A expressão destacada que expressa o modo da ação verbal se...
Marcelo Gleiser
Volta e meia retorno ao tema da origem de tudo, que inevitavelmente leva a refexões em que as fronteiras entre ciência e religião meio que se misturam. Sabemos que as primeiras narrativas de criação do mundo vêm de textos religiosos, os mitos de criação. O Gênesis, primeiro livro da bíblia, é um exemplo deles, se bem que é importante lembrar que não é o único.
Talvez seja surpreendente, especialmente para as pessoas de fé, que a ciência moderna tenha algo a dizer sobre o assunto. E não há dúvida que o progresso da cosmologia e da astronomia levaram a um conhecimento sem precedentes da história cósmica, que hoje sabemos teve um começo há aproximadamente 13,8 bilhões de anos. Tal como você e eu, o Universo também tem uma data de nascimento.
A questão complica se persistimos com essa analogia: você e eu tivemos pais que nos geraram. Existe uma continuidade nessa história, que podemos traçar até a primeira entidade viva. Lá, nos deparamos com um dilema: como surgiu a primeira entidade viva, se nada vivo havia para gerá-la? Presumivelmente, a vida veio da não vida, a partir de reações químicas entre as moléculas que existiam na Terra primordial. E o Universo? Como surgiu se nada existia antes?
A situação aqui é ainda mais complexa, visto que o Universo inclui tudo o que existe. Como que tudo pode vir do nada? A prerrogativa da ciência é criar explicações sem intervenção divina. No caso da origem cósmica, explicações científcas encontram desafos conceituais enormes.
Isso não signifca que nos resta apenas a opção religiosa como solução da origem cósmica. Signifca que precisamos criar um novo modo de explicação científca para lidar com ela.
Para dar conta da origem do Universo, os modelos que temos hoje combinam os dois pilares da física do século 20, a teoria da relatividade geral de Einstein, que explica a gravidade como produto da curvatura do espaço, e a mecânica quântica, que descreve o comportamento dos átomos. A combinação é inevitável, dado que, nos seus primórdios, o Universo inteiro era pequeno o bastante para ser dominado por efeitos quânticos. Modelos da origem cósmica usam a bizarrice dos efeitos quânticos para explicar o que parece ser inexplicável.
Por exemplo, da mesma forma que um núcleo radioativo decai espontaneamente, o Cosmo por inteiro pode ter surgido duma futuação aleatória de energia, uma bolha de espaço que emergiu do “nada”, que chamamos de vácuo. O interessante é que essa bolha seria uma futuação de energia zero, devido a uma compensação entre a energia positiva da matéria e a negativa da gravidade. Por isso que muitos físicos, como Stephen Hawking e Lawrence Krauss, falam que o Universo veio do “nada”. E declaram que a questão está resolvida. O que é um absurdo. O nada da física é uma entidade bem complexa.
Esse é apenas um modelo, que pressupõe uma série de conceitos e extrapolações para fazer sentido: espaço, tempo, energia, leis naturais. Como tal, está longe de ser uma solução para a questão da origem de tudo. Não me parece que a ciência, tal como é formulada hoje, pode resolver de vez a questão da origem cósmica. Para tal, precisaria descrever suas próprias origens, abranger uma teoria das teorias. O infnito e seu oposto, o nada, são conceitos essenciais; mas é muito fácil nos perdermos nos seus labirintos metafísicos.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2013/12/1385521-sobre-a-origem-de-tudo.shtml.
- Gabarito Comentado (1)
- Aulas (2)
- Comentários (15)
- Estatísticas
- Cadernos
- Criar anotações
- Notificar Erro
Gabarito comentado
Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores
A alternativa correta é a E: “...um núcleo radioativo decai espontaneamente...”.
Vamos agora entender o porquê dessa resposta estar correta e as demais não.
Para resolver essa questão, é necessário compreender o que é um advérbio de modo. Advérbios são palavras que modificam verbos, adjetivos ou outros advérbios, e quando indicam o modo, eles mostram a maneira como uma ação é realizada.
No caso da alternativa E, o advérbio “espontaneamente” expressa claramente o modo de como o núcleo radioativo decai. Ou seja, ele decai de forma espontânea, sem intervenção externa.
Vamos agora analisar as alternativas incorretas:
A - “...inevitavelmente leva a reflexões...”
O advérbio “inevitavelmente” indica algo que não pode ser evitado, ou seja, uma circunstância. Portanto, ele não está mostrando o modo da ação.
B - “...especialmente para as pessoas de fé...”
Aqui o advérbio “especialmente” está especificando um grupo ("pessoas de fé"), indicando uma particularidade, não o modo da ação.
C - “...teve um começo há aproximadamente 13,8 bilhões...”
O advérbio “aproximadamente” indica uma ideia de incerteza sobre a quantidade exata, ou seja, está expressando uma circunstância de tempo.
D - “Presumivelmente, a vida veio da não vida...”
O advérbio “presumivelmente” sugere uma suposição ou hipótese, o que também não indica o modo da ação, mas sim uma ideia de probabilidade.
Portanto, somente a alternativa E é a correta, pois o termo “espontaneamente” expressa o modo da ação verbal.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!
Clique para visualizar este gabarito
Visualize o gabarito desta questão clicando no botão abaixo
Comentários
Veja os comentários dos nossos alunos
Nem entendi o que a questão perguntou !
A questão pede o MODO da ação verbal... resposta E .... um núcleo radioativo decai DE MODO espontâneo... (espontaneamente - advérbio de modo que acompanha o verbo decair )..
A questão quer saber qual das palavras sublinhadas é um ADVÉRBIO de modo.
Advérbio é a palavra que se liga ao verbo para indicar a circunstância em que ocorre a ação. Uma palavra com valor de advérbio também pode ligar-se a outro advérbio ou a um adjetivo.
A questão quer saber qual advérbio ligado ao verbo expressa modo, ou seja a maneira como ele irá sofrer a ação.
[...] um núcleo radioativo decai espontaneamente ( Como um núcleo radioativo irá decair? Espontaneamente).
Clique para visualizar este comentário
Visualize os comentários desta questão clicando no botão abaixo