Observe o emprego das vírgulas dos períodos abaixo: I-...

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Q1082796 Português
A inacreditável esperança do mineiro

“Detesta o que é fácil, desconfia do que surge
de mão beijada. Admira o empenho, o esforço, a
superação, a oração”
 Mesmo quando não acredita mais, mineiro continua
esperançoso. Dentro dele, vem uma inesgotável e
misteriosa crença de êxito após a frustração.
A esperança é apenas a primeira camada da cebola
de muitas esperanças. Ele descasca o choro pelo
brilho dos olhos.
Se alguém diz que não tem chance nenhuma, daí
que ele ficará motivado. Se alguém o adverte de
que é impossível, ele se sente mais confiante. É
alertá-lo que não poderá remediar a situação, ele
junta as suas forças para derrotar os diagnósticos.
Ele realiza muito além do que é pedido. Se Noé
fosse mineiro e Deus solicitasse uma arca, ele faria
uma represa.
Não há como desanimá-lo. Mineiro não desiste. É
o último a apagar a luz e, se precisar, permanece
vivendo no escuro tentando encontrar um jeito de
iluminar as adversidades.
Ele prefere reverter um placar de 4 a 0 a desfrutar
da vantagem de um empate. Traz uma queda pelas
missões inacreditáveis. As conquistas razoáveis
e normais não o interessam. Percebe o sucesso
como fruto de árduo trabalho.
Detesta o que é fácil, desconfia do que surge de
mão beijada. Admira o empenho, o esforço, a
superação, a oração. A vida só tem sentido depois
de feita uma promessa.
Esperança tem outro nome em Minas: é graça
alcançada. Por isso é o Estado dos santos, das
peregrinações, das romarias.
Em suas artérias, correm ave-marias e pai-nossos,
refrões de incentivo, murmúrios de gratidão pelo
porvir.
Já inventei de ser honesto para a minha esposa
mineira e confessar que não contaríamos com
dinheiro para férias, ela pensou que estava
preparando uma surpresa. Não houve jeito de
despregar o riso do alto da fé de seu rosto.
Ela sempre acha que vamos dar um jeito, que vai
acontecer um milagre, que tudo mudará no dia
seguinte.
Mineiro não aceita má notícia. Fica esperando a
boa-nova depois dela.
Não que ele seja santo e não reclame dos
problemas. Sua estratégia é xingar muito a
realidade para amigos e familiares, xingar
até cansar, até não aguentar mais o assunto,
exorcizando a raiva e aliviando a alma. Depois de
desabafar, está disposto a recomeçar. Esgota os
palavrões para ressignificar as atitudes.
Ainda tem que ser preparado um estudo sobre
o seu coração. Entender o que bombeia o seu
entusiasmo de viver, o seu completo ceticismo
contra o ceticismo, a sua vontade de se rebelar
contra as evidências.
A esperança do mineiro é uma louca teimosia, uma
imponderável resiliência. Não se assusta com o
sofrimento, não se imobiliza pela dor.
Ele ensina as montanhas a caminharem e o céu a
se agachar.
Se os obstáculos são imperiosos, é pelo momento,
não será sempre assim, logo diminuirão. Mineiro
tem paciência para esperar. Não se entrega para
os resultados negativos da ansiedade, para as
hipóteses catastróficas do medo.
Não é talvez, nunca é depois, jamais é feito de
exceções.
Não admite que algo é inviável, parte do princípio
de que simplesmente não é a hora certa. Aguarda
o contexto favorável para repetir, dar o bote e
desmerecer as falsas expectativas.
O que o mineiro mais gosta é provar que o destino
estava errado, e assim cumprir o seu próprio
destino.
(Fabrício Carpinejar, Jornal O tempo, 27/10/19. Disponível em: https://www.otempo.com.br/opiniao/fabriciocarpinejar/a-inacreditavel-esperanca-domineiro-1.2254200)

Observe o emprego das vírgulas dos períodos abaixo:

I- “Dentro dele, vem uma inesgotável e misteriosa crença de êxito após a frustração.”

II- “Admira o empenho, o esforço, a superação, a oração.”

Assinale a alternativa que justifica CORRETAMENTE o emprego da vírgula.

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