Transpondo-se para a voz passiva a construção dada, chega-se...

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Q47432 Português
Os doutores do pessimismo

Não é preciso ser um grande gênio para constatar que vivemos num mundo bárbaro, que o ser humano é capaz das maiores atrocidades, que a vida é feita de competição, inveja, egoísmo e crueldade. Ninguém precisa ter vivido num campo de prisioneiros na Sibéria nem ter sido moleque em região violenta de uma grande cidade para saber disso. Mas virou moda, entre muitos intelectuais e jornalistas, anunciar uma espécie de "visão trágica" do mundo, como se se tratasse da mais surpreendente novidade.
Com certeza há nisso uma reação saudável contra o excesso de otimismo. Nada mais correto do que denunciar o horror. O que me parece estranho é que, mais que denunciar o horror, esses pensadores trágicos e jornalistas sombrios gostam de destruir as esperanças. O reconhecimento do Mal, a percepção de que ninguém é "bonzinho" e de que a realidade é uma coisa dura e feia vão-se transformando em algo próximo do fascínio. E, com diferentes níveis de elaboração e de cortesia pessoal, esses autores tendem a fazer do fascínio uma estratégia de choque.
Quanto mais chocarem o pensamento corrente (que considera ruim bombardear crianças e bom defender a Amazônia, por exemplo) mais ganharão em originalidade, leitura e cartas de protesto. Parece existir uma competição nas páginas dos jornais e na Internet para ver quem conseguirá ser o mais "durão", o mais "realista", o mais desencantado. Será chamado de ingênuo ou nostálgico todo aquele que quiser algo melhor do que o mundo em que vive. Então, aquilo que deveria ser ponto de partida se torna ponto de chegada: o horror e a crueldade fazem parte da paisagem. Melhor assim, quem sabe: "nós, pelo menos, tiramos disso a satisfação de não sermos ingênuos". Você está esperançoso com a vitória de Obama? Ouço um risinho: "que otário". Você quer que se preservem as reservas indígenas da Amazônia? Mais um risinho: os militares brasileiros entendem mais do problema do que você, que pensa ser bonzinho mas é tão malvado como nós. "Pois o ser humano é mau, desgraçado e infeliz desde que foi expulso do Paraíso. Você não sabe disso?"
O que sei é que algumas pessoas foram expulsas do Paraíso para morar numa mansão em Beverly Hills e outras para morar em Darfur (*).

(Adaptado de Marcelo Coelho, Folha de S. Paulo, 21/01/2009)

(*) Beverly Hills = rica cidade da Califórnia; Darfur = região
pobre e conflituosa do Sudão.


Transpondo-se para a voz passiva a construção dada, chega-se à forma verbal indicada entre parênteses em:
Alternativas

Comentários

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a) correta -
Para constatar que vivemos num mundo bárbaro.
É uma reduzida de infinitivo. Desdobrando fica:
Para que se constate que vivemos num mundo bárbaro.
Ao transpor para voz passiva, deve-se manter o verbo ser no mesmo tempo
do verbo principal da voz ativa desdobrada ou não desdobrada.
Constate é presente do subjuntivo do verbo contatar, assim o verbo ser
no mesmo tempo fica: que eu seja. A voz passiva será:
Para que seja constatado que vivemos num mundo bárbaro.
Isso aí, muitos caíram na letra "e".
.
Maaaas, deve haver correlação entre tempos e modos verbais.
.
Dessarte, a letra "e" ficaria da seguinte maneira: "um risinho é ouvido".
Eu mesmo caí neste "pega" da alternativa "e", não me atentei para o tempo verbal. Um risinho é ouvido, e não foi ouvido.
Pq a letra "b" está errada???

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