Em “nada disso pode deter a ascensão quantitativa da literat...
Para onde vão as palavras
Como se sabe, a palavra durante algum tempo foi obrigada a recuar diante da imagem, e o mundo escrito e impresso diante do falado na tela. Tiras de quadrinhos e livros ilustrados com um mínimo de texto hoje não se destinam mais somente a iniciantes que estão aprendendo a soletrar. De muito mais peso, no entanto, é o recuo da notícia impressa em face da notícia falada e ilustrada. A imprensa, principal veículo da esfera pública no século XIX assim como em boa parte do século XX, dificilmente será capaz de manter sua posição no século XXI.
Mas nada disso pode deter a ascensão quantitativa da literatura. A rigor, eu quase diria que - apesar dos prognósticos pessimistas - o mais importante veículo tradicional da literatura, o livro impresso, sobreviverá sem grande dificuldade, com poucas exceções, como as das enciclopédias, dos dicionários, dos compêndios de informação etc., os queridinhos da internet.
Fonte: HOBSBAWM, Eric. Tempos fraturados. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 29-30. (trecho adaptado)
Em “nada disso pode deter a ascensão quantitativa da literatura”, a locução adverbial pode ser substituída, sem prejuízo ao texto, pela conjugação: