Qual o registro geológico, dentre os abaixo apresentados, é...
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Alternativa correta: A - Arenitos fluviais jurássicos
A Bacia do Recôncavo é uma importante bacia sedimentar localizada no estado da Bahia, Brasil. Ela é famosa por suas acumulações de petróleo e gás e por sua complexa história geológica. Entender os tipos de registros geológicos presentes em uma bacia é crucial para exploradores que buscam recursos naturais e para geólogos que estudam a evolução das bacias sedimentares.
Justificativa da alternativa correta:
A opção A destaca arenitos fluviais jurássicos como registros geológicos da Bacia do Recôncavo. Esses arenitos formaram-se em ambientes fluviais, que são áreas onde o transporte e a deposição de sedimentos são feitos principalmente por rios. Na Bacia do Recôncavo, essa formação está associada ao estágio inicial da evolução da bacia durante o Jurássico, quando ocorreu o rifteamento que deu origem a essa bacia sedimentar. Esse tipo de deposição fluvial é comum nas fases iniciais do desenvolvimento de bacias rifte.
Análise das alternativas incorretas:
Alternativa B menciona arenitos turbidíticos neocretácicos. Turbiditos são comuns em ambientes marinhos profundos, onde ocorrem correntes de turbidez. No entanto, essa formação não é característica da Bacia do Recôncavo, que se desenvolveu majoritariamente em contextos continentais durante o Jurássico.
Alternativa C refere-se a calcarenitos marinhos aptianos. Os calcarenitos são rochas sedimentares que se formam em ambientes marinhos, mas o Aptiano é um estágio do Cretáceo, e esse tipo de registro não é encontrado na Bacia do Recôncavo.
Alternativa D trata de evaporitos marinhos albianos. Evaporitos formam-se em ambientes de alta evaporação, como lagos salgados e mares restritos, durante o Albiano, uma fase do Cretáceo. Contudo, a Bacia do Recôncavo não apresenta evaporitos dessa idade em seu registro sedimentar.
Alternativa E menciona folhelhos marinhos jurássicos/eocretácicos. Folhelhos são rochas sedimentares formadas em ambientes marinhos baixos em oxigênio, mas a Bacia do Recôncavo não tem uma deposição marinha predominante durante os períodos mencionados.
Entender os tipos de sedimentos que se acumulam em diferentes bacias e os ambientes de deposição é fundamental para a interpretação geológica e para a exploração de recursos. A geologia da Bacia do Recôncavo é complexa, mas o reconhecimento de seus principais registros sedimentares é essencial.
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A origem da Bacia do Recôncavo está atrelada ao processo de estiramento
crustal que, durante o Eocretáceo, resultou na fragmentação do continente
Gondwana e na abertura do Oceano Atlântico sobre o Cráton do São Francisco.
A bacia compõe o conjunto de depósitos cretácicos que ocorrem ao longo
da margem leste brasileira. Constitui o segmento de um rifte intracontinental
abortado e sua arquitetura básica reflete um semi-gráben com orientação NE
SW, onde a falha de borda ao leste apresenta rejeito eventualmente superior a
6.000m.
O embasamento pré-cambriano da bacia é formado por rochas arqueanas
a paleoproterozóicas, pertencentes ao Bloco Serrinha e aos cinturões Itabuna
Salvador-Curaçá, e por rochas metassedimentares de idade neoproterozóica
pertencentes ao Grupo Estância.
O preenchimento sedimentar compreende a fase sinéclise, Sequência
Permiana, que é constituída pelos membros Pedrão e Cazumba, ambos da
Formação Afligidos, depositados sob condições de bacia intracratônica. O
Membro Pedrão caracteriza-se por sedimentos clásticos, evaporitos e laminitos
algais, depositados em contexto marinho cujos depósitos podem ser
relacionados às formações Pedra de Fogo (Bacia do Parnaíba), Aracaré (Bacia
do Sergipe-Alagoas) e Santa Brígida (bacias do Tucano Norte e do Jatobá). O
Membro Cazumba, por sua vez, é constituído por depósitos continentais
representados dominantemente por pelitos e lamitos lacustres avermelhados,
com nódulos de anidrita na base da seção (Milhomem et al., 2003).
Em função do controle que a atividade tectônica exerceu sobre a
sedimentação, o preenchimento da bacia desenvolveu-se em três fases
principais, correspondendo a três supersequências representadas na carta
estratigráfica adotada.
A fase pré-rifte representa a primeira supersequência estratigráfica, reúne
depósitos relacionados ao estágio inicial de flexura da crosta e se estende do
Neojurássico (Andar Dom João) ao Eocretáceo/Eoberriasiano. Essa etapa
envolve três ciclos flúvio-eólicos representados pelo Membro Boipeba da
Formação Aliança e pelas formações Sergi e Água Grande. Estes ciclos são
separados por transgressões lacustres representadas por sedimentos do
Membro Capianga da Formação Aliança e por sedimentos da Formação
Itaparica.
A supersequência que corresponde à fase rifte teve início com o aumento
da taxa de subsidência e uma brusca mudança climática, quando novamente
implantou-se um sistema lacustre, anóxico e inicialmente raso, com a deposição
dos sedimentos do Membro Tauá da Formação Candeias (Eoberriasiano), cujo
término marca o início da intensa tafrogenia.
A deposição de sedimentos argilosos intercalados com carbonatos (Membro
Gomo da Formação Candeias) ocorreu devido à formação de lagos profundos
oriundos do processo de tafrogênese. Nas áreas mais subsidentes, ocorreram, com
frequência, correntes de turbidez provenientes de NW, que depositaram arenitos
turbidíticos intercalados na seção pelítica.
Com a ampliação e o aprofundamento da bacia, iniciou-se a sedimentação da
Formação Maracangalha (Valanginiano a Eoaptiano), acentuando-se nos blocos
baixos das grandes falhas a deposição de espessas sequências de arenitos
turbidíticos do Membro Caruaçu. Na mesma época, associada à volumosa
sedimentação clástica grosseira nas depressões, houve o início do processo de
argilocinese, que perduraria até o Andar Buracica (Barremiano).
Desde o final do Andar Rio da Serra até a porção média do Andar Aratu
(Hauteriviano) a bacia apontava uma crescente quiescência tectônica e subsidência
pouco acentuada. Por sobre uma sedimentação lacustre, partindo de NW, se
estabeleceu a progradação de um sistema flúvio-deltaico que representa os
sedimentos da Formação Marfim, sobreposto por um sistema deltaico da Formação
Pojuca.
No Andar Buracica (Barremiano) iniciou-se a fase final de assoreamento da
bacia, com a instituição de uma sedimentação fluvial, provinda também de NW, que
deu origem aos arenitos da Formação São Sebastião (até o Eoaptiano). Durante toda
a fase rifte, leques aluviais sintectônicos (Formação Salvador) foram depositados junto
ao sistema de falhas da borda leste, intercalando-se aos demais sedimentos.
A fase pós-rifte reflete a terceira supersequência contemplada com relevância
pelo corpo histórico sedimentar da bacia e caracteriza-se pelos conglomerados
pertencentes à Formação Marizal, de idade Neo-alagoas (Neo-aptiano). Trata-se de
uma sequência elástica superior que cobre parcialmente a supersequência sin-rifte,
embora não esteja relacionada com subsidência térmica.
Ressalta-se também a ocorrência de sedimentos terciários representada pelas
fácies de leques aluviais pliocênicos que caracterizam a Formação Barreiras e pelos
folhelhos cinza-esverdeados e calcários impuros da Formação Sabiá. Estes últimos
testemunham uma incursão marinha de idade miocênica (Milhomem et al., 2003).
SISTEMAS PETROLÍFEROS
O principal sistema petrolífero da Bacia do Recôncavo é definido pelo
encadeamento entre a alimentação pela Formação Candeias (Rifte) e o
armazenamento pela Formação Sergi (Pré-Rifte).
Mello et al. (1994) definiram alguns outros sistemas petrolíferos secundários
como sendo Gomo-Marfim, onde os folhelhos lacustres da Formação Candeias
(Membro Gomo) representam a rocha geradora da bacia e os arenitos deltaicos da
Formação Marfim atuam como rocha reservatório.
Ainda considerando a Formação Candeias e a assumindo como única rocha
geradora relevante da bacia, definimos os sistemas petrolíferos, quais sejam:
Candeias/Sergi (!), Candeias/Água Grande (!), Candeias/Candeias (!) e
Candeias/Ilhas (!).
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