‘iguais’ ...

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Q412024 Português
                       Internet e a importância da imprensa

       Este artigo não é sobre a pornografia no mundo virtual nem tampouco sobre os riscos de as redes sociais empobrecerem o relacionamento humano. Trata de um dos aspectos mais festejados da internet: o empowerment (“empoderamento”, fortalecimento) do cidadão proporcionado pela grande rede.
       É a primeira vez na História em que todos, ou quase todos, podem exercer a sua liberdade de expressão, escrevendo o que quiserem na internet. De forma instantânea, o que cada um publica está virtualmente acessível aos cinco continentes. Tal fato, inimaginável décadas atrás, vem modificando as relações sociais e políticas: diversos governos caíram em virtude da mobilização virtual, notícias antes censuradas são agora publicadas na rede, etc. Há um novo cenário democrático mais aberto, mais participativo, mais livre.
       E o que pode haver de negativo nisso tudo? A facilidade de conexão com outras pessoas tem provocado um novo fenômeno social. Com a internet, não é mais necessário conviver (e conversar) com pessoas que pensam de forma diferente. Com enorme facilidade, posso encontrar indivíduos “iguais” a mim, por mais minoritária que seja a minha posição.
       O risco está em que é muito fácil aderir ao seu clube” e, por comodidade, quase sem perceber, ir se encerrando nele. Não é infrequente que dentro dos guetos, físicos ou virtuais, ocorra um processo que desemboca no fanatismo e no extremismo.
       Em razão da ausência de diálogo entre posições diversas, o ativismo na internet nem sempre tem enriquecido o debate público. O empowerment digital é frequentemente utilizado apenas como um instrumento de pressão, o que é legítimo democraticamente, mas, não raras vezes, cruza a linha, para se configurar como intimidação, o que já não é tão legítimo assim...
       A internet, como espaço de liberdade, não garante por si só a criação de consensos nem o estabelecimento de uma base comum para o debate.
       Evidencia-se, aqui, um ponto importante. A internet não substitui a imprensa. Pelo contrário, esse fenômeno dos novos guetos põe em destaque o papel da imprensa no jogo democrático. Ao selecionar o que se publica, ela acaba sendo um importante moderador do debate público. Aquilo que muitos poderiam ver como uma limitação é o que torna possível o diálogo, ao criar um espaço de discussão num contexto de civilidade democrática, no qual o outro lado também é ouvido.
       A racionalidade não dialogada é estreita, já que todos nós temos muitos condicionantes, que configuram o nosso modo de ver o mundo. Sozinhos, nunca somos totalmente isentos, temos sempre um determinado viés. Numa época de incertezas sobre o futuro da mídia, aí está um dos grandes diferenciais de um jornal em relação ao que simplesmente é publicado na rede.
       Imprensa e internet não são mundos paralelos: comunicam-se mutuamente, o que é benéfico a todos. No entanto, seria um empobrecimento democrático para um país se a primeira página de um jornal fosse simplesmente o reflexo da audiência virtual da noite anterior. Nunca foi tão necessária uma ponderação serena e coletiva do que será manchete no dia seguinte.
       O perigo da internet não está propriamente nela. O risco é considerarmos que, pelo seu sucesso, todos os outros âmbitos devam seguir a sua mesma lógica, predominantemente quantitativa. O mundo contemporâneo, cada vez mais intensamente marcado pelo virtual, necessita também de outros olhares, de outras cores. A internet, mesmo sendo plural, não tem por que se tornar um monopólio.

                                       (CAVALCANTI, N. da Rocha. Jornal “O Estado de S. Paulo”, 12/05/14, com adaptações.)


“Com enorme facilidade, posso encontrar indivíduos ‘iguais’ a mim, por mais minoritária que seja a minha posição.” (§ 3)

Das modificações feitas na redação do período transcrito acima, aquela em que houve flagrante alteração do sentido original é:
Alternativas

Comentários

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Letra E

A primeira frase "Com enorme facilidade" não se altera em nenhuma alternativa.

A segunda frase "posso encontrar indivíduos iguais a mim" também não se altera.

A terceira frase "por mais minoritária que seja a minha posição" sofre alteração.

"Por mais" introduz uma oração subordinada adverbial concessiva (ideia contrária à principal).

a) "Mesmo sendo" é uma conjunção concessiva, introduz uma oração subordinada adverbial concessiva - Ideia contrária.

b) "Malgrado" significa "apesar de" e é uma conjunção concessiva, introduz uma oração subordinada adverbial concessiva.

c) "Porquanto" é uma conjunção concessiva, introduz uma oração subordinada adverbial concessiva.

d) "Ainda que" é uma conjunção concessiva também.

e) "Em decorrência de" pode indicar uma causa, consequência ou explicação. Ou seja, apresenta alteração do sentido original.

Não entendi. 

"Por mais que", "mesmo que", "malgrado", "ainda que" são todos concessivos

"Porquanto" e "em decorrência de" são causais.

Ainda fui no site da FUNCAB para ver se houve alguma retificação do gabarito desse concurso mas continuou tudo como estava.

Luiz confundiu. Conquanto é concessivo e não porquanto. Porquanto tem essa semântica: 

 

1. conjunção coordenativa explicativa: porque, pois, que
2. conjunção subordinativa causal: porque, pois, como, por isso que, visto que, etc

 

O pessoal marca útil, mas cuidado pra não aprender errado. Questão digna de ser anulada.

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