“Para além de uma rejeição ou negação dos valores de civili...
“Para além de uma rejeição ou negação dos valores de civilização e progresso que se tentava materializar na cidade do Rio de Janeiro, a Revolta da Vacina, na sua dimensão popular, trazia em seu bojo a defesa e a afirmação de uma outra lógica de interpretação do mundo.”
AQUINO e MITTELMAN, Tania. A revolta da vacina. Vacinando contra a varíola e contra o povo. Rio de Janeiro: Ed. Ciência Moderna, 2003.
Entre as crenças que geraram desconfiança e aversão à obrigatoriedade da vacinação imposta pelas autoridades cariocas e que resultaram na Revolta da Vacina, encontramos as tradições culturais das populações negras descendentes dos grupos bantus e iorubás, para quem
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A Revolta da Vacina é um evento histórico que ilustra a tensão entre o intento de modernização e as tradições culturais e crenças populares. Ao analisarmos as razões para a resistência contra a vacinação obrigatória, é crucial entendermos o contexto em que se inseriam as populações negras do Rio de Janeiro, descendentes dos grupos bantus e iorubás.
Alternativa D: A resposta correta é aquela que menciona as epidemias de varíola como um castigo de Omolu, divindade das doenças e da saúde. Segundo essa crença, a doença representava uma forma de purificação, e a vacinação poderia, paradoxalmente, gerar mais epidemias e mortes. Este entendimento estava enraizado em práticas religiosas e interpretativas do mundo, que divergiam significativamente das racionalizações científicas e sanitaristas da época.
Essa rejeição à vacinação reflete a profundidade dos valores culturais e espirituais das comunidades de origem africana, e nos mostra como as políticas de saúde podem enfrentar obstáculos significativos quando não levam em conta o contexto cultural dos povos. A Revolta da Vacina, portanto, não foi apenas uma reação ao ato de vacinar, mas também uma expressão mais ampla de resistência à imposição de uma lógica que não respeitava as interpretações e tradições do mundo dessas populações.
Assim, é vital reconhecer a importância do diálogo e do respeito às diversas lógicas culturais, especialmente em procedimentos que afetam a integridade física e as convicções pessoais, como é o caso das campanhas de vacinação.
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Gab D.
A Revolta da Vacina foi uma rebelião popular contra a vacina anti-varíola, ocorrida no Rio de Janeiro, em novembro de 1904.
Quando o presidente Rodrigues Alves assumiu o governo, em 1902, nas ruas da cidade do Rio de Janeiro acumulavam-se toneladas de lixo.
Desta maneira, o vírus da varíola se espalhava. Proliferavam ratos e mosquitos transmissores de doenças fatais como a peste bubônica e a febre amarela, que matavam milhares de pessoas anualmente.
Decidido a reurbanizar e sanear a cidade, nomeou o engenheiro Pereira Passos para prefeito e o médico Oswaldo Cruz para Diretor da Saúde Pública.
Com isso, iniciou a construção de grandes obras públicas, o alargamento das ruas e avenidas e o combate às doenças.
A reurbanização do Rio de Janeiro, no entanto, sacrificou as camadas mais pobres da cidade, que foram desalojadas, pois tiveram seus casebres e cortiços demolidos.
A população foi obrigada a mudar para longe do trabalho e para os morros, incrementando a construção das favelas.
Como resultado das demolições, os aluguéis subiram de preço deixando a população cada vez mais indignada.
GABARITO: D
"Outro motivo importante para a rejeição à vacina era cultural. O grande contingente de escravos africanos suspeitava da medicina dos brancos e preferia recorrer às práticas tradicionais de seus curandeiros. Segundo as tradições dos negros descendentes dos grupos bantus e iorubás, as epidemias de varíola eram um castigo infligido por Omolu ou Obaluaiê, seu orixá. Consideravam mesmo ser a doença uma espécie de purificação pelos seus pecados. Vacinar-se, então, causaria mais epidemias e mortes. A intervenção médica neste assunto seria um ato dispensável e mesmo ilegítimo, pois apenas aos sacerdotes de Omolu caberia esta tarefa."
FONTE: http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/4204434/4101424/memoria16.pdf
Todas as alternativas poderiam ser consideradas corretas no que tange às crenças populares que geraram aversão à vacina. No entanto, a questão pede especificamente pelas " tradições culturais das populações negras descendentes dos grupos bantus e iorubás". Assim, somente a D se enquadra nessa descrição.
RESUMO PRA VOCÊ ESQUEMATIZAR EM SEU CADERNO :
- REVOLTA DA VACINA
-QUANDO ? (1904)
- ONDE ? RIO DE JANEIRO (Sem saneamento, muitas epidemias- cólera, varíola,febre amarela)
-PRESIDENTE : RODRIGUES ALVES
-MÉDICO OSWALDO CRUZ CRIA VACINA ANTI-VARÍOLA
- VACINA OBRIGATÓRIA
-A POPULAÇÃO SE REVOLTA E ENTRA EM CONFRONTO COM A POLÍCIA, POIS NÃO QUERIAM SER ''VACINADOS''
Não vi em apostila alguma sobre isso.
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