Mas o faraó a condena: ela permite a mentira, a falsidade. ...

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Q831695 Português

      É comum se discutir que mudanças a internet trouxe para as relações humanas. Como é este mundo pós-pós-moderno, diferente de tudo que antes existiu? Uma imagem ilustra o que uns chamam de perplexidade, uma imagem frequente, hilariante – e banal: cinco ou seis pessoas juntas, mas cada uma mergulhada em seu laptop ou celular. Parecem ser um grupo, só que não o são, cada uma fechada em seu mundo virtual.

      Mas isso é mesmo uma novidade? Porque o distanciamento de quem fisicamente está próximo é um tema antigo na filosofia. Ele remonta pelo menos a Platão, no século V antes de Cristo.

      Em seu diálogo Fedro, o filósofo grego conta que o ministro Tot apresentou ao faraó Tamus uma série de invenções. A escrita, disse Tot, permitiria guardar a memória do passado e transmitir mensagens a distância, superando as barreiras do tempo e do espaço. Mas o faraó a condena: ela permite a mentira, a falsidade. Assim, desde a Antiguidade, se valoriza a presença e se desconfia da ausência, da distância, da representação. Representar é tornar presente o ausente, é fazer que o morto ou o longínquo esteja conosco; o problema é que assim é fácil falsificá-lo. É o que dirá outro filósofo, Rousseau, no século XVIII: quando você fala com alguém na sua frente, os gestos e o olhar enriquecem a comunicação; já um texto escrito pode ser manipulado à vontade.

      Ora, quais invenções aumentam a representação, substituindo a presença, o olho a olho, pela distância, falsidade ou manipulação? Primeiro, a escrita; depois, a imprensa; em nossos dias, a internet. Mas imprensa e internet não nasceram do nada. Cada uma potencializou o que já existia. Cada uma amplia as possibilidades da comunicação a distância. Com isso, cada uma castiga a presença. Essa se torna dispensável, inferior, secundária. O avanço da amizade on-line que, muitas vezes, quando vamos conferir, é falsa (as pessoas são mais feias ou mais pobres do que se disseram), desvaloriza a amizade presencial.

(Renato Janine Ribeiro. O Estado de S. Paulo, J6 aliás, 3 de fevereiro de 2013, com adaptações) 

Mas o faraó a condena: ela permite a mentira, a falsidade.


O segmento introduzido pelos dois-pontos deve ser entendido como

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Gabarito letra d).

 

ANALISANDO A ORAÇÃO

 

Mas o faraó a condena: ela permite a mentira, a falsidade.

 

* Percebe-se que os dois pontos pode ser substituído pela conjunção "pois". A oração fica da seguinte forma:

 

Mas o faraó a condena, pois ela permite a mentira, a falsidade.

 

** Portanto, os dois pontos, nessa oração, está desempenhando a função de uma causa / justificativa.

 

*** É importante notar que essa função dos dois pontos vem sendo bastante cobrada nas provas. Portanto, atenção com essa informação.

 

 

 

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Sempre coloque quando estiver em dúvida causa x consequência:

O fato de (causa)

Fez com quê (consequência)

O fato de ela permitir a mentira , a falsidade (causa) / fez com que o faraó a condenasse (consequência)

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