Assinale a alternativa correta quanto ao que se afr...

Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Q419510 Português
                Os legisladores e o Verbo Divino

                                          Cláudio de Moura e Castro

    1.§ Pensemos na seguinte situação. Três pessoas 
estão em uma sala, prontas para devorar uma travessa de 
comida. E eis que chegam mais três. Será preciso deitar 
água no feijão, para dividi-lo entre os comensais. Todos 
comem feijão aguado. Os mesmos três estão ouvindo um 
cantor, quando irrompem mais três na sala. Mas agora é 
diferente, ninguém ouve ou vê menos pela presença dos 
outros. Não há do que privar-se, pois ninguém “come” 
o som e a imagem dos outros. Se continuar a chegar 
gente, acabarão todos se acotovelando e cochichos 
atrapalharão o deleite da música. Mas quantos serão, a 
ponto de reduzir o prazer da cantoria? Obviamente, isso 
dependerá do tamanho da sala, do formato, da acústica, 
do volume da voz e se há amplificação, entre outros 
fatores. Não há um número mágico.
    2.§ Esse experimento abstrato pode ser comparado 
a uma sala de aula. Quando chegam mais alunos, não 
é como o caso do feijão aguado. Pelo contrário, é 
semelhante ao do cantor. Mais gente na sala não prejudica 
o aprendizado. E não é preciso muita imaginação para 
concluir que aulas maiores custam menos, economizando 
recursos, vantagem nada trivial. No primeiro ano de 
Harvard, muitas aulas são em anfiteatros, com todos os 
400 alunos iniciantes. O curso de introdução à economia, 
em Berkeley, tinha 1200. Se essa fórmula fosse tão ruim, 
Harvard não seria a melhor universidade do mundo e 
Berkeley, a melhor pública. As salas do ensino médio 
coreano tinham mais de sessenta alunos. Mesmo assim, 
a Coreia já possuía um excelente sistema educativo. No 
Brasil, temos o exemplo dos cursinhos, operando com 
salas enormes. Para a maioria dos alunos, é o melhor 
ensino que jamais experimentarão.
    3.§ A realidade é ainda mais turva. Pergunte-se 
ao público se prefere ouvir Caetano Veloso em uma 
sala com 100 espectadores ou um cantor menor, em 
uma sala com 35. Pergunte-se aos alunos se preferem 
um grande professor, em uma sala enorme, ou um 
medíocre, em uma salinha de 35 lugares. Em ambos os 
casos, a resposta é a mesma e óbvia. Para os puristas, 
se há muitos alunos, dilui-se a interação deles com o 
professor. É um argumento sério, sempre e quando tal 
interação for praticada. Mas isso é raríssimo, qualquer 
que seja o tamanho da sala. Tais perplexidades atraíram 
muitos estudos, na tentativa de determinar o impacto do 
tamanho da sala de aula sobre o aprendizado. De fato, 
esse é um dos temas mais pesquisados, com medidas 
cuidadosas e grupos de controle. São centenas de 
pesquisas, tantas que não mais se justifica fazer outras. 
E o que nos dizem? Simplesmente, com a única exceção 
constituída pelos alunos pobres dos anos iniciais, não há 
nenhuma associação entre o tamanho da sala e o nível de 
aprendizado. Infere-se que os casos de interação aluno-
professor são raríssimos. Desde que se possa ver e ouvir 
o mestre, pôr ou tirar alunos não afeta o rendimento. 
É leviano negar o que diz a avalanche de pesquisas. 
Entendamos, os resultados descrevem o coletivo das 
escolas.

4.§ Tais análises não avaliam métodos eficazes que requerem poucos alunos. Isso porque sua superioridade não pode ser medida se quem os adota está perdido em um mundão de escolas tradicionais. A própria definição de tamanho de sala vai se esfarelando. Imaginemos um colégio com professores excelentes dando aulas em salas com sessenta estudantes. Depois, grupos de dez alunos se reúnem com professores mais jovens para discutir os assuntos da aula. Além disso, os alunos fazem duas disciplinas a distância, uma delas com um tutor por 500 alunos e outra, totalmente informatizada (relação aluno/professor = infinito). Quantos professores por aluno há nessa escola? Desde que temos Ideb e Enem, o tema é irrelevante. Se o estudante aprendeu, pouco importa como funciona a sala de aula. Pois não é que o nosso Legislativo, com uma pauta atolada de problemas angustiantes, se mete a legislar sobre o número de alunos na sala de aula? Pela proposta em discussão, no ensino médio, não será possível ultrapassar o número mágico de 35. Deve ser uma cifra que, em sua infinita magnificência, Deus revelou aos legisladores, pois de nenhuma pesquisa saiu. 

    
                                  Revista Veja, edição 2.299, p. 28.

Assinale a alternativa correta quanto ao que se afrma a seguir.
Alternativas

Gabarito comentado

Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores

```html

Alternativa correta: B

Tema central da questão: A questão aborda a compreensão das relações lógico-semânticas de certas expressões dentro de um texto. Para resolver essa questão, é necessário ter conhecimento de morfologia, focando especificamente em conjunções e outras expressões que estabelecem diferentes tipos de relações, como comparação, contraste e condição.

Justificativa para a alternativa correta: A alternativa B é correta porque as expressões “Mesmo assim” e “qualquer que seja” introduzem argumentos contrastivos. No contexto do texto, essas expressões são usadas para apresentar ideias que contrastam com os argumentos ou situações anteriores.

Análise das alternativas incorretas:

A - As expressões “desde que” no 3.º e 4.º parágrafos não estabelecem a mesma relação lógico-semântica. No 3.º parágrafo, “desde que” é usado no sentido de condição, enquanto no 4.º parágrafo, tem um sentido de tempo.

C - As palavras “eis”, “mesmos” e “tais” não são pronomes demonstrativos que conferem ênfase. “Eis” é uma partícula de realce, “mesmos” é pronome indefinido, e “tais” é um pronome demonstrativo, mas não necessariamente usado para ênfase.

D - Os adjetivos “leviano” e “irrelevante” não são empregados para menosprezar o ensino brasileiro. Na verdade, são usados no contexto para criticar certas percepções ou argumentos dentro do texto.

E - A expressão “raríssimos” não é um processo derivacional que resulta na forma superlativa absoluta analítica. Ela é, na verdade, uma forma superlativa sintética do adjetivo “raro”.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

```

Clique para visualizar este gabarito

Visualize o gabarito desta questão clicando no botão abaixo

Comentários

Veja os comentários dos nossos alunos

Gabarito: B

mesmo assim a Coreia já possuía um excelente sistema...

mas isso é muito raríssimo, qualquer que seja o tamanho da sala.

 

Honrado de ter acertado esta questão, ainda que tenha gasto uns 6 minutos no processo... 

REVISANDO OS GRAUS SUPERLATIVOS DOS ADJETIVOS


SUPERLATIVO RELATIVO -> Artigo definido + Preposição ( ex: mais...de / dentre, menos...de - esses superlativos são de superioridade ou de inferioridade)


SUPERLATIVO ABSOLUTO

ANALÍTICO -> Palavra intensiva ANTES ou Repetição do adjetivo ou do adverbio ( ex: muito cuidadosa / ela é linda linda / ela é muito muito linda) SINTÉTICO -> Sufixo "ÍSSIMO" + Adjetivo na forma positiva + Supressão da vogal temática (ex: cuidadosíssimo)

ANALÍTICO

LINGÜÍSTICA

m.q. ISOLANTE.

sintético

SÍNTESE

LINGÜÍSTICA

fusão de unidades lexicais independentes numa única unidade

Tipo de questão para te cansar na prova

Clique para visualizar este comentário

Visualize os comentários desta questão clicando no botão abaixo