A respeito de relações de sentido empregadas no texto, numer...

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Q2041116 Português

O primeiro cigarro a gente não esquece


        Diz uma propaganda que o primeiro sutiã a gente não esquece (não esquece quem o veste e não esquece quem o tira). O mesmo pode ser dito, e por razões semelhantes, em relação ao cigarro. É uma experiência em geral precoce – e marcante. Como no caso do sutiã, tem um pouco do delicioso sabor da transgressão.

      Delicioso sabor, disse eu? Disse-o mal. Poucas coisas são tão repugnantes quanto o primeiro cigarro. É uma experiência penosa para dizer o mínimo. Nós nos engasgamos com a fumaça, ficamos tontos, nauseados, às vezes vomitamos as tripas. Ou seja: o nosso organismo não aceita a introdução das substâncias estranhas, e perigosas, que entram na composição do cigarro. Não faça isso, diz nosso organismo, você está correndo riscos.

       Mas nós não escutamos a voz do corpo. Nós perseveramos. Vamos ao segundo cigarro, ao terceiro, ao décimo, ao centésimo. E lá pelas tantas o organismo dá-se por vencido e deixa-se aprisionar. Mais um escravo do tabaco surge.

       [...] O primeiro cigarro é o nosso ingresso no mundo dos adultos, o mundo da pretensa sofisticação. É pois uma vitória da cultura sobre a biologia. Cultura no sentido antropológico, bem-entendido, no sentido de costumes de determinados grupos.

      [...]
      Muitos tratamentos foram bolados para fazer com que as pessoas deixem o tabagismo. Um deles é a terapia da aversão. Consiste em fazer as pessoas fumarem um cigarro atrás do outro a fim de sentirem um mal-estar semelhante àquele induzido pela primeira tragada. Ou seja: trazer de volta a criança que temos dentro de nós, agora mais sábia e alerta. Essa criança garantirá que o primeiro cigarro a gente não esquece. Principalmente se ela for agora um adulto com câncer de pulmão.


(SCLIAR, Moacyr. A face oculta – inusitadas e reveladoras histórias da medicina. Porto Alegre: Artes e ofícios, 2010.)
A respeito de relações de sentido empregadas no texto, numere a coluna da direita de acordo com a da esquerda.
1. Ideia de finalidade 2. Ideia de comparação
( ) Como no caso do sutiã, tem um pouco do delicioso sabor da transgressão.
( ) Poucas coisas são tão repugnantes quanto o primeiro cigarro.
( ) Muitos tratamentos foram bolados para fazer com que as pessoas deixem o tabagismo.
( ) Consiste em fazer as pessoas fumarem um cigarro atrás do outro a fim de sentirem um mal-estar semelhante àquele induzido pela primeira tragada.


Assinale a sequência correta.
Alternativas

Gabarito comentado

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Alternativa Correta: D - 2, 2, 1, 1

Vamos analisar o texto e entender por que essa é a alternativa correta.

Primeiro, é importante entender o que cada número representa:

1. Ideia de finalidade

2. Ideia de comparação

Agora, vamos analisar cada uma das frases do texto:

( ) Como no caso do sutiã, tem um pouco do delicioso sabor da transgressão.

Essa frase estabelece uma comparação entre a experiência de fumar o primeiro cigarro e a experiência de usar o primeiro sutiã. O uso de "como" indica que estamos comparando duas situações. Portanto, essa frase corresponde ao número 2.

( ) Poucas coisas são tão repugnantes quanto o primeiro cigarro.

Nessa frase, a expressão "quanto" também indica uma comparação. A frase está comparando o nível de repugnância do primeiro cigarro com outras coisas. Aqui também temos o número 2.

( ) Muitos tratamentos foram bolados para fazer com que as pessoas deixem o tabagismo.

Essa frase expressa uma finalidade: o propósito dos tratamentos é ajudar as pessoas a deixarem de fumar. Portanto, corresponde ao número 1.

( ) Consiste em fazer as pessoas fumarem um cigarro atrás do outro a fim de sentirem um mal-estar semelhante àquele induzido pela primeira tragada.

Novamente, nesta frase, temos uma finalidade: o objetivo de fazer as pessoas fumarem vários cigarros é induzir um mal-estar. A expressão "a fim de" indica claramente essa finalidade. Portanto, corresponde ao número 1.

Assim, a sequência correta é D - 2, 2, 1, 1.

Vamos agora justificar as alternativas incorretas:

A - 1, 2, 2, 2

Nesta alternativa, o primeiro item é marcado como "finalidade", mas ele é, na verdade, uma comparação. Portanto, está incorreto.

B - 2, 1, 2, 1

A segunda frase é marcada como "finalidade", mas ela é uma comparação. Portanto, está incorreto.

C - 1, 1, 1, 2

A primeira e a segunda frases são marcadas como "finalidade", mas ambas são comparações. Portanto, está incorreto.

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