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Q2015079
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A VIOLÊNCIA INFANTIL
Nos últimos tempos, a violência infantil vem
crescendo de modo alarmante. Muitas razões têm
sido apontadas como causa para um problema tão
grave, entretanto acredita-se que a prática dos
crimes infantis se deva ao modo como se vive nos
dias atuais.
Em primeiro lugar, pode-se constatar que as
crianças passam durante muitas horas assistindo,
pela televisão, a uma programação baseada na
violência. Os desenhos, com personagens utilizando-se de espadas, armas de fogo etc., fazem, todo o
tempo, apologia da força física, da coragem mediante
o uso de uma arma. Os filmes apresentam lutas,
brigas, disputas, homens fortes, como
Schwarzenegger, com armas possantes, destruindo
tudo à sua frente. As novelas, muitas vezes, mostram
o lado negativo do ser humano, através de intrigas,
vícios, maldades, enfim. Na verdade, podem ser
contados nos dedos os programas que não incitem a
criança e o próprio adulto a sair pelas ruas cometendo
desatinos. Podem ser contados nos dedos os
programas que acalmem o telespectador, que
direcionem para as boas ações.
Em segundo lugar, verifica-se que a maioria
das mães não está dentro de casa para educar os
filhos, o que tem sido, aliás, fator determinante para a
sua desestruturação. Com as dificuldades
financeiras por que passa grande parte das famílias,
a mulher precisou sair para trabalhar e ajudar nas
despesas do lar. Sua saída embora positiva por um
lado, por outro foi desastrosa, pois os filhos ficaram a
mercê das empregadas ou até sozinhos em grande
parte dos casos. Isso significa que a educação ficou
por conta de pessoas que não tem condições nem
motivo para educar, ou ainda, por conta deles
próprios. A criança passou a ter liberdade para fazer o
que bem quer; os pais, por seu turno, com sentimento
de culpa por se encontrarem somente à noite com os
filhos, não lhes impõem limites, e tudo fica por isso
mesmo.
Por fim, outro dado que se destaca é a
separação tão frequente dos casais hoje em dia.
Marido e mulher já não estão tendo paciência para
enfrentar os problemas, os desentendimentos, o dia-a-dia complicado que é viver em família; por qualquer
coisa um pouco mais grave estão desfazendo o
compromisso e indo cada um para o seu lado. Com
isso, ficam os filhos normalmente com a mãe e vendo
o pai apenas uma vez por semana. A mãe, como já se
comentou, passa a maior parte do tempo
trabalhando, o que faz com que a convivência seja
mínima. Mais uma vez está a criança sozinha, agora
encontrando somente um dos pais, no final do dia, a atenção, se for o caso.
Em vista de tudo isso, pergunta-se o que pensa
essa criança durante o dia inteiro, como ela encara a
vida, que noção tem de certo e de errado, que
sentimentos tem no coração. A mãe não está em
casa; não pode, portanto, ensiná-la, orientá-la. O pai
só a vê no fim de semana, o que o fará sentir-se
culpado e o impedirá de ministrar qualquer
ensinamento. Sobra-lhe a TV amiga das horas de
solidão, a passar mensagens de violência e mais
violência. Com essa vida, é difícil seguir outro
caminho.
(Lucia Helena Gouvêa, 2004)
O autor faz uso de alguns argumentos para defender
a sua tese. Um dos argumentos utilizados por ele está
transcrito na alternativa: