A autora afirma preferir o e-mail, por tratar-se de uma form...

Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Q475555 Português
                            Matusalém*
      Não sei como, não sei quando, não sei por quê, fui incluída, à minha revelia, em um site de relacionamentos. Faz dias que meu e-mail é invadido por desconhecidos interessados em estabelecer contato comigo.
      Na primeira vez que dei com a mensagem na tela, corri para as letras miúdas, a fim de cancelar a inscrição. Procedi como indicado, mas apareceu uma mensagem exigindo a senha. Eu não tinha a menor ideia do número da senha, eu não me lembro de ter cadastrado uma senha. Jamais, em hipótese alguma, eu me engajaria em um site de relacionamentos. Sou sociofóbica, nasci em meados do século passado e suspeito da massa de anônimos que povoam o ciberespaço.
      Cliquei em “Esqueceu sua senha?”, e esperei pela nova, a ser enviada. Demorou, demorou, e nunca chegou. Escrevi para a entidade fantasma – cuja central de atendimento deve ser no México,na Rússia ou em Porto Rico –, exigindo a retirada do meu nome de
circulação. Não há números de telefones disponíveis, nem qualquer ser humano que dê atenção ao meu trauma. A cada contato, o cérebro eletrônico me lê como usuária assídua e redobra a seleção de contatos. Quem controla esse abuso? É o Procon?
      Parei no e-mail. Eu amo e-mail. Você escreve quando pode e recebe quando é conveniente. É uma troca pessoal e intransferível, serve de documento e ainda obriga o cidadão a escrever alguma língua direito, com sujeito, verbo e predicado.
      Usei o Twitter uma vez e saí batido, impressionada com o número de estranhos que passaram a me tratar como íntima. Não achei prudente a exposição.
      A internet foi, e é, o estopim das manifestações de massa que explodiram mundo afora. Como sou antiga e uso meu computador como máquina de escrever e correio, só soube do acontecido depois que aconteceu. Meu filho de 13, não, esse estava informado sobre tudo.
      Peco pelo conservadorismo, leio jornal impresso e me informo pela televisão. Ainda assim, ignorante, solitária e ultrapassada, troco toda a consciência pela glória da minha privacidade. Não nasci para o Facebook, o Instagram e o LinkedIn. Estacionei no caráter enciclopédico, epistolar*, matusalênico* das novas tecnologias.
(Fernanda Torres, Veja Rio, 15.07.2013, http://zip.net/bjlQrh, 17.12.2013. Adaptado)

* Matusalém: patriarca da Bíblia que teria morrido com 969 anos
* epistolar: relativo a cartas
* matusalênico: velho, antigo

A autora afirma preferir o e-mail, por tratar-se de uma forma de comunicação
Alternativas

Gabarito comentado

Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores

Para responder a esta questão, precisamos focar na interpretação de texto. A autora do texto expressa sua preferência pelo e-mail como meio de comunicação, destacando suas qualidades. Vamos analisar por que a alternativa correta é a letra A - particular.

No texto, a autora menciona que ama o e-mail porque “você escreve quando pode e recebe quando é conveniente”. Isso sugere um caráter de privacidade e individualidade, ou seja, é uma comunicação particular. Essa palavra-chave é essencial para entender o motivo da escolha. O e-mail, conforme descrito, é uma forma de comunicação que não impõe a exposição pública, diferente das redes sociais mencionadas.

Agora, vamos analisar as alternativas incorretas:

B - anônima: No texto, a autora menciona que suspeita da “massa de anônimos que povoam o ciberespaço”, mas quando fala do e-mail, ela o descreve como algo pessoal e não anônimo. Portanto, essa alternativa está incorreta.

C - inovadora: A autora não descreve o e-mail como inovador. Pelo contrário, ela reflete uma postura mais tradicional, afirmando que usa o computador como “máquina de escrever e correio”. Assim, o e-mail não é destacado por sua inovação no contexto apresentado.

D - massificada: A expressão “massificada” se refere a algo que é amplamente utilizado por muitos, mas a autora prefere o e-mail justamente por ser uma troca pessoal e menos exposta. Portanto, essa alternativa também está incorreta.

E - displicente: Displicente significa negligente ou sem cuidado, e a autora valoriza o e-mail por obrigar a escrita correta, com “sujeito, verbo e predicado”. Isso demonstra cuidado e atenção, tornando essa alternativa inadequada.

Em resumo, a alternativa A - particular é a correta porque se alinha com a descrição da autora sobre a natureza do e-mail como uma comunicação pessoal e privada.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Clique para visualizar este gabarito

Visualize o gabarito desta questão clicando no botão abaixo

Comentários

Veja os comentários dos nossos alunos

dis·pli·cen·te
(latim displicens, -entis, particípio presente de displiceo, -ere, desagradar)

adjetivo de dois gêneros e substantivo de dois gêneros

1. Que ou o que causa desagrado, descontentamento ou insatisfação.

2. Que ou o que não se empenha ou demonstra falta de interesse. = NEGLIGENTEEMPENHADO, INTERESSADO, ZELOSO


"displicente", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://priberam.pt/dlpo/displicente [consultado em 26-01-2016].

Letra A - Particular: "Eu amo e-mail. Você escreve quando pode e recebe quando é conveniente. É uma troca pessoal e intransferível"

Displicência: Descuido, desinteresse, indiferença

 

https://www.dicio.com.br/displicencia/

Clique para visualizar este comentário

Visualize os comentários desta questão clicando no botão abaixo