Na exata medida em que a iniciação é, inegavelmente, uma com...
Na exata medida em que a iniciação é, inegavelmente, uma comprovação da coragem pessoal, esta se exprime – se é que podemos dizê-lo – no silêncio oposto ao do sofrimento. Entretanto, depois da iniciação, já esquecido todo sofrimento, ainda subsiste algo, um saldo irrevogável, os sulcos deixados no corpo pela operação executada com a faca ou a pedra, as cicatrizes das feridas recebidas. Um homem iniciado é um homem marcado. O objetivo da iniciação, em seu momento de tortura, é marcar o corpo: no ritual iniciatório, a sociedade imprime sua marca no corpo dos jovens. Ora, uma cicatriz, uma marca, são indeléveis (...) A marca é um obstáculo ao esquecimento, o próprio corpo traz impressos em si os sulcos da lembrança – o corpo é uma memória (CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora S.A., 1988, p.128)
No referido trecho, o antropólogo francês Pierre Clastres, demonstra como nas chamadas
sociedades primitivas o corpo tinha o status de uma escritura, sobre a qual as normas, os
costumes sociais eram inevitavelmente inscritos. Diante disto, qual a alternativa que NÃO se
aproxima do debate por Clastres: