Considere o texto a seguir: Estimativas do hiato do produto...
Estimativas do hiato do produto (isto é, a diferença entre o PIB corrente e o PIB potencial) para a economia brasileira apontam para -7% a -8% e com um fechamento lento, somente no começo da próxima década. Além disso, as projeções de mercado apontam para inflação abaixo da meta até dezembro de 2019.
REZENDE, F. Qual o futuro dos juros? Valor Econômico, São Paulo, 3, 4, 5 mar. 2018.
Se as estimativas e projeções mencionadas no texto estiverem corretas, supondo tudo o mais constante, um banco central cuja política monetária se baseie estritamente numa regra de Taylor, em que são conferidos pesos iguais aos objetivos de atingir a meta de inflação e o produto potencial, deveria
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GAB: B
Pegando como exemplo o regime de metas de inflação do governo brasileiro, o BACEN estipula uma meta para a inflação (geralmente, uma "banda", onde a inflação pode variar). Em regra essa meta é estipulada um ano antes. Se no decorrer do período a inflação ameaça romper essa meta, adota-se uma política monetária restritiva contendo tal avanço.
Se a inflação ficar abaixo da meta o BACEN pode adotar uma política monetária expansiva, como foi dado na alternativa reduzindo a taxa de jurosconsequentemente aumentando os investimentos
Segundo a regra de Taylor, e coeteris paribus, o indicado seria REDUZIR a taxa selic, para fins de aquecimento da economia via majoração dos investimentos, pois I = f (r), dessa forma elevando-se o PIB corrente frente ao potencial projetado, reduzindo-se o hiato do produto.
Entretanto, há que se ponderar a ocorrência da armadilha de liquidez, pois a taxa selic à época da matéria girava em torno de (+/-) 6,40 a.a. Isso demonstra que a mesma era muito baixa, razão pela qual a inflação pode acelerar em tal hipótese. A maior prova disso é que, de fato, a SELIC foi reduzida de lá pra cá (2019-2020), estando hoje em 2,15 a.a., numa verdadeira armadilha da liquidez, situação na qual não é possível sequer praticar uma política monetária para aquecer a economia. O pior nesse quadro é a depreciação enorme do câmbio (atualmente em 1 dólar para 5, 5 reais), o que desloca a produção doméstica para o mercado externo, criando surto inflacionário na cesta básica, tendo em vista que o Brasil é um país agroexportador.
Bons estudos.
PIBefetivo < PIBpotencial: hiato de produto negativo = hiato deflacionário
O país está produzindo abaixo de sua capacidade. Há pressão para queda nos preços.
Nesse caso, reduz-se a taxa básica de juros de curto prazo. A redução da taxa de juros pode estimular a atividade econômica, aumentar o investimento e o consumo, o que pode ajudar a impulsionar a demanda agregada e, consequentemente, reduzir o hiato de produto negativo. Ao reduzir a taxa de juros, o custo do crédito fica mais baixo, incentivando empresas e consumidores a realizar investimentos e gastos. Isso pode estimular a produção e o emprego, ajudando a reduzir o hiato de produto. Além disso, uma redução na taxa de juros pode contribuir para um enfraquecimento da moeda doméstica, o que tornaria as exportações mais competitivas no mercado internacional, estimulando ainda mais a produção e o crescimento econômico.
A Regra de Taylor sugere que o banco central ajusta a taxa básica de juros com base no desvio da inflação em relação à meta e no desvio do produto em relação ao seu nível potencial (o chamado "hiato do produto"). No texto, há dois fatores principais:
- Hiato do produto negativo: Significa que o PIB corrente está abaixo do PIB potencial, indicando uma economia com baixa demanda. Isso geralmente pressiona os bancos centrais a reduzir os juros, para estimular a atividade econômica.
- Inflação abaixo da meta: Se a inflação está abaixo da meta, também é um indicativo de que a demanda é fraca, o que reforça a necessidade de estímulo monetário, ou seja, de reduzir os juros.
Portanto, com base nesses fatores e supondo que a política monetária segue a Regra de Taylor com pesos iguais para os dois objetivos, a ação mais apropriada seria:
Alternativa B: reduzir a taxa básica de juros de curto prazo.
Analisando cada Alternativa:
Alternativa A:
- Comentário: Um aumento da taxa básica de juros é uma medida tradicional para conter a inflação, quando ela está acima da meta ou quando a economia está superaquecida (com o produto acima do potencial, ou seja, com um hiato positivo). No caso apresentado, o hiato do produto está negativo (a economia está operando abaixo do seu potencial) e a inflação está abaixo da meta, o que sugeriria o oposto – que os juros deveriam ser reduzidos, e não aumentados. Portanto, essa alternativa não é apropriada para a situação descrita.
Alternativa B:
- Comentário: A redução da taxa básica de juros é uma medida de estímulo à economia, usada quando o produto está abaixo do seu potencial (hiato do produto negativo) ou quando a inflação está abaixo da meta, o que também pode indicar uma demanda fraca. No cenário descrito, ambos os fatores (inflação abaixo da meta e hiato do produto negativo) apontam para a necessidade de reduzir os juros para estimular a economia. Essa é a alternativa correta, pois está alinhada com a lógica da Regra de Taylor, que sugere cortes nos juros quando a inflação e a atividade econômica estão abaixo de seus níveis desejados.
Alternativa C:
- Comentário: Manter a taxa de juros seria uma escolha neutra, implicando que o banco central acredita que a economia está em equilíbrio, sem necessidade de estímulo ou restrição. No entanto, no cenário apresentado, o hiato do produto negativo e a inflação abaixo da meta sugerem que há espaço e necessidade para estímulo econômico. Manter os juros poderia ser interpretado como inação diante de uma economia fraca, o que não seria ideal nesse contexto.
Alternativa D:
- Comentário: A taxa de juros real neutra é o nível de juros que mantém a economia em equilíbrio, sem pressionar a inflação para cima nem para baixo. Um aumento dessa taxa indicaria uma política monetária mais restritiva a longo prazo, o que faria sentido se a economia estivesse superaquecida ou se houvesse pressão inflacionária. No entanto, o cenário é o oposto (hiato do produto negativo e inflação abaixo da meta), sugerindo que o aumento da taxa de juros real neutra não seria apropriado.
Alternativa E:
- Comentário: Reduzir a taxa de juros real neutra implica reconhecer que a economia precisa de um nível mais baixo de juros para se manter em equilíbrio, especialmente em períodos de baixo crescimento ou inflação controlada. Embora essa medida faça sentido em um contexto de economia fraca, o que realmente se discutiria aqui é a taxa de juros de curto prazo, que seria ajustada com base na Regra de Taylor. Mesmo que a redução da taxa de juros real neutra pudesse ser benéfica no longo prazo, a ação de curto prazo mais urgente seria reduzir a taxa básica de juros, o que torna essa alternativa inadequada no contexto da pergunta.
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