“Olhares transmitem mundos inteiros, concordo; já os sons ...

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Q676824 Português

                                                                               A linguagem da pele

    Não se pode negar que há algo de poético nos beijos jogados no ar. E uma praticidade imensa nas mensagens virtuais de carinho. Olhares transmitem mundos inteiros, concordo; já os sons (tanto palavras quanto músicas) inventam redes neurais em nossos cérebros, funcionando como verdadeiras portas de acesso à cultura, que nos permitem pertencer ao universo dos humanos. Mas é o toque que inaugura a existência. Desde muito cedo as experiências sensoriais criam laços fundamentais entre o eu e o outro – um vínculo estruturante e fundamental para o desenvolvimento físico e emocional. Traços de lembranças táteis, por vezes perdidos em emaranhados de memórias de um tempo anterior às palavras, tornam-se constituintes de representações.

    Psicólogos e psicanalistas tendem a pensar a linguagem como o primeiro organizador psíquico. No entanto, parece importante levar em conta o fato de que essa aquisição vem sempre alicerçada em experiências sensoriais anteriores – e, sob essa óptica, o toque ganha papel de destaque. São as marcas ancestrais que acenam com a possibilidade de aconchego e intimidade, organização. Uma linguagem sensorial que nos envolve e tinge nossos corpos de impressões. [...]

                  (Gláucia Leal, edição de novembro de 2015 de Mente e Cérebro. Fragmento.)

“Olhares transmitem mundos inteiros, concordo; já os sons (tanto palavras quanto músicas) inventam redes neurais em nossos cérebros, funcionando como verdadeiras portas de acesso à cultura, que nos permitem pertencer ao universo dos humanos. Mas é o toque que inaugura a existência.” (1º§) O primeiro e o segundo períodos do trecho destacado anteriormente estabelecem entre si uma relação de
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