O vocábulo grifado pode ser substituído, sem alteração do se...
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Ano: 2017
Banca:
IBGP
Órgão:
Prefeitura de Andradas - MG
Provas:
IBGP - 2017 - Prefeitura de Andradas - MG - Enfermeiro
|
IBGP - 2017 - Prefeitura de Andradas - MG - Médico (PSF) |
IBGP - 2017 - Prefeitura de Andradas - MG - Psicólogo |
IBGP - 2017 - Prefeitura de Andradas - MG - Terapeuta Ocupacional |
IBGP - 2017 - Prefeitura de Andradas - MG - Professor Educação Básica ll |
Q1322011
Português
Texto associado
Leia o texto a seguir para responder à questão proposta.
Apropriação cultural é um problema do sistema, não de indivíduos
É necessário se discutir essa questão com seriedade, porém, sem intransigências e desonestidade
Publicado em 05/04/2016 por DJAMILA RIBEIRO
Ultimamente tem se falado muito sobre apropriação cultural nas redes sociais. Textos e mais textos
sobre o tema, discussões, muitas vezes infrutíferas, e esvaziamento de conceitos. Sim, acredito que é
necessário se discutir essa questão com seriedade, porém, sem intransigências e desonestidade. Há
colunistas, por exemplo, escrevendo que apropriação cultural não existe, e, por outro lado, pessoas
colocando a responsabilidade nos indivíduos, ignorando as questões estruturais. Acredito que ambos os
caminhos são equivocados.
Precisamos entender como o sistema funciona. Por exemplo: durante muito tempo, o samba foi
criminalizado, tido como coisa de “preto favelado”, mas, a partir do momento que se percebe a
possibilidade de lucro do samba, a imagem muda. E a imagem mudar significa que se embranquece seus
símbolos e atores para com o objetivo de mercantilização. Para ganhar dinheiro, o capitalista coloca o
branco como a nova cara do samba.
Por que isso é um problema? Porque esvazia de sentido uma cultura com o propósito de
mercantilização ao mesmo tempo em que exclui e invisibiliza quem produz. Essa apropriação cultural
cínica não se transforma em respeito e em direitos na prática do dia a dia. Mulheres negras não passaram a
ser tratadas com dignidade, por exemplo, porque o samba ganhou o status de símbolo nacional. E é
extremamente importante apontar isso: falar sobre apropriação cultural significa apontar uma questão que
envolve um apagamento de quem sempre foi inferiorizado e vê sua cultura ganhando proporções maiores,
mas com outro protagonista. Uma frase do poeta americano B. Easy, compartilhada no Twitter, e bastante
compartilhadas nas redes sociais faz todo o sentido nessa discussão:
“A cultura negra é popular, mas as pessoas negras, não”.
Uma coisa é a troca, o intercâmbio de culturas, o que é muito positivo. Outra coisa é a apropriação.
No nosso país, as culturas foram hierarquizadas, sendo a negra colocada como inferior, exótica. Dentro
desse contexto é possível falar em troca? A troca só é possível quando não existem hierarquias. Enquanto
terreiros são invadidos, há marcas que acham cult colocar modelos brancas representando Iemanjá. Esse
discurso de que a cultura é humana só é válido quando querem apropriá-la. No momento de considerar a
humanidade daqueles que produzem essa cultura, a história é bem diferente. No momento de perceber a
necessidade histórica de ser representado e ter posse de sua história, é ignorado. E esse é ponto nevrálgico
da nossa crítica em relação à apropriação cultural.
Porém, isso não significa culpabilizar os indivíduos que estão inseridos dentro dessa lógica. Não
julgo certo apontar dedos para pessoas brancas que fazem uso da cultura negra por alguns motivos.
Primeiro, muitas dessas pessoas desconhecem a discussão sobre apropriação cultural, segundo, não se pode
responsabilizar somente os sujeitos e, por fim, estamos falando de um problema estrutural.
A crítica deve ser feitas às indústrias que lucram com isso. Achei correta a crítica feita à marca
Farm quando colocou várias modelos brancas usando turbantes e nenhuma negra. A marca estava lucrando
com um símbolo sem dar protagonismo aos sujeitos que os produzem. Agora, criticar uma pessoa somente
por fazer o mesmo, acho energia gasta com o alvo errado.
É necessário, sim, se problematizar essas questões, mas tendo em mente que vivemos numa
sociedade capitalista e nesta, tudo vira mercadoria.
Disponível em: http://azmina.com.br/2016/04/apropriacao-cultural-e-um-problema-do-sistema-nao-de-individuos/.
Acesso em: 05/04/2017. [adaptado].
O vocábulo grifado pode ser substituído, sem alteração do sentido original, pela palavra identificada entre
parênteses, EXCETO em: